Manaus (AM) – Natural de Santarém e atual presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) no Amazonas, o parlamentar Sinésio da Silva Campos, cumpre seu sétimo mandato consecutivo como deputado estadual na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). O parlamentar teve seu primeiro mandato no legislativo estadual em1999 e é professor concursado da rede municipal e estadual de ensino do Amazonas.
Sinésio Campos é o autor da Proposta de Emenda Constitucional n° 07/2020, aprovada pela Aleam, que altera e direciona a Política Energética do Estado e articula propostas que estimulem o mercado do Gás Natural Veicular (GNV), no Amazonas.
Em exclusiva ao Em Tempo, o também presidente da Comissão de Geodiversidade, Recursos Hídricos, Minas, Gás, Energia e Saneamento e do Parlamento Amazônico comentou sobre possíveis indicações do PT à candidatura para prefeito de Manaus e severas críticas a concessionária Amazonas Energia.
Em Tempo – Deputado, a respeito da sua declaração sobre o PT lançar sua própria candidatura para prefeitura de Manaus. Isso já foi amplamente debatido pelo partido? Já existe algum nome a ser escolhido? Na sua opinião, quem seria uma pessoa apta para assumir a presidência no PT?
Sinésio Campos – Hoje o PT faz parte de uma frente política, a qual participou na última eleição e continuará participando juntos, que é o PT, PV e o PCdoB. O nome do candidato escolhido será trabalhado e articulado entre os três partidos, o que eu já me reportei e reafirmo, é que o PT apresentará uma candidatura, agora a escolha dos candidatos nós teremos que discutir internamente como também com a frente.
O que temos é a garantia de que foram partidos os quais tiveram a coragem de estarem juntos nas eleições nacionais, estaduais e agora nós estamos em um momento de pensar um projeto maior. Um projeto com objetivo de eleger o maior número de vereadores, tanto na capital, quanto nos municípios, como também disputar candidaturas majoritárias de prefeito e vice-prefeito.
Em Tempo – Nas últimas semanas, repercutiu uma fala sua polêmica, envolvendo a Venezuela e o consumo de ratos. O senhor se arrepende da fala? Ou acha que ela foi tirada de contexto?
Sinésio Campos – Minha fala foi retirada de contexto, na verdade o que eu coloco é que estamos na linha da extrema pobreza , da miséria, por essa razão que o presidente Lula lançou novamente programas como Minha Casa Minha Vida e o Fome Zero. Nós estamos implementando políticas que possam atender essas demandas, como é o caso também do Bolsa Família, que foi reforçado e se faz necessário para as pessoas de baixa renda.
Eu aproveito o momento para falar inclusive que participei de duas edições do Fórum Social Mundial na cidade de Caraca, na Venezuela e como muitos que iam ao Caribe e também abasteciam seus veículos na Venezuela, frequentava o país. Então, o que nós podemos observar hoje é um país que sofre um embargo econômico e político, principalmente pelo Estados Unidos.
Eu sou vice-presidente do parlamento amazônico, e como vice-presidente identifico que a Amazônia faz fronteira com nove países, por essa razão o presidente Lula, não apenas como pessoa, mas como estadista, está conversando com todos os países presentes, independente se são do direcionamento político da direita ou da esquerda. O que na verdade não podemos fazer é apequenar o debate ou restringir como foi feito, eu estou dizendo que gostaria de ver países como a Venezuela, a Colômbia e o Peru que fazem fronteira com a Amazônia em um vigor econômico e com tranquilidade política.
Hoje alguns países que fazem fronteira como também o Brasil, ainda possuem uma frente política que perdeu a eleição e ainda não saíram do palanque, que inclusive continuam fazendo campanhas contrárias ao atual poder, em muitos dos casos em tons raivosos.
Na verdade o que eu quis deixar esclarecido no debate é que quando um parlamentar falou que na Venezuela eles estão consumindo ratos como alimento, eu quis dizer que os ratos possuem uma doença na urina que é a Leptospirose, a qual contamina os seres humanos os levando a morte, o parlamentar questionou “e se os ratos fossem vacinados? Existem vacinas para os ratos?”. Esta fala foi de pleno desconhecimento.
