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Catalogação

Projeto eterniza cinco décadas do Amazonas em mais de 23 mil recortes de jornais

Idealizador procura interessados, sobretudo pessoas interessadas em desenvolver pesquisas, em comprar o acervo com matérias impressas sobre cultura e política nos últimos 50 anos

Manaus (AM) – Em uma jornada por meio do tempo, o projeto “Memórias do Amazonas em Recortes de Jornal” emerge como uma cápsula, revelando as últimas cinco décadas de momentos marcantes que moldaram o Estado, a partir de notícias nos segmentos de política, cultura e povos indígenas. O consultor cultural Roberto Sá Gomes, idealizador do acervo, busca dar visibilidade ao trabalho, que abrange registros de 1967 a 2024.

Antes desse projeto ser iniciado, não havia memória catalogada sobre a cultura do Estado de fácil acesso, de acordo com Roberto. Esse foi o ponto de partida para que ele dedicasse 50 anos de sua vida, registrando o que foi vivido enquanto amazonense nesse período.

“Foi uma iniciativa minha, preocupado com as questões culturais do Estado, já que nós não tínhamos memória da área registrada em local nenhum. Então, procurava em biblioteca e jornais, para poder ter acesso às informações que eu queria, e infelizmente eu nunca encontrava”, explicou.

Além de consultor cultural, Roberto é arte-educador formado pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com pós-graduação em Elaboração de Projetos Culturais e Gestão Cultural pela Fundação Getúlio Vargas. Atualmente, atua como coordenador de cultura da Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) há 21 anos, é integrante da banda Blue Birds e ainda é membro da Academia Amazonense de Música.

Foto: Arquivo pessoal

Durante o processo de catalogação, foram recortados os conteúdos dos jornais impressos tradicionais em circulação no Amazonas que abordavam cultura, política, incluindo as atividades dos parlamentares da Aleam, e com notícias voltadas aos povos originários. Roberto relata que atualmente já existem mais de 23 mil recortes, que estão na guardados em uma média de 250 pastas organizadas em sua residência.

Roberto constrói o acervo com materiais específicos, além de utilizar um procedimento detalhado para melhor preservar o recorte. Para catalogar, é preciso de papel A4 90 miligramas, devido a sua espessura, cola branca e, posteriormente, para evitar a proliferação de fungos, o conteúdo é exposto ao sol.

“Há uma tecnologia para que chegue na formatação do recorte, que passa por um crivo. Eu tenho uma agenda com todos os recortes que saem diariamente, para uma futura pesquisa e, principalmente, para que ponha à disposição a pesquisadores, estudantes e população em geral”, disse.

O acervo armazenado passou a ocupar grande espaço na casa de Roberto e, por isso, ele colocou à disposição para que possa ser comprado, sobretudo, pelo poder público ou por universidades interessadas em desenvolver a pesquisa, seja sobre jornal impresso ou propriamente sobre o conteúdo, e adquirir os recortes jornalísticos com registros das últimas cinco décadas do Amazonas.

Para Roberto, o objetivo é conseguir constituir um Núcleo de Pesquisa para continuar o trabalho independente desenvolvido durante boa parte de sua vida, para assim, haver mais pessoas, entre pesquisadores, estudantes e artistas, que sejam treinadas de maneira que aprendam as técnicas do processo de conservação do material.

“A secagem é algo que só eu tenho o domínio, já que eu estou trabalhando só. Mas hoje, com a minha idade avançada, não tenho capacidade física de fazer os recortes de todos os jornais. Então faço somente das matérias que são da minha esfera e de trabalho”, afirmou.

O processo pretende também utilizar as novas tecnologias como catalisador do processo, de forma que mantenha as edições em jornal impresso. Roberto utiliza como exemplo a maneira em que países como Estados Unidos, Itália e França continuam a lidar com a produção tradicional. “Existem os meios tecnológicos, mas há pessoas que consomem o conteúdo impresso e isso não vai acabar tão cedo. O jornal impresso é um documento que fica para a eternidade”, declarou.

De geração em geração, o acervo possui a iniciativa de divulgar o conteúdo para que sejam eternizados os acontecimentos registrados em jornais, assim como possa servir para desenvolver o conhecimento e propiciar estudos sobre a história do Amazonas.

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