Mais de dois milhões de pessoas no Amazonas vivem em insegurança alimentar. A falta de acesso a uma boa alimentação nutritiva e adequada tem sido uma constante na vida de pais e mães de família. Os dados são da pesquisa “Segurança Alimentar no Brasil”, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2023.
Diante desse cenário, além das iniciativas oferecidas pela Prefeitura de Manaus e governo do Estado, grupos sociais têm se mobilizado para apoiar pessoas em situação de vulnerabilidade, muitas vezes negligenciados e vistos como “invisíveis” pela sociedade.
Jésus Gonçalves

Há 37 anos, a Associação Espírita Beneficente Jésus Gonçalves trabalha em prol da promoção do bem-estar social do ser humano e do fortalecimento espiritual das famílias do bairro Colônia Antônio Aleixo, na Zona Leste de Manaus.
Desde 1987, a instituição mantém um projeto que garante, pelo menos, uma refeição por dia aos mais necessitados. Diariamente, são distribuídos 900 litros de sopa, como explica Fabiana Carioca.
“Iniciou com o intuito de visitar os moradores da comunidade que tinham o diagnóstico de hanseníase e que estavam isolados de suas famílias de origem. Com o passar do tempo e a mudança da realidade da comunidade, passamos a oferecer a alimentação diária, café e almoço para centenas de famílias do bairro”, destacou a vice-presidente da associação.
A fome é uma realidade para muitas famílias amazonenses. O IBGE revelou que, dos 530 mil domicílios do estado que vivem em algum grau de insegurança alimentar, cerca de 113 mil casas estão situadas em uma classificação grave, configurando fome.
Com atividades de terça a domingo, as famílias do Colônia Antônio Aleixo são assistidas socialmente pelos voluntários, que prezam pela solidariedade e empatia ao próximo.
“Oferecemos café e almoço (900 litros de sopa diária) para a comunidade e distribuímos 500 cestas básicas mensalmente. [Atendemos] Cerca de 300 pessoas por dia”, disse Fabiana.
Associação Mudy

Ao conhecer de perto a realidade das ruas de Manaus, o Pastor Carlos Anjos desenvolveu um propósito firme de transformar a vida de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Por meio da Associação Mudy, o representante mantém a distribuição de sopa pelas ruas da capital uma vez por semana.
“Faremos 13 anos [de projeto] agora em 2025. Iniciou pelo fato de que eu (pastor Carlos) saí das ruas há 16 anos, depois de viver 12 lá”, contou o pastor.
Com o apoio de voluntários, a associação atende praças e hospitais da cidade, principalmente àqueles que necessitam de ajuda. O trabalho social é feito em parceria com a Cufa Amazonas.
“Recebemos indicação das pessoas que nos conhecem, que dizem onde há ‘Cracolândia’ ou um fluxo de moradores de rua, e nós vamos lá. Hoje criamos uma rota que é bastante precária: Panair, Praça do Garajão, Praça dos Remédios e Praça da Matriz”, informou Carlos Anjos.
Doações

Para continuar com os projetos, as associações destacam que toda doação é bem-vinda. A Jésus Gonçalves aceita materiais como arroz, feijão, macarrão, ovos, legumes, carne, leite, café, biscoito, entre outros, ou valores pecuniários por meio da chave Pix 22787360/0001-18 (CNPJ).
O trabalho voluntário também é aceito na instituição. “Toda ajuda é sempre muito bem-vinda. Faço um convite a todas as pessoas que se identificam com a causa de servir ao próximo que se juntem a nós nessa grande corrente de amor e solidariedade. Faça o contato pelas redes sociais https://www.instagram.com/jesusgoncalves_oficial?igsh=MWxha3RqcjN5Y3Nmag==.”
Já na Associação Mudy, a contribuição de alimentos pode ser feita na sede da Cufa, localizada na avenida Joaquim Nabuco, 2274, bairro Centro. O Pastor Carlos também se prontifica a buscar doações; basta entrar em contato pelo número (92) 98418-1302.
Prato do Povo e Prato Cheio

Para atender as famílias em vulnerabilidade social, a Prefeitura de Manaus, por meio do Programa Prato do Povo, oferece alimentação gratuita e de qualidade para quem mais precisa. Atualmente, a iniciativa conta com 12 unidades na capital, e faz parte do programa “Manaus sem Fome”, lançado em dezembro de 2023.
“Em 2023 conseguimos servir 330 mil refeições. Já em 2024, com todas as unidades do ‘Prato do Povo’ em funcionamento, conseguimos distribuir mais de 1,8 milhão de refeições. Essas refeições foram possíveis graças a uma emenda do deputado Saullo Vianna, que nos deu a oportunidade de ampliar o serviço do ‘Prato do Povo’. As nossas cozinhas e restaurantes estão sendo reformados, assim como todas as estruturas de assistência social da prefeitura”, afirmou o Prefeito David Almeida durante inauguração da unidade na Feira da Panair.

Já o Governo do Amazonas mantém o programa Prato Cheio, desde 2021. Voltado para famílias em situação de vulnerabilidade, o programa possui 44 unidades espalhadas pela capital e interior.
Segundo a Secretaria de Estado de Assistência Social, o programa é dividido em dois serviços distintos: os restaurantes populares, que funcionam de segunda a sexta-feira, das 11h às 13h, com refeições vendidas pelo valor simbólico de R$ 1; e as cozinhas populares, nas quais a sopa é gratuita e cada pessoa atendida tem direito a 1 litro de alimento, de segunda a sábado, também das 11h às 13h.
Para ter acesso às refeições do Prato Cheio, os usuários devem se cadastrar na unidade que frequentam. Para isso, é necessário comparecer na cozinha ou restaurante com cópias de documentos como RG, CPF, comprovante de residência e Número de Identificação Social (NIS). Aqueles que possuem filhos menores de 17 anos devem levar o RG ou Certidão de Nascimento para que sejam registrados como dependentes.
Com o cadastro efetuado, essas famílias podem almoçar diariamente nos locais. A coordenadora do programa na capital, Myriam Simões, destaca que o cadastro só é válido na unidade em que foi feito, sendo necessária a realização de um novo cadastro caso o usuário almoce em outro local.
As unidades abrem às 8h, momento em que as senhas começam a ser distribuídas e o horário de almoço inicia às 11h. “Basta levar a documentação até a unidade. Nossa equipe está preparada para atender o público a partir das 8h da manhã”, destacou Myriam Simões.
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