E quando esta minha fala chegou às redes sociais retiraram a importância do debate que nosso governo pode dar a situações de extrema pobreza e fome que atinge a Venezuela, o Brasil e também Manaus, que atualmente pode se observar a existência de muitos ‘pedintes’ nas ruas em busca de um prato de alimento. A mídia pegou trechos, partes e fragmentos de uma fala minha e retirou de todo o contexto.
Em Tempo – O Ministério Público do Amazonas determinou a retirada da propaganda sobre os medidores aéreos, da Amazonas Energia alegando que a peça publicitária configurou um conteúdo ofensivo. Quais os próximos passos você imagina que o poder público pode tomar me face das atitudes do Amazonas Energia com os consumidores Amazonenses?
Sinésio Campos – A Amazonas Energia é uma empresa fraudulenta, que já foi palco de uma CPI e por esta razão que muitas vezes eu sou relacionado a ‘Fake News’ (Notícias falsas), por me envolver em brigas e confrontos diretos com ‘gente grande’ como essas empresas. Eu acabei brigando, quando fui presidente da CPI contra a Amazonas Energia, uma empresa que cobra alto e que faz seus clientes pagarem a maior tarifa de energia do país e ainda os trata mal, não respeita o código do consumidor e que quis colocar os medidores aéreos sem o diálogo com a população. Eu os intitulei de ‘medidor da vergonha’ e a justiça determinou isso, caso alguém fale algo contra eles, aí entram em cena os seus advogados e alguns meios de comunicação para tentar divulgar ‘Fake News’, como foi o meu caso relacionado aos ratos.
Quando essa empresa afirma que as pessoas que forem contra os medidores aéreos é a favor do crime, você pode perguntar pra qualquer cidadão de Manaus e do Amazonas, quem é a favor da instalação e eu te asseguro que 99% são contrários a instalação dos medidores, então isso quer dizer que todo o povo do Amazonas são criminosos? Isso que eles fazem se chama um discurso vazio, não verdadeiro, então acredito que isso ficou bem claro na propaganda da Amazonas Energia, que chamaram todo mundo que é contra de criminosos e isto o povo do Amazonas não é.
E um detalhe, quando eles falam que os medidores aéreos possuem um selo de verificação do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), você pode observar o mesmo selo em todos os medidores instalados na Amazonas na minha casa, na sua, em todos os medidores normais, então eu questiono por que temos que instalar medidores que o cidadão tem dificuldade de conferir seu consumo?
Em Tempo – Como Presidente da Comissão de Minas e Energia na Assembleia Legislativa, o senhor anunciou sobre o novo empreendimento em Manaus, o projeto das usinas Manaus I e Manaus II. Quais os benefícios que este projeto vai trazer para a população Amazonense?
Sinésio Campos – Eu moro na zona leste de Manaus e esta instalação será na zona leste, ou seja lá também já possui as termelétricas que consomem o diesel, que a longo prazo pode causar câncer de pele por causa da fuligem. Então, começou o projeto da Petrobras, para buscar na Bacia do Urucu, o petróleo e gás que foram encontrados, entretanto o petróleo sempre foi comercializado e o gás é reinjetado no local, por essa razão começaram a utilizar esse minério fóssil como é o petróleo, apesar de o gás ser menos danoso e praticamente não nocivo, mas que não estava sendo aproveitado. Então, esse é o gás que será aproveitado nas termoelétricas com investimentos da Global Empreendimentos em torno de um bilhão e duzentos milhões, gerando mais de um milhão e duzentos mil empregos não vai ter nenhum tipo de prospecção. É o gasoduto que já está vindo de Urucu a Manaus, que será interligado a termoelétrica, onde o gás será transformado em energia.
E com isso, eu identifiquei mais um motivo que me levou a ser o relator da quebra do monopólio do gás, porque só está sendo possível o aproveitamento do gás em energia, como para combustível automotivo e domiciliar por conta da quebra do monopólio do gás. Nós tínhamos gás aqui no Amazonas, mas não podíamos comercializar internamente, apenas com outros estados. Hoje em Silves, nós temos investimentos em torno de mais de cinco bilhões e oitocentos milhões, gerando mais de três mil empregos e lá a prospecção de um poço de petróleo e gás gerando mais de meio milhão de receita de royalties. Essas térmicas novas terão como energia jogada no sistema o gás e não o diesel, isso é extremamente importante para o meio ambiente.
ET – Nesta sexta-feira houve a plenária do Plano Plurianual (PPA) Participativo na Aleam, onde participaram o Secretário-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo e o Ministro da Integração, Waldez Góes. Como a participação da população no processo das elaborações de propostas pode trazer benefícios as políticas públicas?
