São Paulo (SP) – Uma influenciadora digital da Praia Grande (SP), com mais de 10 mil seguidores no Instagram, compartilhou um vídeo em que conta como enganou um motoboy, pagando por um lanche com uma nota falsa de R$ 100. Utilizando um filtro com orelhas de coelho, ela conta que até endereço falso ela utilizou para a entrega.
No vídeo, que acabou se espalhando nas redes sociais, ela se gaba de enganar o entregador e ri muito da situação. Ela confessa a “brincadeira”, que, pela lei brasileira, é considerada crime.
“Gente, nós somos muito ‘olho gordo’. Vocês não sabem o que a gente fez. Nós tínhamos uma nota falsa de R$ 100. Estávamos com a maior fome. Aí, nós falamos: ‘Vamos tentar passar essa nota falsa?’. Aí nós pedimos o lanche, deu R$ 94, sobrou R$ 5”, diz a jovem no vídeo, aproximando o cupom fiscal da câmera do celular e rindo muito. “E deu certo. A nota falsa deu tudo isso de lanche, nem aguento comer tudo”.
Em outro momento do vídeo, a jovem conta como fez para que, caso o motoboy desconfiasse que a nota era falsa, não pudesse procurá-la no endereço de sua residência.
“Aí, gente, detalhe, né: nós não colocamos o endereço aqui de casa. Nós colocamos o endereço ali da esquina, para o motoboy não vir aqui, né? Já pensou se o motoboy me segue?”
Reações negativas
A história do suposto golpe não ficou restrita aos seguidores da influencer. O vídeo acabou sendo assistido por um motoboy da região, que começou a espalhá-lo em outras redes e também em grupos do WhatsApp, gerando uma reação negativa dos internautas, que rechaçaram a atitude da influenciadora.
“Vim aqui deixar essa fulana famosa e mostrar minha indignação porque sou motoboy. Quem me conhece sabe”, afirmou o motoboy que espalhou o vídeo, em um post. “Fico revoltado quando vejo certos tipos por aí. Venho em nome da classe dos motoboys mostrar como tem pessoa com coragem de passar nota falsa pro boy sabendo que o mesmo tem família e o prejuízo vai sair do bolso dele. Assistam ao vídeo e tirem suas próprias conclusões”.
Após a repercussão do caso, a influenciadora trancou sua conta no Instagram. A reportagem tentou entrar em contato com ela, para saber mais detalhes do que aconteceu, mas ela não respondeu às mensagens até a publicação desta reportagem. O motoboy que teria recebido a nota falsa não foi localizado.
Crime passível de multa e prisão
Colocar em circulação, adquirir ou guardar nota falsa é crime, conforme o artigo 289 do Código Penal, e pode acarretar de três a 12 anos de prisão, além de multa. Porém, segundo explicou o advogado criminalista Douglas Goulart, não havendo o registro do crime por parte da vítima e, por consequência, do seu relato, não seria possível haver um desfecho para o caso.
Numa situação hipotética de registro do crime, como a nota ter chegado às mãos dela através de outra pessoa, ou seja, ela não participou ativamente do processo de falsificação, sua pena seria reduzida para detenção de seis meses a dois anos. “A influencer seria o que chamamos de figura privilegiada. É quando a pessoa recebe a nota falsa de boa fé, como se verdadeira fosse, e a restitui na circulação”.
Nesse caso, dificilmente ela responderia a um processo. Porque, nessa punição, cabe uma série de benefícios previstos em lei, como o sursis processual, a transação penal, acordo de não persecução penal. Provavelmente, segundo o advogado, ela aceitaria um desses recursos que seriam oferecidos pelo Ministério Público.
“Porém, para que esse crime seja realmente investigado, é necessário mais do que a palavra dela. Se o motoboy tivesse registrado a queixa, poderia dar as circunstâncias de como recebeu essa nota e entregá-la à polícia. Dessa maneira, a nota seria periciada pela Justiça para que se avalie o potencial lesivo dessa nota. Ou seja, a capacidade dessa falsificação em enganar as pessoas”.
Nos casos da falsificação ser grosseira, em que fica claro que a nota é falsa, o crime seria outro. A atitude da influencer deixaria de ser um crime federal e seguiria para a esfera estadual, como estelionato (artigo 171 do Código Penal). Nesse caso, também dependeria da apresentação e depoimento da vítima. E a pena seria de 1 a 5 anos de detenção.
Segundo a Polícia Civil, não há registro nas delegacias de Praia Grande envolvendo o nome da influenciadora. Porém, segundo a assessoria do órgão, não se descarta a possibilidade da vítima ter feito um registro online, sem citá-la.
*UOL
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