Pessoas com deficiência (PCDs) relataram dificuldades para acessar a área reservada no show da cantora Lady Gaga, na noite deste sábado (3), na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. O evento, que deve reunir cerca de 1,6 milhão de pessoas, teve relatos de invasão da área PCD, falta de sinalização e estrutura precária.
Segundo postagens nas redes sociais e relatos à imprensa, a área montada para receber até 160 pessoas — entre PCDs e acompanhantes — foi invadida por pessoas sem deficiência ainda pela manhã. A estrutura também teria cedido, agravando o tumulto.
Espaço PCD foi improvisado e não tinha visibilidade do palco
A jornalista paraplégica Jéssica Paula, que tentou acessar o espaço, afirmou que o local foi improvisado na semana anterior ao show. “Não havia rota de acesso exclusiva, nem controle de entrada. Em uma das áreas, só se vê o telão, não o palco, o que fere a legislação brasileira de inclusão”, disse.
Segundo ela, havia duas áreas com capacidade para 80 pessoas cada (40 PCDs e 40 acompanhantes), mas sem sinalização adequada. “Até a sexta-feira à noite ainda pedíamos que a organização colocasse ao menos uma bandeira para indicar o local”, afirmou.
Cadeirantes ficaram do lado de fora após invasão, diz artista
A artista Gio Gobo, autista e cadeirante, relatou que muitas pessoas com deficiência ficaram do lado de fora da área reservada. “Invadiram sem laudo, zombaram dos PCDs e ocuparam os lugares. Foi um caos”, denunciou.
Ministério Público
Na semana anterior ao evento, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) recomendou à Prefeitura do Rio e à produtora Bonus Track que garantissem acessibilidade plena. A recomendação citava a falta de rotas acessíveis, sinalização, audiodescrição e intérpretes de Libras.
A Riotur informou que havia dois espaços reservados — um no setor A, para 70 pessoas, e outro no setor B, para 80 — com ocupação por ordem de chegada. A organização do evento ainda não se manifestou.
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