Autoridades americanas e europeias alertaram que Israel estaria se preparando para lançar um ataque ao Irã nos próximos dias, conforme revelou reportagem do The Times. A medida elevaria drasticamente as tensões no Oriente Médio, podendo comprometer os esforços diplomáticos liderados pelos Estados Unidos para impedir que Teerã desenvolva armas nucleares.

O alerta surge em meio à decisão do governo americano de retirar diplomatas do Iraque e permitir a saída voluntária de familiares de militares que atuam na região. A ordem do Departamento de Estado não especifica o número de pessoas, mas a Associated Press confirmou que os funcionários não essenciais em Bagdá estão sendo removidos.

Pressão israelense e impasse diplomático

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu teria aumentado a pressão sobre Donald Trump para agir contra o Irã. Apesar de o presidente americano ter rejeitado, meses atrás, um plano israelense de ataque, fontes próximas indicam que o republicano se mostra menos otimista quanto às chances de um novo acordo com Teerã.

A tensão aumentou depois que o líder supremo do Irã rejeitou uma proposta dos EUA que previa redução gradual da capacidade de enriquecimento de urânio. Paralelamente, Trump admitiu estar “menos confiante” sobre as negociações, ainda que uma nova rodada esteja marcada para este domingo, em Omã.

Irã ameaça resposta militar pesada

Em pronunciamento público, o ministro da Defesa do Irã, Aziz Nasirzadeh, afirmou que qualquer ataque levará a uma retaliação direta contra bases dos EUA no Oriente Médio. Segundo ele, “todas as bases inimigas estão ao nosso alcance e serão atacadas sem hesitação”.

Fontes iranianas relataram à Reuters que o país já teria um plano pronto para responder com centenas de mísseis balísticos, atingindo alvos em Israel e, possivelmente, em países aliados.

Capítulo decisivo no programa nuclear iraniano

O alarme internacional coincide com reuniões da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em Viena. EUA, Reino Unido, França e Alemanha apresentaram resolução censurando o Irã por violações ao acordo de 2015. Essa censura pode abrir caminho para o restabelecimento de sanções da ONU.

Desde que Trump retirou os EUA do pacto nuclear em 2018, Teerã ampliou significativamente seu programa. Estimativas indicam que o Irã já possui material para até 10 ogivas nucleares.

Israel vê “janela de oportunidade”

Analistas afirmam que Israel enxerga uma rara oportunidade estratégica: os grupos aliados do Irã — Hezbollah e Hamas — estão enfraquecidos, e parte dos sistemas de defesa aérea iranianos foi comprometida em bombardeios anteriores.

No entanto, especialistas alertam que o Irã já reconstrói sua capacidade defensiva, o que tornaria uma ofensiva israelense mais arriscada. Sem apoio direto dos EUA, o sucesso da operação é incerto.

EUA mantêm presença militar na região

O porta-aviões americano Carl Vinson está há semanas no Mar da Arábia. A embarcação transporta mais de 60 aeronaves, incluindo caças furtivos F-35 de última geração. Segundo a autoridade da Marinha, por ora não há planos de reposicionar o Vinson em resposta à escalada. Os EUA também mantêm dezenas de caças e aviões de ataque estacionados no Oriente Médio. Essas aeronaves foram amplamente utilizadas para defender Israel dos ataques iranianos no ano passado.

Enquanto isso, o general Michael Kurilla, do Comando Central dos EUA, teria apresentado um leque de opções de ataque a Trump. O Irã respondeu com duras críticas, acusando os EUA de “militarismo provocador”.

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