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Empreendedorismo infantil

Dia das Crianças: Irmãos empreendedores investem em publicidade nas sacolas de pão em Manaus

Criadas pelos empreendedores Ásafe Mota, de 13 anos, e Noah Mota, de 11, “Legado do Pão” é uma empresa focada em publicidade e propaganda

Manaus (AM) – Um relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2022, realizado pelo Sebrae e pela Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe), apontou que 67% dos adultos brasileiros estão envolvidos com empreendedorismo. Em números absolutos, isso representa mais de 93 milhões de brasileiros.

O desejo de ter seu próprio negócio motivou os brasileiros a investirem em pequenos e médios negócios e, cada vez mais, crianças, jovens e adolescentes também estão nutrindo o desejo de possuir o próprio negócio. Mas, para abrir seu empreendimento, é preciso deixar claro que o esforço da criança será para beneficiar seus gostos e gastos, como explica a psicóloga Joyce Queiroz.

“A criança precisa ter em mente que esse trabalho pode não ser o trabalho da sua vida, mas que pode lhe ajudar a ter uma renda para comprar coisas para si mesmo, e não apenas para pagar as contas de casa”,

pontuou.

Um exemplo de sucesso é a empresa “Legado do Pão”. Focado em publicidade e propaganda por meio de sacos de pão, os empreendedores Ásafe Mota, de 13 anos, e Noah Mota, de 11, são os responsáveis por gerenciar a empresa que divulga marcas e negócios por meio da estamparia.

“Eu e o meu irmão estávamos sempre querendo comprar alguns brinquedos, alguma comida na nossa escola, e a gente sempre pedia aos nossos pais. Só que a gente cansou de tanto pedir dinheiro e nós decidimos ter a nossa própria liberdade financeira, foi daí que surgiu a ideia. Falamos com a nossa mamãe e ela já tinha algumas ideias em mente. Escolhemos algumas dessas ideias e nós quisemos botar em prática”,

contou Ásafe.

Com a ideia em mente, era hora de colocar o plano em prática. Contando com o apoio dos pais, os meninos decidiram os próximos passos do negócio em família.

“Pedimos para a nossa mãe para poder fazer a logo, perguntamos da nossa mãe se a gente podia fazer publicidade e propaganda em saco de pão, e ela deixou. Ela quis que a gente fizesse esse trabalho e queria colaborar conosco. Gostamos muito da nossa marca, porque a gente fez junto”, revelou Noah.

Na era da tecnologia, e escolha dos irmãos chama a atenção. Cada vez mais, as redes sociais se tornam a principal ferramenta para divulgar novos negócios, é uma terra ampla para quem deseja tornar sua marca famosa. Indo contra a maré, Ásafe e Noah investem no “Legado do Pão”, pois o marketing de baixo orçamento e alto alcance ainda é eficaz.

“O saco de pão é uma das formas mais viáveis para nós, para nossos estudos, porque investir totalmente na tecnologia, não é sempre que alguém vai ver; diferente do nosso saco de pão, que vai sempre estar na padaria e vai para dentro da casa do cliente”,

ressaltou o adolescente de 13 anos.

Incentivo de casa

Para o negócio ir para frente, o apoio e incentivo dos pais foi essencial. O casal Lúcia e Harrison Mota contam como se prepararam para dar o suporte que os filhos precisaram ao montar o novo negócio.

“Eu e minha esposa nunca tivemos esse incentivo. Minha esposa empreende desde criança, vendia banana na rua, vendia bolacha, fazia vários tipos de coisas, então o empreendedor já estava nela. Eu trabalhava em uma empresa, juntei bastante dinheiro, um dinheiro que pudesse montar alguma coisa. Montamos o nosso negócio e nós vimos os filhos crescendo”,

relembrou Harrison.

Com mais experiência na área, os conselhos dos pais ajudaram Ásafe e Noah a conduzirem o “Legado do Pão”. Segundo Lúcia Mota, antes de criar seu próprio negócio, você precisa conhecer os próprios limites.

