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Data especial

Dia das Mães: Maternidade e empreendedorismo caminham de mãos dadas em Manaus

Confeiteira e esteticista relataram suas experiências de maternidade conciliadas a seus empreendimentos

Foto: Reprodução

Manaus (AM) — Dados do Censo Demográfico de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelaram que as mulheres correspondem a 51,5% da população brasileira, totalizando 104,5 milhões. Entre as atividades do público feminino, além de exercerem um papel profissional, muitas delas ainda precisam separar um tempo para cuidar dos filhos e da casa, tornando-se pessoas multifuncionais. Em especial ao Dia das Mães, sendo celebrado neste domingo (12), o Em Tempo conversou com mulheres empreendedoras, que contaram como é dividir o tempo entre negócio e família.

A confeiteira Gabrielle Cavalcante, por exemplo, é dona do Delícias da Gabi, uma empresa que começou de forma amadora, mas que hoje, é quem sustenta a família da profissional.

“O começo foi por brincadeira, aqui em casa sempre gostamos de fazer as comemorações entre a gente, então eu ficava com os doces que aprendi com minha mãe, porque ela sempre cozinhou muito bem, tinha um paladar apurado. Então amigos foram vendo, provando e gostando, e acabavam perguntando se eu não fazia para vender, ou se poderia fazer para eles, era tão amador que eu não sabia custear, cobrava pelo material, aí um foi passando para o outro, com o incentivo da família, amigos criei uma rede social apenas para os doces @deliciasdagabi_, hoje trabalho nesse ramo de doces gourmet com o Delícias da Gabi faz uns 11 anos”,

contou.

Gabrielle Cavalcante sustenta a família com amor e com a renda conquistada com o trabalho em confeitaria Foto: Gabrielle Cavalcante e filhos/ Arquivo Pessoal

Mãe de três crianças, Gabrielle aproveita o tempo em que os filhos estão na escola para adiantar a produção de doces, mesmo que tenha uma rede de apoio.

“Meu tempo é bem corrido, eu até tento ter uma organização, mas vou ser sincera, não consigo, porque sempre imprevistos acontecem. Mas aproveito o tempo que meus filhos estão estudando e adianto meu dia de produção, como meus doces são por encomenda tenho controle na produção hoje; no início de tudo tive a parceria direta da minha mãe Doro, hoje a maioria da produção é só minha, chegando a entrar pela madrugada depois que as crianças dormem. Peço socorro quando a demanda tá muito alta, vem minha irmã, meu cunhado, o pai dos meus filhos que me ajudam na produção”,

relatou.

Os desafios para mulheres empreendedoras são contínuos e diários. A responsabilidade de tocar um negócio e conseguir dar atenção aos filhos é compartilhado por mulheres que vivem essa realidade, criando uma rede de suporte.

“É um cenário desafiador, tenho amigas que são mães e empreendedoras também que quando trocamos figurinhas, as dificuldades são quase as mesmas, tem amigas que tem rede de apoio, outras não porque estão em estado diferente da família, onde o cônjuge não consegue dividir tarefas, ou não tem ninguém mesmo, filho fica doente, escola, rotina do dia a dia, mas mesmo assim tem que trabalhar, porque final do mês tem as responsabilidades, então é sempre desafiador para nós mulheres que somos mães e tentam empreender de alguma forma, pensando sempre no nosso maior bem que são os filhos”,

afirmou Cavalcante.

Desafios da maternidade

Esteticista Laissa Gomes iniciou no ramo do empreendedorismo após engravidar Foto: Arquivo Pessoal

Compartilhando do mesmo sentimento, a esteticista Laissa Gomes iniciou as atividades ainda na infância, mas só entrou na área da beleza quando engravidou e sentiu o peso da responsabilidade de criar uma nova vida.

“Desde os 11 anos já trabalhava com sobrancelhas, fazia em amigas, vizinhas e familiares. Quando engravidei da minha filha, aos 17 anos, vi a necessidade de trabalhar e, ao mesmo tempo, cuidar dela. Foi quando realmente resolvi empreender na área da beleza. Tenho um estúdio de beleza em casa, e trabalho somente por agendamento. Assim consigo adiar tudo em relação às crianças e a casa, para conseguir trabalhar”,

expôs a empreendedora.

No dia a dia, Laissa enfrenta adversidades em relação ao tempo que separa para ser mãe e ser esteticista. Para ela, o peso de ser uma mãe empreendedora é maior do que qualquer empecilho que possa dificultar sua carreira profissional.

“Muitas dificuldades, a maior delas é ter que decidir entre ser uma ótima profissional ou uma boa mãe. Uma certa vez era final de ano, estava com um bebê novinho, e minha filha doente, com a agenda cheia, precisava escolher entre cuidar deles, ou atender as clientes para trazer sustento para casa. No fim, tudo deu certo. Mas acredito que nem que passe mil anos, o tamanho do peso que uma mulher empreendedora e mãe carrega irá diminuir. A responsabilidade de ter que conciliar duas funções tão importantes é imensa”,

revelou.

