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Alfabetização

Desigualdade no acesso à educação e queda no analfabetismo no Brasil

Dados foram levantados pela pesquisa Alfabetiza Brasil, conduzida pelo Inep e o Ministério da Educação

Amazonas tem cerca de 150 habitantes sem acesso à educação escolar. Foto: Divulgação

No fim de maio, um levantamento que apontou que 56,4% das crianças terminaram o 2º ano do ensino fundamental em 2021 não alfabetizadas. A quantidade foi maior do que no ano anterior, quando 39,7% dos estudantes concluíram o período sem condições básicas de leitura e escrita. A taxa de analfabetismo no Brasil registrou queda de 0,5 ponto percentual entre 2019 e 2022. É o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada na quarta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o levantamento, 5,6% da população do país com 15 anos ou mais não sabiam ler ou escrever em 2022. São 9,6 milhões de pessoas. A publicação também reúne dados envolvendo outros indicadores como nível de instrução, frequência à escola e abandono escolar. Chamam atenção as assimetrias observadas nos recortes regionais e raciais. A Pnad Contínua começou a ser feita em 2012 com nova metodologia para substituir simultaneamente a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Por meio dela, são elaborados relatórios mensais e trimestrais com informações conjunturais relacionadas à força de trabalho.

O IBGE chama a atenção para os desafios do país e de cada região, visando ao cumprimento do Plano Nacional de Educação (PNE), instituído pela Lei Federal 13.005/2014. Pelas metas estipuladas, as taxas entre pessoas com 15 anos ou mais deveriam ter caído para 6,5% em 2015, o que só foi alcançado pelo Brasil em 2017. Além disso, a erradicação do analfabetismo é almejada para 2024. Assimetrias significativas também chamam a atenção no recorte por cor ou raça. Entre a população branca, a taxa na faixa etária de 15 anos ou mais é de 3,3% e salta para 9,5% considerando 60 anos ou mais. Já entre pretos e pardos, 8,2% das pessoas com 15 anos ou mais não sabem ler e escrever, índice que sobe para 27,2% entre idosos.

Analfabetismo no Amazonas

A taxa de analfabetismo da população com mais de 15 anos no Amazonas ficou em 4,9%, um pouco abaixo da média nacional que foi de 5,6%. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar – Educação 2022 (PNAD-Educação) referente a 2022, quando fechou o quadriênio iniciado em 2019. A população amazonense nessa faixa etária representa mais de três milhões de habitantes, segundo os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2021), que realiza a PNAD-Educação. Com isso, pode-se estimar que os analfabetos amazonenses são quase 150 mil habitantes.  

Conforme o Plano Nacional da Educação para o quadriênio que encerra em 2024, a projeção é para que o Amazonas “zere” a população analfabeta com mais de 15 anos.

Para o professor de Língua Portuguesa, Reginaldo Marques, o desafio do ensino básico nas escolas é algo mais só que o apresentado em sala de aula. 

“A educação básica é ainda deficiente, não pelo professor, mas sim pelas limitações que o professor tem em sala de aula. É algo que parte de casa também. Pais relegam aos filhos muitas vezes o entretenimento vazio. Então é uma simbiose, uma troca, pais e professores. Professor é um facilitador, pais os auxiliares, por isso há o ditado de que a educação vem de casa.  Infelizmente o que contribui muito para a deficiência da educação hoje está nos meios eletrônicos: celulares, videogames. Então é importante que haja um meio de unir as duas coisas, uma forma de unir a tecnologia à educação. Assim, talvez haja um maior interesse dos alunos nos estudos, portanto seria uma forma de aumentar o nível de pessoas alfabetizadas”,

relata o educador.

Acesso à educação

A Pnad Contínua também reúne números que traçam um panorama relacionado com as assimetrias no acesso à educação. No Brasil, a proporção de pessoas de 25 anos ou mais que concluíram o ensino médio manteve trajetória de crescimento e alcançou 53,2% no ano passado. O percentual da população com ensino superior completo saltou de 17,5% em 2019 para 19,2% em 2022. No entanto, nota-se novamente realidades distintas no recorte por cor ou raça: enquanto 60,7% dos brancos com pelo menos 25 anos haviam finalizado o ensino médio, entre os pretos e pardos essa taxa foi de 47%.

País não tem um parâmetro

No Brasil, o monitoramento realizado com estudantes do 2º ano do ensino fundamental, a exemplo do Sistema Nacional de Avaliação Básica (Saeb) – avaliação feita a cada 2 anos no 2º, 5º e 9º anos do ensino fundamental e na 3ª série do ensino médio – não delimita exatamente o que é um estudante alfabetizado.

*Com informações da Agência Brasil e Portal Real Time1

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