Presentes nas prateleiras há mais de duas décadas, as versões sem açúcar dos refrigerantes seguem envoltas em dúvidas, desinformações e polêmicas. Embora populares entre quem busca reduzir a ingestão calórica, a ideia de que essas bebidas são completamente inofensivas — e até aliadas do emagrecimento — tem sido cada vez mais contestada por especialistas e pesquisas científicas.

Um estudo apresentado em outubro na Semana Europeia de Gastroenterologia, promovida pela Sociedade Europeia de Endoscopia Gastrointestinal, acendeu um novo sinal de alerta ao associar o consumo de bebidas adoçadas artificialmente, como os refrigerantes zero, a um aumento de 60% no risco de desenvolver gordura no fígado, a chamada esteatose hepática. Segundo a pesquisa, a ingestão desse tipo de produto pode levar a uma disfunção metabólica ao provocar picos de glicose e insulina, comprometendo a saúde do órgão.

Outros riscos associados ao consumo frequente

E o fígado não é o único que pode sofrer. O consumo frequente dessas bebidas vem sendo relacionado a outros possíveis prejuízos ao organismo. Entre os principais problemas está o impacto de adoçantes no comportamento alimentar. Por manterem o paladar condicionado ao sabor doce, podem estimular a chamada “compensação calórica” — a pessoa acaba consumindo mais calorias em outras refeições, dificultando a mudança de hábitos.

“O fato de não conter açúcar e nem calorias não o transforma em uma bebida saudável ou segura”, afirma a nutricionista Fabiana Rasteiro, do Einstein Hospital Israelita.

Ausência de nutrientes e erros comuns

Outro ponto é a ausência de nutrientes: refrigerantes não fornecem vitaminas, minerais ou compostos bioativos presentes em alimentos in natura. A presença deles na rotina pode deslocar o consumo de opções mais nutritivas, prejudicando a qualidade geral da dieta.

Há ainda a crença equivocada de que refrigerante sem açúcar seria equivalente à água. A bebida ultraprocessada contém aditivos como corantes e compostos químicos e não contribui para a hidratação do organismo.

Os efeitos negativos também alcançam a saúde bucal e óssea.
“Por conterem aditivos acidificados e valores mais baixos de pH, o consumo prolongado pode levar ao desgaste dentário e aumentar o risco de cáries”, alerta a nutricionista.

O dano aos ossos pode ocorrer em razão do ácido fosfórico, comum nos refrigerantes à base de cola no Brasil, que afeta a densidade óssea.

Quem deseja melhorar os hábitos deve apostar em reeducação alimentar orientada por profissionais.
“Manter o alto consumo do sabor doce dessas bebidas, mesmo isentas de calorias, vai dificultar a reeducação do paladar e potencialmente manter o consumo de outros doces”, explica Rasteiro. “O sabor doce, sem a chegada da glicose ao organismo, pode levar à busca de energia em outros alimentos, aumentando a procura por mais doces a longo prazo.”

Perigos dos adoçantes

Os adoçantes artificiais presentes nos refrigerantes sem açúcar preservam o sabor doce sem adicionar calorias. Porém, o paladar adocicado pode induzir a liberação de insulina na expectativa da chegada de glicose, o que não ocorre.

“Evidências recentes indicam que esses compostos podem afetar negativamente o metabolismo, alterando a microbiota intestinal e impactando a forma como o corpo gerencia glicose e gordura”, relata a nutricionista do Einstein.

Os efeitos variam conforme o tipo de adoçante e a quantidade ingerida. Em 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o aspartame como “possivelmente carcinogênico para humanos”. Embora considere essas substâncias seguras, a OMS recomenda não ultrapassar o limite de 40 mg/kg de peso por dia.

Alternativas mais saudáveis

Com ou sem açúcar, refrigerantes devem ser evitados. O Guia Alimentar para a População Brasileira não recomenda o consumo. Para reduzir o uso dessas bebidas e reeducar o paladar, é possível apostar em preparos naturais como águas saborizadas, chás gelados e água de coco.

“Primeiramente, devemos lembrar que a água é a melhor opção. Porém, existem diversas bebidas que podem ser consumidas sem gerar prejuízos como os refrigerantes”, orienta Fabiana Rasteiro.

Receitas para substituir refrigerantes

1. Água saborizada de limão e hortelã

Ingredientes:
• 500 ml de água (com gás, se preferir)
• Suco de ½ limão espremido
• Fatias de limão
• Hortelã fresca a gosto
• Gelo

Modo de preparo:
Misture todos os ingredientes e deixe em infusão na geladeira por 10 a 15 minutos.

2. Chá gelado de hibisco e canela

Ingredientes:
• 500 ml de água
• 1 colher de sopa de flores de hibisco
• 1 canela em pau
• Gengibre fresco a gosto

Modo de preparo:
Ferva a água com a canela e o gengibre.
Desligue o fogo, adicione o hibisco e deixe esfriar tampado.
Coe e sirva com gelo.

3. Refresco de maracujá

Ingredientes:
• Polpa de 1 a 2 maracujás
• Água com gás gelada
• Hortelã (opcional)
• Gelo

Modo de preparo:
Misture a polpa com a água com gás, adicione hortelã e gelo.

(*) Com informações da CNN Brasil

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