Manaus (AM) – No terceiro ano da pandemia, o Amazonas apresenta um aumento no número de óbitos por Covid-19 de janeiro para fevereiro. Mesmo com esse salto na quantidade de mortes sendo alarmante, o especialista, epidemiologista da Fiocruz-Amazônia, Jesem Orellana, explica que a subnotificação epistemológica da pandemia na região esconde um número de vítimas e de casos ainda maior.
Durante o mês de janeiro de 2022, o Amazonas registrou 114 óbitos pela Covid-19, conforme os dados do Boletim Epidemiológico da Fundação de Vigilância Sanitária Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP).
Já em fevereiro, nos primeiros dez dias, cerca de 102 pessoas foram vítimas da doença em todo o estado, o que representa 89,4% do número de óbitos que ocorreram no mês inteiro de janeiro, sendo o dia 2 de fevereiro a data em que foi registrado o maior número de mortes em um único dia pelo novo coronavírus desde 28 de maio de 2021.
Conforme o epidemiologista, apesar dos dados indicarem que há um crescimento de óbitos pela Covid-19 entre os meses de janeiro e fevereiro, o problema pode ser ainda mais grave. Isso porque há uma defasagem de dados que pode ser vista ao se comparar os números de óbitos apresentados pelo Ministério da Saúde, por meio do Datasus, e os registrados pela FVS-AM.
Subnotificação
Segundo os dados do Datasus publicados no dia 25 de janeiro de 2022, cerca de 49 mortes foram confirmadas por Covid-19 na capital amazonense, entre os dias 11 e 24 de janeiro. Enquanto que no mesmo dia 25 de janeiro, a FVS contabilizou 36 mortes pela doença.
“Este tipo de erro é recorrente e acaba mascarando a real situação sanitária, pois puxa sistematicamente para baixo os indicadores epidêmicos, dando uma visão distorcida da epidemia ou mostrando-a sempre menos agressiva do que de fato é. Foi assim em 2020 e em 2021 e segue igual em 2022, apesar das trágicas disseminações virais e milhares de mortes evitáveis”, diz o epidemiologista.
A disponibilização de dados atrasados sobre a taxa de mortalidade pela Covid-19 tem por consequência a tomada de decisões ruins e defasadas em relação ao combate contra a pandemia, segundo o epidemiologista Jesem Orellana.
Segundo o epidemiologista, o aumento de óbitos por Covid-19 que inicia no fim de janeiro e prossegue em fevereiro de 2022, além do explosivo número de internados nos hospitais, são resultados da alta disseminação viral no fim de 2021 e nas primeiras semanas de janeiro de 2022. Além disso, ele ressalta que o número de óbitos é um indicador lento sobre o andamento da pandemia.
“Infelizmente, é parte da história natural da Covid-19, primeiro a infecção, depois os primeiros sintomas e eventual agravamento ou morte e, é por isso, que o indicador de mortalidade é considerado como sinal tardio da circulação viral, finaliza.
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