Um vídeo registrou o momento em que a onça-pintada resgatada no meio do Rio Negro com mais de 30 estilhaços de chumbinho é solta de volta à natureza após uma megaoperação inédita na Amazônia. O felino passou 40 dias em tratamento e foi reintroduzido em segurança, já monitorado por especialistas.

A soltura ocorreu entre os dias 9 e 10 de novembro, em uma área isolada de floresta na região de Novo Airão. A equipe da Secretaria de Estado de Proteção Animal (Sepet-AM), junto a veterinários, biólogos, pesquisadores e técnicos de imagem, acampou na mata para assegurar que o animal fosse devolvido em plenas condições.

Esse é o primeiro caso registrado de um felino da espécie Panthera onca resgatado, tratado e reintroduzido em seu habitat natural na região. Para a secretária da Sepet-AM, Joana Darc, o sentimento é de dever cumprido, mostrando a responsabilidade do estado na preservação da fauna silvestre.

“A soltura é uma determinação do governador Wilson Lima, para que usássemos todas as forças do governo e dos parceiros até chegarmos a esse momento. Animal silvestre tem que estar na natureza. Somos nós, enquanto sociedade, que ocupamos esses espaços e afugentamos os animais do seu próprio habitat. Agora estamos cumprindo com o nosso dever legal, responsabilidade do Estado, de devolver esse animal à natureza com integridade e saúde”, afirmou.

Preparação e transporte do felino

A ação foi coordenada pela Sepet-AM e envolveu médicos-veterinários, biólogos, pesquisadores e técnicos de imagem, que permaneceram na região de soltura das 13h de domingo até 6h40 da manhã de segunda-feira (10). A equipe precisou acampar na mata para garantir a liberação do animal em plenas condições de segurança, conforme orientação dos profissionais.

O felino foi entregue à natureza após 40 dias de resgate, conforme determinação do biólogo responsável, Nonato Amaral, que acompanhou toda a operação.

Apoio institucional e cooperação

A operação contou com o apoio do Departamento Integrado de Operações Aéreas do Amazonas (Dioa/SSP), responsável pelo transporte aéreo, e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), que disponibilizou embarcações para o deslocamento da equipe e do animal até a área de soltura.

“A onça veio de helicóptero até uma comunidade em Novo Airão e, de lá, foi transportada de barco até o local de soltura, escolhido de forma técnica para que o animal pudesse viver em segurança, distante da população. Esse é o primeiro caso de resgate, reabilitação e devolução da espécie à natureza na Amazônia”, explicou Joana Darc.

Pesquisadores do Laboratório de Internações de Fauna e Floresta (Laiff/Ufam), coordenados pelo professor Dr. Rogério Fonseca, participaram da operação, assim como o médico veterinário Aldenor Lima, vereador de Manaus.

O animal foi sedado por veterinários especializados e transportado em uma caixa feita especialmente para a operação. Após a soltura, retornou de forma segura ao ambiente natural, onde continuará sendo monitorado por especialistas.

Monitoramento pós-soltura

Antes da soltura, a onça-pintada recebeu uma coleira de radiomonitoramento no dia 4 de novembro de 2025, durante exames que confirmaram seu bom estado de saúde. O equipamento foi cedido pelo Instituto Onça-Pintada (IOP), de Goiás, por meio do biólogo Leandro Silveira.

“Colocamos a coleira de monitoramento com GPS, que vai permitir acompanhar, por dois a três anos, os deslocamentos da onça e o território em que ela vai se estabelecer. Isso é muito importante, pois esses dados servirão para a comunidade científica do Amazonas”, destacou Joana.

Histórico do resgate e reabilitação

O animal foi encontrado no Rio Negro enquanto tentava se deslocar de Iranduba (a 27 km de Manaus) para a capital, após ser atingido por disparos de chumbinho. O resgate contou com apoio do Batalhão de Policiamento Ambiental (BPAmb/PM-AM).

Segundo Joana Darc, 36 estilhaços foram encontrados no rosto do felino, que recebeu atendimento veterinário de urgência para sobreviver. Em seguida, foi encaminhado ao antigo zoológico do Tropical Hotel, em Manaus, sob os cuidados do biólogo Nonato Amaral. Durante 40 dias, a onça recebeu acompanhamento constante até estar apta para retornar à natureza.

(*) Com informações da assessoria

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