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Dia do Gari

Dia do Gari: agentes da limpeza pública falam sobre a trajetória profissional em Manaus

O Dia Nacional do Gari, data que homenageia os profissionais indispensáveis para o funcionamento da cidade, é comemorada nesta segunda-feira (16)

Garis da Alegria em ação de conscientização com os estudantes - Foto: arquivo pessoal

Manaus (AM) – Responsáveis pela limpeza urbana, os garis trabalham cotidianamente nas ruas de Manaus, seja na coleta de lixo, na capinação, na varredura ou em outras atividades essenciais para organização da sociedade. E neste dia 16 de maio, segunda-feira, é comemorado o Dia Nacional do Gari, data que homenageia esses profissionais indispensáveis para o funcionamento da cidade.

Uma das trabalhadoras da área, Rosângela Meireles, de 45 anos de idade, atua como gari na capital do Amazonas desde o dia 19 de junho de 2005, no setor de capinação da Secretaria Municipal de Limpeza Pública (Semulsp).

Desde lá, ao longo dos anos, passou por várias áreas de atuação dentro da profissão, como no setor de varrição, pintura de meio fio, ruas e avenidas, e no geoprocessamento – um sistema de ferramentas de monitoramento e planejamento das atividades referentes a limpeza municipal.  

Já em 2014, Rosângela iniciou os trabalhos no departamento de cemitérios da cidade, atividade que exerce até hoje. O primeiro cemitério em que atuou foi no Santo Alberto, no bairro Colônia Antônio Aleixo, na Zona Leste de Manaus, onde trabalhou por cerca de cinco anos.

Rosângela em atuação. Foto: Arquivo pessoal

Em seguida, em março de 2019, exerceu atividades no cemitério São João Batista, localizado na avenida Álvaro Maia, bairro Nossa Senhora das Graças, Zona Centro-Sul de Manaus. Posteriormente, em fevereiro de 2021, começou a trabalhar na gerencia como coordenadora do cemitério Santa Helena, no bairro São Raimundo, Zona Oeste.

Conforme Rosângela, os serviços do cotidiano no cemitério são voltados para a administração e para o atendimento ao público, como a realização de sepulturas, o auxílio na visitação das famílias que visitam os entes queridos sepultados no cemitério, e a localização de sepulturas, além das limpezas gerais.

Hoje, Rosângela é coordenadora do cemitério Santa Helena. Foto: Acervo pessoal

“Quando a família não lembra onde, por ventura, sepultou alguém há anos atrás, a gente localiza junto com a família. A gente cuida também da limpeza dos cemitérios, de capinação, de varrição, e a gente também cuida da parte administrativa do setor no Cemitério Santa Helena”, conta Rosângela.

Dos 17 anos de profissão como gari, os momentos mais desafiadores do trabalho, para Rosângela, foram os que envolveram os cemitérios, principalmente durante os períodos mais críticos da Covid-19.

“Foi uma questão de lidar muito com a perda dos familiares. Hoje já tenho bastante conhecimento da importância que a gente tem, como funcionários, em saber lidar com as situações das famílias. A pandemia, em 2020, 2021 e 2022, foi de momentos muito difíceis que nós dos cemitérios vivemos juntamente com os profissionais da área de saúde. A gente trabalhou quase igual a eles”,

disse Rosângela.

De acordo com Rosângela, os anos na profissão como gari, no cemitério, foram uma grande oportunidade de aprendizado. “No cemitério é o local onde tudo termina. A agente dá mais valor para vida e tomamos a consciência de que precisamos ser mais humanos uns com os outros. É o sentimento de gratidão a Deus pelo ensinamento, porque ele me deu essa oportunidade de aprender esse outro lado”, afirma.

“Varrer com a música”

Já Allan Nascimento, de 43 anos, entrou na profissão em 2003. Antigamente, trabalhava como cozinheiro, mas deixou de lado um antigo trabalho para seguir como gari, pois o salário era melhor. Nos primeiros dois anos, exercia atividades na capinação, porém, após três anos, em 2006, a Prefeitura de Manaus promoveu o projeto “Caça Talento” entre os trabalhadores, e Allan se interessou pela ação.

Assim, compôs uma música que foi apresentada para a comitiva do órgão, com voz e violão, ocasião que mudou sua vida para sempre. “Eu comecei a cantar para a chefia. Eles olharam emocionados, e depois que eu terminei, eles me parabenizaram. A partir daquele momento, eu comecei a acreditar em mim, e eu comecei a minha carreira como cantor”, disse Allan.

Ele foi indicado para a pasta de conscientização, como “cantor gari”, cargo em que atuava como cantor de músicas relacionadas a conscientização ambiental. Em seguida, formou um grupo musical com outros garis que também apresentavam talento musical e artístico. “Nos juntamos em 2006, mas formalizamos o nome do grupo como Os Garis da Alegria apenas em 2007 ”, conta.

Oficialmente, no início, o grupo era formado por cinco integrantes, porém, após dois anos, foram recrutadas mais 20 pessoas. Assim, o que antes era apenas um grupo, acabou sendo divido em mais cinco grupos de cinco ou seis pessoas, pois havia muitas demandas.

Garis da Alegria em ação de conscientização com estudantes. Foto: Arquivo pessoal

Nos últimos dois anos, houve uma pausa nas atividades musicais em razão da pandemia da Covid-19. Porém, conforme Allan, o grupo tem voltado aos poucos ao trabalho. “Nós já começamos os ofícios nas escolas, e com as apresentações em ações ou inaugurações da Prefeitura. Também iniciamos as atividades voltadas à conscientização ambiental”, afirma.

Além de trabalhar como “gari cantor”, Allan passou a fazer faculdade de Gestão Ambiental, curso ofertado pela Prefeitura. Quando não há trabalhos artísticos, o grupo exerce funções na coleta seletiva.

“Hoje, a gente está à disposição em trabalhos voltados para a educação ambiental. Nós utilizamos a música para conscientizar e sensibilizar as pessoas por meio da música. Nós varremos com a música, pois é um incentivo para mostrar as boas práticas do meio ambiente para as crianças, que vão levar informação para a família”, explica Allan.

Allan e Bruno Lima, integrantes do grupo Garis da Alegria. Foto: Arquivo pessoal

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