Amambai (MS) – Após indígenas dos povos Guarani Kaiowá retomarem parte do território de Guapoy, no município de Amambai (MS), fazendeiros e policiais militares promoveram um ataque na região que deixou indígenas gravemente feridos.
Segundo relatos de indígenas, a ação ocorreu na madrugada da última sexta-feira (24). Policiais dispararam balas de borracha e teriam deixado pelo menos seis indígenas feridos. Dois deles precisaram ser levados a um hospital em Campo Grande (MS), por causa da gravidade dos ferimentos.
A Aty Guasu divulgou fotos de vítimas desacordadas e sangrando. Houve relatos de dois mortos, mas a informação não foi confirmada. Três policiais teriam ficado feridos, de acordo com a imprensa local.
Pelas redes sociais, a Aty Guasu escreveu que os policiais não apresentaram ordem judicial de reintegração de posse e, por isso, consideram a ação ilegal. A organização também relatou que policiais teriam tentado impedir o atendimento de dois feridos em um hospital em Amambai (MS). Em nota, a entidade indígena pediu que “o direito à vida seja respeitado e que a demarcação [da terra indígena] seja realizada”.
Medo de um novo massacre
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), órgão ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), diz ter medo de que o conflito “evolua rapidamente” para um novo massacre contra os Guarani Kaiowá, como o de Caarapó (MS), em 2016. Na época, fazendeiros reagiram após indígenas retomarem a Fazenda Yvu. Cerca de 100 homens armados invadiram o território, mataram um indígena e feriram pelo menos outros seis.
“O Cimi pede, com urgência, o envolvimento de órgãos federais, bem como do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), a fim de controlar a situação e investigar os episódios”
, escreveu a entidade indigenista. A Polícia Federal (PF) afirmou que mandaria efetivo para o local.
O Cimi aponta que a Terra Indígena (TI) Amambaí é a segunda mais populosa do Mato Grosso do Sul, com 10 mil indígenas. O território Guapoy, retomado na tarde de ontem (23), é considerado pelos Guarani Kaiowá uma terra ancestral que foi deixada de fora da demarcação da TI. Em uma publicação nas redes sociais, a Aty Guasu escreveu que o território foi “invadido e roubado pelos fazendeiros”.
Na região marcada pela violência, a tensão aumentou após o assassinato de um indígena guarani de 18 anos no dia 21 de maio. Segundo o Cimi, Alex Lopes foi morto quando foi coletar lenha nos limites da TI Taquaperi, onde morava.
Ele teria sido atingido por cinco tiros e teve o corpo levado para o outro lado da fronteira com o Paraguai, que fica a cerca de 10 quilômetros do local da morte. Até agora ninguém foi preso e o caso segue sem solução.
*Com informações do Brasil de Fato
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