O policial militar da reserva Roberto Carlos de Oliveira, suspeito de envolvimento na morte de Carmen de Oliveira Alves, estudante trans da Unesp, tinha uma relação íntima e financeira com Marcos Yuri Amorim, principal acusado de executar o crime. A informação foi confirmada pelo delegado Miguel Rocha em entrevista ao UOL.
De acordo com o delegado, a relação entre Roberto e Yuri se enquadra no modelo conhecido como “sugar daddy”, em que uma pessoa mais velha sustenta financeiramente a mais jovem. “Essa expressão se encaixa como uma luva. O Roberto tem poder econômico e o Yuri não. Ele [Yuri] fazia bicos e trabalhava como entregador”, afirmou.
Roberto Carlos, que era policial ambiental e está na reserva, possui boa aposentadoria e teria recebido recentemente uma herança de valor não informado. A polícia acredita que o apoio financeiro ao suspeito ia além: Roberto também teria incentivado Yuri a prestar concurso para oficial da PM.
Investigação indica participação direta no crime
A Polícia Civil aponta que Roberto atuou como cúmplice de Yuri na morte de Carmen, assassinada no dia 12 de junho, Dia dos Namorados. O corpo da jovem, até agora, não foi encontrado. Os dois são investigados por feminicídio e ocultação de cadáver.
Segundo o delegado, a motivação do crime estaria ligada à pressão que Carmen fazia para que o relacionamento fosse assumido publicamente. A família de Yuri, conforme apurado, não aceitava o namoro por Carmen ser uma mulher trans, e o relacionamento era mantido em segredo.
Dossiê e possível queima de arquivo
A investigação também levanta a hipótese de que Carmen descobriu práticas ilegais de Yuri e reuniu as informações em um dossiê salvo no notebook. O conteúdo foi apagado no mesmo dia em que ela desapareceu, o que reforça a suspeita de premeditação.
A quebra de sigilo telefônico dos envolvidos foi autorizada pela Justiça, e os dados confirmam que o celular da vítima não deixou a cidade de Ilha Solteira, onde o crime teria ocorrido. A jovem foi vista pela última vez ao sair do campus da Unesp, onde cursava Zootecnia — mesma graduação de Yuri.
Família e Unesp cobram justiça
Ao UOL, o pai da vítima, Gerson, declarou que a família precisa de respostas. “Precisamos do corpo, ou de onde que ela esteja, para a gente ficar em paz”, disse. A Unesp também se manifestou, lamentando o caso e oferecendo solidariedade à família. A universidade repudiou toda forma de violência e disse colaborar com as investigações.
(*) Com informações do Uol
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