Sinésio Campos – Pela primeira vez na república estamos abrindo para o governo federal vir dialogar com a população. O que acontece muito nas decisões políticas, são investimentos que o governo federal faz nos estados sem conversar com a população, quando existe um diálogo é apenas com governadores, prefeitos, mas não com a população.
Então, quando os movimentos sociais tanto indígenas, como pescadores, quilombolas, trabalhadores rurais, têm a oportunidade de participar e apresentar propostas é uma forma de ouvir a população.
Eu creio que o Plano Plurianual é o que o governo pensa em fazer em cada estado durante quatro anos, ouvindo a sociedade, eu creio que é um gesto muito positivo do Governo Federal. E eu espero que muitas propostas que foram encaminhadas para serem incluídas no Plano Plurianual se efetivem e que retornem aqui como uma contribuição do povo do Amazonas, com o PPA que está construindo em outros estados.
ET – O senhor foi autor do projeto que cria a frente parlamentar para a criação de mais municípios no Amazonas. Qual a importância da revisão dos limites políticos dos municípios do Amazonas para as regiões do interior?
Sinésio Campos – Primeiro a constituição de 1988, ela retirou o direito das Assembleias Legislativas de legislar a criação de municípios, desmembramentos ou fusão de municípios, imagine que nós temos um estado com um milhão e meio de quilômetros quadrados com problemas críticos que desde 1988 até os dias atuais não se discute novos limites geopolíticos dos municípios.
Então, pode ser observado que existem municípios brasileiros com 25 mil, 10 mil habitantes e aqui no estado nós temos comunidades com 20, 30 mil habitantes que acabam sendo classificados como distritos, por consequência os prefeitos acabam com dificuldade de administração por possuir no mínimo três sedes de municípios para administrar. Outro problema que existe é o desmembramentos de áreas, em muitos casos um município atende comunidades em extremas distâncias da sede do município mãe, o qual acaba sendo atendido por outro município mais próximo, mas que o IBGE no repasse do fundo de participação de estados e municípios passa para o município mãe, tendo somente despesas para os outros municípios, porque eles não podem ser computados.
Por isso, estamos chamando a Câmaras de Vereadores e o IBGE para fazer uma discussão da nova geopolítica do estado do Amazonas, são 61 municípios que serão criados, na verdade existem vários distritos que poderiam ser municípios, como exemplo a Vila Amazônia em Parintins. Estão surgindo várias propostas porquê não se criam municípios se ele não tiver alguns condicionantes, como capacidade econômica ou de população, não se cria município somente para aumentar número de vaga de prefeitos e de vereadores, vai ser toda uma pré-condição que leva essa direção. O fundamental é o debate, discussão com a população chamando inclusive o IBGE para uma nova realidade que o Amazonas vive.
ET – Na Aleam, o senhor está fazendo parte da criação da Associação dos Municípios Mineradores do Amazonas (AMMA). Qual o posicionamento do senhor em relação ao impasse político existente envolvendo a licença para a perfuração da bacia da Foz do Amazonas?
Sinésio Campos – O debate que se trava agora sobre a Foz da Amazônia é um debate nacional, sobre uma exploração que está há quinhentos quilômetros da margem de Macapá, e que o presidente Lula, junto a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva já deixou claro que caso haja qualquer tipo de atividade mineral que possa contaminar o meio ambiente, abrangendo todos seres como peixes até a população não terá o aval dele.
Entretanto, caso não haja nenhum tipo de dano ambiental não haverá problemas, o presidente Lula declarou que está na hora de pensar em alternativas econômicas levando em consideração os nossos recursos naturais e minerais da Amazônia temos que deixar de lado um pouco da hipocrisia, porque a Amazônia possui todas as cores, ela tem um verde que é da nossa floresta, mas também temos o nosso amarelo, que representa nossas riquezas naturais e minerais que deve ser bem cuidada, mas que com sustentabilidade ela possa ser explorada
É um novo pré-sal que a Petrobrás está vislumbrando e pode gerar benefícios, mas também tem que ser levado em consideração essa questão ambiental. Eu vejo que a Petrobras, o Governo Federal e o Ministério do Meio Ambiente vão discutir com profundidade e encontrar um caminho para solucionar essa questão.
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