Manaus (AM) – A MetSul Meteorologia anunciou, no início desta semana, que uma onda de calor chegaria ao Brasil durante os próximos dias. Segundo o órgão, a condição climática indica valores médios históricos de temperaturas máximas em todas as cinco regiões do país com alto potencial de quebras de recordes para o mês de setembro e talvez até absolutos.
O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu na manhã da segunda-feira (18), um aviso meteorológico especial de nível laranja considerado perigo de onda de calor.
A massa de ar quente irá afetar grande parte dos estados brasileiros, mas a maior preocupação se concentra no Centro-Oeste do país. A região estará junto ao centro da grande cúpula de calor que estará concentrada entre o Paraguai e os estados do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso. Pontos destas áreas podem atingir marcas tão extremas como 43ºC a 45ºC nesta região do centro do domo de calor.
Por conta desta situação, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta vermelho para nove estados. Em situação de ‘’grande perigo’’, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Pará, Goiás, Mato Grosso do Sul e Tocantins, poderão ter temperaturas 5 °C acima da média nos próximos dias.
Apesar da mobilização nacional em torno do aumento da temperatura, o Estado do Amazonas não será atingido pela onda de calor que atinge no país, segundo especialistas.
“De modo geral, a onda de calor não atingirá o Amazonas, pelo contrário, ela pode até ajudar, no sentido de trazer nebulosidade aqui para a região, ocasionando chuvas em formas de pancadas, amenizando o calor nesta semana e no início da outra”,
informou o meteorologista, Leonardo Vergasta.
Desde o mês de agosto, é perceptível o aumento da temperatura em Manaus. No dia 25 de agosto, o Inmet registrou 37,7ºC; já no dia 2 de setembro, a capital amazonense registrou 37,8ºC; e o dia mais quente do ano, até agora, foi no dia 8 de setembro, com 38ºC.
Para explicar o fenômeno, dois fatores estão influenciando diretamente o clima da região amazônica.
“Essas temperaturas ficam elevadas nessa época do ano devido ao nosso período de estiagem. Este período ocorre de junho até o final de outubro e início de novembro, na região norte. É um período que temos a diminuição das chuvas nessa região e consequentemente, você diminui o efeito de nebulosidade. No entanto, este ano, nós estamos sendo influenciados pela atuação do fenômeno El Niño, então, além do período de estiagem, o fenômeno El Niño está intensificando essas temperaturas”,
explicou Vergasta.
Fumaças que prejudicam a saúde
Acentuando ainda mais o calor nas zonas com grande concentração de pessoas, na quarta-feira (20), Manaus amanheceu encoberta por fumaça provenientes de queimadas. A atividade, apesar de tradicional nesta época do ano, foi responsável por dificultar, ainda mais, a situação climática da capital amazonense.
“Estamos em período de estiagem, um período seco, e tradicionalmente quem trabalha com a agricultura, usa desse período para poder melhorar a produção usando fogo para a limpeza de suas áreas. Mais de 70% dos focos de calor identificados são em áreas consolidadas, não são em áreas de floresta”,
salientou o secretário Eduardo Costa Taveira, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), em entrevista ao Em Tempo.
Para controlar as queimadas, o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) realizou uma reunião de alinhamento técnico de estratégias para combater os incêndios nos municípios do interior do estado.
“Atualmente, temos bombeiros atuando em 21 municípios polos do interior do Amazonas. Em determinadas áreas rurais e ribeirinhas existe uma maior dificuldade de acesso logístico das nossas equipes e essa tratativa com os municípios é fundamental nesse momento em que passamos por essas condições climáticas adversas”,
esclareceu o comandante-geral do CBMAM, coronel Orleilso Muniz.
Chuva de granizo
Em contrapartida, no mesmo dia que Manaus amanheceu em meio à fumaça, a capital foi surpreendida por fenômeno incomum na região: a chuva de granizo. O acontecimento foi registrado na manhã do dia 20, por moradores do bairro Tarumã, na Zona Oeste da capital.
Não foi a primeira vez que as pequenas partículas de gelo chegaram até Manaus. Em 2004, cerca de 200 famílias ficaram desabrigadas em consequência da chuva de granizo e de ventos de até 88 km por hora que destruíram moradias populares. Na época, o forte temporal foi provocado por uma instabilidade tropical, que atingiu o sul do Pará e o leste do Amazonas.
Nesta semana, a chuva de granizo foi ocasionada pelo acúmulo de fumaça na área metropolitana.
“A fumaça, no início da manhã, trouxe uma questão ruim para dentro da cidade por conta de problemas respiratórios, problemas de trânsito e também na aviação. No entanto, ela contribuiu para que se formasse nuvens de chuva. A precipitação que ocorreu em alguns pontos da cidade veio acompanhada de água em forma líquida, e também por pequenas partículas de gelo, que são originárias de nuvens Cumulonimbus”
explicou Leonardo.
A chuva forte também causou transtornos aos comerciantes da cidade. A fachada de vidro do Shopping Cidade Leste ficou destruída e o aguaceiro acabou comprometendo o espaço. Assustados com a força da natureza, muitos clientes saíram correndo do local.
O Shopping Cidade Leste se pronunciou por nota e esclareceu que não descarta a possibilidade de que o fato tenha sido causado devido a mudanças bruscas de temperatura, e com isso, quebrou alguns vidros da área externa. No momento, a área estava livre e sem clientes, logo, não houve vítimas.
Em meio a instabilidade do tempo, o geógrafo e ambientalista, Carlos Durigan, afirmou que a atual situação climática que enfrentamos não é considerada parte do aquecimento global, mas sim da ebulição global.
“Previsões de aquecimento médio global têm se adiantado e já tivemos, em 2022, uma temperatura média global de 1,11° Celsius acima da mesma média no período pré-industrial, sendo que as previsões apontam que, ao ultrapassarmos a média global anual de 1,5º, entraríamos em uma fase preocupante de transformações no clima que levam ao surgimento de fortes anomalias climáticas, como é o caso dos extremos que temos observado nos últimos anos”,
finalizou o ambientalista.
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