Retorno econômico

Foto: Divulgação/AME Divas

E o impacto econômico que as atividades dessas mulheres empreendedoras causam em nosso país é perceptível, como aponta a economista Denise Kassama.

“Hoje, as mulheres representam 46% dos empreendedores iniciais no Brasil. Então a cada 10 negócios novos que abrem, 4,6 são de mulheres. Bastante interessante, mas ainda não é a maioria. A ideia é crescer, ele [o empreendedorismo] é uma alternativa, ajuda a conciliar e ajuda a equilibrar”,

detalhou.

Apesar dos desafios, um novo reforço surgiu para facilitar a vida dessas mulheres que se arriscam no mercado de forma autônoma: o e-commerce.

“É evidente as facilidades e as comodidades que vieram com as melhorias tecnológicas, muita coisa se aprimorou ao longo da pandemia, dentre elas, a gente pode destacar o próprio e-commerce que você pode vender sem sair de casa; a gente sempre tem que lembrar que além de ter que conciliar eventualmente a maternidade à atividade profissional, normalmente também toda atividade doméstica sobe majoritariamente para a mulher”,

relembrou a economista.

Apoio para empreendedoras

Para dar apoio a essas mulheres, existem grupos e associações que incentivam a geração de renda para esses grupos familiares. Aqui em Manaus, a Associação das Mulheres Empreendedoras Divas (AME Divas) é responsável por mudar a vida de mães empreendedoras e incentivar a independência das participantes.

A vice-presidente da Associação AME Divas, Bruna Vitória, contou ao Em Tempo o papel essencial da instituição na vida das mulheres.

“A AME Divas nasceu da necessidade de empoderar mulheres em situação de vulnerabilidade social no Amazonas, incentivando o empreendedorismo como ferramenta de transformação. Reconhecendo o papel fundamental das mães como provedoras do lar e agentes de mudança, nós da AME Divas priorizamos a qualificação de mães amazonenses, equipando-as com habilidades e conhecimentos para iniciar e gerir seus próprios negócios”,

mencionou Bruna.

Na visão da associação, ainda que o mercado seja promissor, não é possível ignorar o atual cenário que as empreendedoras enfrentam.

“O empreendedorismo feminino no Amazonas enfrenta diversos desafios, como: a falta de acesso à educação formal e à capacitação profissional, dificultando o desenvolvimento de habilidades e conhecimentos necessários para o sucesso nos negócios; dificuldades de acesso ao crédito: limitando as possibilidades de investimento e crescimento dos empreendimentos liderados por mulheres; discriminação de gênero, ainda presente em diversos setores da sociedade, criando obstáculos para o reconhecimento e a valorização do potencial das mulheres empreendedoras; e desigualdade de oportunidades: que coloca as mulheres em desvantagem em relação aos homens em diversos aspectos, desde o acesso à educação até a inserção no mercado de trabalho”,

pontuou a vice-presidente.

Mas, ainda assim, a associação continua incentivando o grupo que atende, pois acredita que é possível mudar a vida das mulheres empreendedoras, impulsionando o desenvolvimento social, econômico e a igualdade de gênero no Amazonas.

“O empreendedorismo é um caminho para a mulher conciliar a vida familiar com a renda própria. Através da flexibilidade de horários, autonomia e realização profissional, o negócio pode se tornar um aliado na busca por um equilíbrio entre carreira e família. Para que essa conciliação seja bem-sucedida, nós oferecemos diversos programas e serviços de apoio para auxiliar as mulheres nesse desafio, como oficinas, palestras, workshops, grupos de apoio e networking”,

finalizou.

Futuro no empreendedorismo

De cabeça erguida, tanto Gabrielle quanto Laissa possuem sonhos que desejam alcançar brevemente. Dividindo o tempo entre maternidade e empreendimento, a dupla faz o possível para acompanhar a rotina dos filhos e manter altas expectativas em relação ao trabalho.

“Sou muito sonhadora, eu almejo uma loja, almejo crescer, porque sei que tenho potencial para isso, mas também sei que agora eu não conseguiria, minha caçula ainda é pequena tem só 4 anos, eles estudam apenas pela manhã, então busco na escola, a tarde tem as tarefas, reforço, e tudo sou eu que acompanho; um empreendimento maior demandaria mais tempo, mais ausência. Hoje minha rotina é bem complicada, meu tempo é para os doces e meus filhos apenas. Mas os sonhos estão vivos, as crianças vão crescer e tudo vai se ajeitando”,

completou a confeiteira.

Para Laissa, todo dia é um novo dia para alcançar suas metas. “A cada dia que acordo, acordo disposta a fazer o meu melhor, e conquistar cada pedacinho do meu propósito. Sei que daqui a 2 anos, estarei com uma clínica de estética completa e do jeito que idealizo. E, claro, sendo a melhor mãe que posso ser para meus filhos”,

decretou.

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