“Falo sempre assim, para você dar o melhor, é preciso primeiro aprender. Primeiro você empreende em você. Para você conseguir ajudar o seu filho, ou alguém ao seu redor, você precisa empreender primeiro em você. O negócio começa dentro de casa, é de casa para fora”,

avaliou a mãe.

E para conseguir conciliar o tempo entre as atividades dos pais e dos filhos, é preciso ter muita organização. Durante a manhã, Ásafe e Noah estão na escola, e dependendo da programação dia, os irmãos possuem atividades extracurriculares para cumprir, assim como o gerenciamento de seus negócios.

“Quando acordo, tomo banho e vou para a escola, ficamos até 12h40, é bem difícil porque voltamos com dor de cabeça e fome. Depois almoçamos, temos reunião, a mãe fala para a gente estudar para conseguir um resultado cada vez melhor”, mencionou Noah.

Apesar de empreendedores, os pais deixam bem claro que os filhos são crianças. Assim como qualquer menor de idade, é preciso saber separar o tempo para cada tarefa, para que eles não se sintam sobrecarregados.

“Fazemos questão de estar acompanhando eles, indo para a natação, indo para o futebol e nós temos que saber distinguir os horários. O momento de ser criança, é ser criança; o momento do empreendedorismo é o momento do empreendedorismo; o momento de estudar é o momento de estudar. Conseguimos dividir bem as atividades”,

evidenciou Harrison.

A dinâmica da família também é importante para o sucesso profissional. As crianças possuem um tempo diferente dos pais, em relação às atividades do dia a dia. É preciso adaptar as rotinas ouvindo a opinião dos filhos.

“Essa questão de separar estudo e trabalho vai muito da dinâmica da casa, o tempo que os pais têm para ver o que as crianças fizeram em relação aos seus estudos e em relação ao trabalho que estão investindo. Poderia separar dois a três dias para sentar com a família e conversar sobre lucros, dúvidas, investimentos, mas esse tempo é a criança que decide abrir mão de suas brincadeiras e diversão, para fazer o seu ‘trabalho’, e os pais precisam ajustar o seu tempo a eles”,

explicou a psicóloga Joyce.

Futuro dos pequenos empreendedores

Conquistando cada vez mais espaço no empreendedorismo amazonense, Ásafe e Noah vão amadurecendo com responsabilidade. Orgulhando os pais a cada conquista, Lúcia e Harrison vão se preparando para a independência que os filhos terão daqui a alguns anos.

“Um tem 11 anos e o outro tem 13. Sabemos que é uma fase, sendo um momento, mas eles estão adquirindo disciplina. A questão do futuro deles, a gente deixa muito livre para que eles possam fazer suas escolhas com a maior veracidade, discernimento e sabedoria. É isso que a gente está implementando: responsabilidade com liberdade”,

assegurou a mãe.

Em processo de aceitação, o pai de Ásafe e Noah acredita que está fazendo um bom trabalho dando conselhos e suporte aos filhos.

“Por mim, eu botava eles numa caixinha, como pai, e viveriam comigo para o resto da vida, mas, é a vida que segue, nós criamos os filhos para o mundo. Estamos tentando criar eles da melhor maneira possível, para quando chegar na fase adulta, já saber o que tem que fazer, tomar as decisões corretas, seguir os caminhos de Deus, que a gente sempre prega”,

confessou Harrison.

Servindo de exemplo para outras crianças e adolescentes, os irmãos dão dicas para quem desejam se tornar empreendedores, mesmo sendo jovens.

“Uma dica para quem deseja ter seu próprio negócio é começar a ler o livro ‘Pai rico, pai pobre para jovens’, de Robert T. Kiyosaki. Ele me ajudou muito, ele me incentivou ainda mais a poder criar a minha empresa e claro, conversar com seus pais e ver o que está a seu alcance”,

indicou Ásafe.

Noah, por sua vez, prefere deixar uma frase de inspiração para que mais jovens se sintam motivados a seguirem seus sonhos.

“A minha frase de apoio é ‘Sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho, então sonhe grande’”,

finalizou o empreendedor de 11 anos.

Confira a reportagem completa

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