Lauro de Freitas (BA) – As atividades de uma escola municipal da cidade de Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador, foram suspensas na segunda-feira (26), após um suposto caso de intolerância religiosa.
A situação chamou atenção da comunidade escolar quando duas adolescentes candomblecistas foram expostas pelos colegas e funcionários; e – segundo a familiares – proibidas de acessar à Escola Municipal Dois de Julho, no bairro de Itinga.
De acordo com informações do pai das jovens, em entrevista à TV Aratu, ele foi acionado pela direção da instituição sob o motivo de que uma das filhas não estava se sentindo bem na sexta-feira (22).
Ao chegar a unidade, ele se deparou com as jovens no corredor e alunos chorando e se jogando ao chão.
“Quando eu cheguei na escola, vários alunos estavam chorando, se jogando no chão; e minhas filhas estavam no corredor. Me disseram que elas foram para o banheiro, mas, quando eu cheguei ao banheiro, tinham vários funcionários orando. No corredor, tinham várias mães, vários alunos apontando para as minhas filhas, dizendo que elas estavam com o demônio”, explicou ele.
Sem entender ao certo o que tinha ocorrido, o diretor da unidade o convocou e explicou que ele e as filhas não poderia retornar para o colégio por conta de ameaças.
“Ele me informou que eu tinha que procurar outra escola para colocar minhas filhas, por que aqui, nessa escola, elas estão sofrendo ameaças”, pontuou o pai.
Familiares de outros alunos explicaram que receberam informações de que as garotas tinham realizado, no banheiro, um rito religioso, intitulado como “seita demoníaca”.
E que essa situação tinha atingido outros estudantes. Os familiares das adolescentes negam o ocorrido.
“Não vi nenhum tipo de seita. Aqui na escola, não teve nenhuma ritualística de Candomblé. O que teve foram alunos dizendo que estavam com espírito entre eles mesmos”, disse.
Ao site Metro1, o professor da escola confirmou a versão do pai das meninas.
“Eu estava lá na sexta-feira e não foi nada daquilo que estão falando, confundiram muita coisa, houve muita distorção. Tivemos aula normal e uma das alunas da escola é seguidora de uma religiao de matriz africana, passou por um ritual de iniciação e ela manifestou isso na aula. Como a gente trabalha com um público de 10 a 18 anos, alguns alunos mais novos não compreenderam aquilo e se assustaram”, conta.
O que diz à Prefeitura
O iBahia entrou em contato com a Prefeitura de Lauro de Freitas e em nota, através da a Secretaria Municipal de Educação de Lauro de Freitas (SEMED), foi informado que uma sindicância foi instituída para apurar e ouvir estudantes, pais e profissionais da escola Escola Municipal 2 de Julho sobre o ocorrido.
A SEMED disse ainda que as aulas só foram suspensas na segunda (25). Nesta terça (26), as atividades já tinham sido retomadas, com a presença “da guarda, que deve ficar até sexta, e também com acolhimento de profissionais da Semed”
Na sexta-feira (22), dia do incidente, os estudantes que não se sentiram bem foram encaminhados para a emergência da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itinga, que fica ao lado da escola, e logo após o atendimento médico foram liberados, finalizou o comunicado.
Vale ainda pontuar que as estudantes estudam pelo turno vespertino e a Prefeitura ainda não sabe se as adolescentes irão à instituição ou não.
*Com informações do iBahia
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