Manaus (AM) – A população em situação de rua, na maioria dos casos, enfrentou o desemprego, o abandono familiar ou a dependência química. No Brasil, o número de pessoas nessa situação cresceu cerca de 16% somente entre os meses de dezembro de 2021 e maio deste ano.
Os dados são do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, plataforma do Programa Transdisciplinar Polos de Cidadania da Universidade Federal de Minas Gerais (POLOS-UFMG). Em dezembro de 2021, segundo cadastros no CadÚnico, eram 158.191 pessoas vivendo nas ruas do Brasil. Em maio deste ano, o número saltou para 184.638.
Com o objetivo de doar alimento, amor e dar assistência à população em situação de rua de Manaus, o grupo de ações sociais sem fins lucrativos “Mudadores de Rua” existe desde 2015, ajudando pessoas em situação de rua, comunidades e instituições carentes com ações de entrega de alimentos, roupas e higiene.
O grupo, que não possui vínculo com igrejas, políticos ou empresas, é formado por pessoas que seguem um único chamado: ajudar outras pessoas.
Iniciativa entre amigos
Fundado pelos amigos Magno Corrêa e Mariana Mendes, a iniciativa surgiu a partir de uma ação de entrega de cachorros-quentes pela cidade de Manaus. De entrega em entrega, as ações começaram a reunir mais pessoas e o grupo cresceu.
“Eu e uma grande amiga, Mariana Mendes, decidimos fazer uma ação de entrega de cachorro-quente (uns 60, se não me falha a memória), e na primeira ação já tínhamos o nome, que surge a partir de uma ambiguidade: pode ser ‘mudadores’ de mudar a vida de alguém e também por sempre mudarmos de lugar”,
destacou o diretor Magno.
O grupo, que começou com duas pessoas, hoje conta com 800 voluntários que se reúnem uma vez por mês e chegam a distribuir entre 800 e 1000 alimentos por ação. Em datas comemorativas, como o Dia das Crianças, o “Mudadores de Rua” já conseguiu beneficiar cerca de 5 mil pessoas em apenas um mês.
“Fazemos as ações uma vez no mês. Entregamos cachorro-quente, sopa, macarronada, brinquedos, roupas ou panetone. Temos um cronograma anual e a escolha de qual ação será realizada depende de qual o mês e se ele tiver alguma data comemorativa, como em outubro que é comemorado o Dia das Crianças, ou em dezembro, mês do Natal e por aí vai”, pontuou.
Devido à grande quantidade, os voluntários são divididos em subgrupos que circulam por todas as zonas da capital amazonense.
“Cada grupo vai para uma localidade, são seis subgrupos por ação. Já até perdi a conta de locais, mas eles variam bastante e são espalhados por todas as áreas de Manaus, principalmente no Centro, mas não focado apenas lá. Realmente levamos a sério a ambiguidade do nome ‘mudadores’, sempre estamos por aí sem um lugar fixo, mas sempre ajudando o próximo”.
Sentimento de ajuda
Para o diretor do projeto, a melhor parte de trabalhar prestando esses serviços é ver a gratificação nos solhos de cada uma das pessoas que são beneficiadas com as ações dos “Mudadores de Rua”. Magno conta ainda que o grupo sempre é bem recebido pela população e ressalta que não há recompensa maior que mudar a vida de quem precisa.
“Elas sempre são muito gratas. É uma troca de energia e amor. Você disponibilizar seu tempo e cuidado com alguém que você nunca viu e elas sorrirem, te abraçarem, chorarem de emoção, já vale a pena toda a correria que é realizar uma ação social”,
disse.
Durante a pandemia não foi diferente. Mesmo com as dificuldades em decorrência da Covid-19, o grupo social foi para as ruas no momento em que consideram como de unir esforços e se solidarizar para dar assistência a quem mais precisa. Os obstáculos no acesso à alimentação, higiene e direitos são apenas algumas dificuldades que a população em situação de rua enfrenta diariamente. Durante a pandemia, esse grupo aumentou.
“Eu nem digo dificuldade, foi mais se preservar mesmo. Foi durante o ponto alto da pandemia que não podíamos expor os voluntários. Então eu e alguns continuamos indo para as ruas, o projeto sempre muito ativo. É muito ruim ver alguém com fome, sem teto, sem esperança, mas, com certeza, o ponto alto da pandemia foi um dos piores. Vi gente morrer sem oxigênio, gente desesperada sem comida e como a demanda era muito alta não conseguimos ajudar a todos. Marcou bastante”, complementou.
Os alimentos arrecadados são inteiramente doados pelos próprios voluntários, amigos e familiares. Quem tiver interesse em integrar o grupo social e contribuir, basta entrar em contato com o Projeto por meio das redes sociais: @mudadoresderua.
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