O número de mortos na Faixa de Gaza em decorrência da guerra entre Israel e o Hamas ultrapassou 55 mil nesta quarta-feira (11), segundo o Ministério da Saúde do território, controlado pelo grupo palestino.

O órgão não diferencia civis de combatentes, mas informou que mulheres e crianças representam mais da metade das vítimas. Até o fechamento desta reportagem, o governo de Israel não havia comentado o novo balanço.

Segundo o ministério, 55.104 pessoas morreram por bombardeios ou incursões terrestres desde o início do conflito, que já dura 20 meses. Outras 127.394 pessoas ficaram feridas. As autoridades locais acreditam que muitas vítimas ainda estejam sob escombros ou em áreas inacessíveis para socorro médico.

A guerra também forçou o deslocamento de 90% dos mais de 2 milhões de habitantes de Gaza. Algumas cidades importantes, como Rafah, no extremo sul, tornaram-se praticamente desabitadas.

Tiros perto de posto de ajuda humanitária

Na terça-feira (10), disparos mataram 17 palestinos e feriram dezenas perto de um posto de entrega de ajuda humanitária, segundo autoridades de saúde locais. Milhares de pessoas se aproximaram do ponto de distribuição na região central da Faixa de Gaza.

As vítimas foram levadas para os hospitais Al-Awda, no campo de Nuseirat, e Al-Quds, na Cidade de Gaza.

As Forças Armadas de Israel disseram que seus soldados efetuaram “tiros de advertência”, mas “a centenas de metros” do local de distribuição de ajuda e apenas contra “suspeitos que estavam avançando na área de Wadi Gaza e representavam uma ameaça para as tropas”.

Segundo os militares, os números divulgados pelas autoridades locais não condizem com os dados que eles coletaram.

“Os tiros de advertência foram disparados a centenas de metros do local de distribuição de ajuda, antes de seu horário de abertura e em direção aos suspeitos que representavam uma ameaça às tropas”, reiteraram.

Na semana anterior, o Exército israelense havia alertado palestinos para não se aproximarem das rotas que levam às instalações da Fundação Humanitária de Gaza — organização apoiada pelos Estados Unidos, que passou a coordenar a distribuição de alimentos no fim de maio. Segundo as Nações Unidas, o modelo adotado pela fundação “não é imparcial nem neutro”.

Ajuda humanitária é escassa

Moradores da Faixa de Gaza relatam que precisam caminhar por horas para tentar receber alimentos. Por isso, muitos partem ainda de madrugada.

“Fui até lá às 2h da manhã na esperança de conseguir comida. No caminho, vi pessoas voltando de mãos vazias, disseram que os pacotes de ajuda acabaram em cinco minutos, isso é loucura e não é suficiente”, contou Mohammad Abu Amr, de 40 anos, pai de dois filhos.

“Dezenas de milhares de pessoas chegam das áreas centrais e das áreas do norte também, algumas delas caminharam por mais de 20 km, apenas para voltar para casa decepcionadas”, disse ele à agência Reuters por aplicativo de mensagem. Amr afirmou ter ouvido os disparos, mas não presenciou o que aconteceu.

(*) Com informações do g1

Leia mais: ‘É triste saber que o mundo se cala diante do genocídio em Gaza’, diz Lula