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FESTIVAL DE PARINTINS

Artistas de Parintins dão “formas e cor” ao Festival Folclórico

Penas, sementes, cipós e um conjunto de outros itens naturais viram arte através das mãos hábeis dos artesãos

Parintins (AM) – Mais que um espetáculo, o Festival de Parintins é um conjunto de criatividade, amor e paixão pela arte e pela cultura popular. Palco da rivalidade entre os bois Garantido e Caprichoso, o festival é protagonizado pela criatividade dos artistas com talento e originalidade.

Conhecido por ser um retrato multicolorido da Amazônia, o artesanato parintinense é retrato de uma tradição milenar que remonta aos índios Sapupés, Mundurucus, Paravianas, Uapixanas, Tupinambás e Parintintim. A arte remete a diversidade cultural por meio do material da fauna e da flora amazônica. Penas, sementes, cipós e um conjunto de outros itens naturais viram arte através das mãos hábeis dos artesãos.

“Quem nasce em Parintins já nasce com o dom”, comentou o artista plástico D’angeles Andrade Elias.

Natural da “Ilha Tubinambarana” e atuando na área artística há mais de dez anos, o artista coleciona uma trajetória ao lado de inúmeras personalidades do estado do Amazonas e atualmente trabalha por conta própria. Nas vésperas do Festival de Parintins, D’angeles não poupa palavras ao descrever as expectativas para o evento.

Artista plástico D’angeles Andrade Elias

“Estou nesta empreitada como artista há mais de dez anos e há sete anos tenho um ateliê próprio. Ao longo do tempo vou moldando e me reconstruindo para demonstrar a minha capacidade e a minha própria imaginação. Confecciono adereços em relação às manifestações folclóricas. No que antecede o festival, já ficamos naquela expectativa para a criação em relação aos acessórios”, destacou o artista.

Sobre o processo criativo para o desenvolvimento das peças, o artista plástico ressalta que a produção acontece de acordo com o tema escolhido pelos bois. Neste ano, o Boi Caprichoso vai levar para a arena o tema “Amazônia, nossa luta em poesia”. Já o boi-bumbá Garantido, busca o bicampeonato com o tema “Amazônia do Povo Vermelho”.

“Decidimos junto com a Comissão de Arte. É sempre baseado pelo contexto histórico, traduzidos pela sinopse do tema e pelos croquis estabelecidos de acordo com a noite. São três noites e cada uma representa uma abertura, que vem trazendo o tema como o principal foco. Dessa forma, são conduzidos os elementos para a formação do festival de Parintins”, pontuou.

Artista em produção Foto: Arquivo Pessoal

Imaginação e transformação são os principais lemas do trabalho que o artista desenvolve para os eventos artísticos e folclóricos do Estado. No decorrer do processo criativo para cada peça, D’angeles ressalta que a criação varia conforme inúmeros fatores, sejam esses o conforto, a valorização e a originalidade.

“A minha criação é baseada de acordo com a imaginação. Os artistas, no geral, trabalham de acordo com a percepção. Às vezes estou trabalhando em um cocar e daquele elemento consigo transformá-lo. As inspirações vêm e aparecem sem a gente querer. Trabalhamos sempre com a perfeição e também de conduzir elementos que valorizem mais a peça. Também para que os itens possam ter mais conforto na hora da evolução”, disse.

Foto: Arquivo Pessoal

Recomeço

O Festival de Parintins 2022 volta a ser realizado após dois anos de paralisações por conta da pandemia da Covid-19. Durante o período pandêmico, artistas parintinenses buscaram novas formas de conseguir uma renda em meio às dificuldades e a Associação dos Artistas Plásticos de Parintins (AAPP) foi fundamental para contornar a situação.

O Festival Folclórico é uma das principais atividades econômicas no município e, de acordo com o presidente da AAPP, Rob Barbosa, a Associação atuou nas buscas de novas alternativas para diminuir o impacto dos efeitos da pandemia no trabalho e na renda das famílias dos trabalhadores.

Foto: divulgação/Associação dos Artistas Plásticos de Parintins (AAPP)

“O impacto da pandemia foi devastador, mas a AAPP conseguiu buscar alternativas para amenizar as dificuldades dos seus associados, promovendo atividades virtuais. Este festival de 2022 é um recomeço de vida. Muitas pessoas se foram, mas estamos aqui para tocar para frente o legado por muitos deixados. O festival vai resgatar o poder ativo do povo parintinense, tanto na arte quanto na economia”, disse Rob Barbosa.

A AAPP atua no incentivo das atividades artísticas na comunidade e busca chamar atenção de crianças, jovens e adultos para essas atividades, livrando ou direcionando um caminho que possa se tornar uma pessoa de bem.

Sobre o Festival

O Festival de Parintins acontece durante os dias 24, 25 e 26 de junho, na ilha de Parintins, localizada às margens do rio Amazonas, a 420 quilômetros de Manaus.

A festa cresceu e virou uma superprodução com a construção do “Bumbódromo de Parintins”, uma arena onde acontecem as apresentações. Nas três noites de disputa, o espetáculo chega a atrair mais de 100 mil pessoas além dos milhares de telespectadores acompanhando por todos os meios de comunicação transmitindo o evento simultaneamente. 

O festival surgiu a partir de uma rivalidade iniciada há quase cem anos, quando dois “bois” começaram a representar nas ruas de Parintins o folclore do boi-bumbá. Os bois encenam a lenda da Mãe Catirina, uma mulher que estava grávida e com desejo de comer língua de boi. Para satisfazê-la, seu marido, Pai Francisco, sacrifica o boi favorito do patrão, que ameaça matá-lo.

Quem salva Pai Francisco da morte é o Pajé, que ressuscita o boi antes da tragédia acontecer. Toda a lenda é ambientada no contexto da Amazônia: os povos indígenas, as criaturas e toda a mística do maior bioma do planeta.

O primeiro boi a representar essa história foi o Garantido, fundado em 1913. Nove anos depois, em 1922, apareceu o boi Galante, renomeado como Caprichoso em 1925. O Garantido usa a cor vermelha e o Caprichoso usa o azul. Nos primórdios, a disputa era informal e acontecia no centro da cidade de Parintins.

Com fantasias, músicas e alegorias, a festividade cresceu e virou uma referência turística e cultural da região Norte.

Edição Web: Bruna Oliveira

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