Manaus (AM) – A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) iniciou, nesta segunda-feira (20), uma agenda em Brasília (DF), com parlamentares e o Conselho Nacional de Justiça, em busca de medidas de segurança para a região do Vale do Javari. As entidades reforçam os pedidos de investigação sobre possíveis mandantes dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips.
Uma das propostas que a Univaja vai levar aos deputados federais é a possibilidade de instauração de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na região do Alto Solimões, conforme sugerido pelo procurador-geral Augusto Aras em reunião neste domingo (19).
Segundo o assessor jurídico da Univaja, Eliésio Marubo, as autoridades que investigam o caso afirmaram ao Procurador-Geral, Augusto Aras, em reunião nesse final de semana, que acreditam que a causa do crime foi uma vingança pessoal contra Bruno Pereira.
Na sexta-feira (17), a Polícia Federal já havia afirmado que os suspeitos de envolvimento no desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips agiram “sem mandante nem organização criminosa por trás do delito”.
“Discordamos totalmente dessa ideia. É uma afirmativa totalmente equivocada diante das informações que temos. Então é prematuro afirmar isso, no momento em que que há uma organização criminosa na região. É preciso aprofundar as investigações”,
afirmou Marubo, que também criticou a fala do vice-presidente Hamilton Mourão, que disse nesta segunda que um “comerciante da área” seria um possível mandante do crime.
“Temos que evitar as questões ideológicas que pairam sobre o inquérito. Ideológicas porque estão alinhadas com o pensamento que minimiza a atuação do Bruno na região, como se ele estivesse se aventurando. A atuação dele era a favor do interesse público e impedia a livre atuação do crime. Não foi só um simples rapaz que estava bebendo, ficou com raiva, e quis matar o Bruno”.
Marubo afirmou também que uma das formas de garantir aprofundamento das investigações é o fortalecimento das instituições que já atuam no Vale do Javari, como Ministério Público, Polícia Federal e Funai. No entanto, as equipes no campo estão trabalhando, atualmente, em condições precárias, com pouca estrutura e pessoal.
“Na região, temos pouca atuação policial. A PF não dispõe de todos recursos necessários, e nem a Polícia Civil. Essa estrutura não tem como atender a tudo que a investigação demanda”, diz o assessor jurídico.
Proposta de Garantia da Lei e da Ordem no Vale do Javari
Nesta segunda-feira (20), a Univaja busca uma agenda com a Comissão Externa criada pela Câmara dos Deputados para acompanhar as investigações. Segundo Beto Marubo, outra liderança da Univaja, as tratativas estão sendo feitas com o deputado federal José Ricardo (PT) para que o encontro aconteça às 18h. Amanhã, às 10h, haverá reunião com o CNJ, e os indígenas ainda buscam uma reunião com o Senado, que também instaurou uma Comissão Externa para acompanhamento do caso.
Além de pontos sobre a investigação, a Univaja quer que parlamentares ajudem na formulação de medidas de segurança para a população do Vale do Javari.
“Queremos atuação do estado em decorrência do aumento da violência. Os nossos parentes estão assustados. O que o estado brasileiro vai fazer agora?”,
disse Beto Marubo, que está elaborando um documento com as principais demandas desse tema.
Em uma reunião com a Univaja, neste domingo (19), Augusto Aras sugeriu a instalação, por parte do governo do Amazonas, de uma GLO na região do Alto Solimões, onde fica o Vale do Javari, como forma de garantia da segurança. A associação é a favor da ideia e levará a proposta aos parlamentares.
O caso
Bruno e Dom desapareceram no dia 5 de junho. Três suspeitos já estão presos pelo crime: Amarildo da Costa Oliveira, o ‘Pelado’ – que confessou o crime –, Oseney da Costa Oliveira, o ‘Dos Santos’, e Jeferson da Silva Lima, o ‘Peladinho ou Pelado da Dinha’ – que assumiu ter participado, mas negou que tenha feito disparos. Outros cinco já foram identificados pela polícia e são investigados. Os agentes tentam ainda chegar a outros nomes que teriam ajudado os assassinos a esconderem os corpos.
Após dias de buscas, a polícia conseguiu chegar até os corpos depois que o assassino confesso, conduzido, levou os agentes até o local onde eles foram enterrados, mais de 3 quilômetros adentro da mata. O barco usado por Bruno e Dom, afundado pelos executores após o crime, foi encontrado na noite deste domingo (19) e também passará por perícia.
*Com informações do Jornal O Globo
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