Manaus (AM) – Considerada um “celeiro” de grandes nomes da luta do país, a capital amazonense segue como destaque na valorização de esportes, como o jiu-jítsu, por meio de projetos sociais. Com o intuito de incentivar a comunidade amazonense à prática das artes marciais, o atleta Rutchello Silva, de 29 anos, e o mestre Jefferson Testa, de 37, criaram um projeto social que completou 1 ano no dia 3 de setembro de 2022.
Por ser líder do Ministério de Jovens da igreja ao lado da esposa, Rutchello pontua que a vontade de ajudar o próximo sempre foi algo que o moveu. O projeto, que leva o nome do mestre Jefferson Testa, é sem fins lucrativos e funciona com o apoio do templo cristão.
Morador de uma comunidade no bairro Monte Pascoal, na Zona Norte de Manaus, o atleta visa mudar a realidade dos jovens do local.
“Nós criamos o projeto pensando em ajudar a comunidade. Sempre tive a vontade de ajudar as pessoas, principalmente crianças e adolescentes da minha comunidade a saírem da vulnerabilidade social, tirando eles da rua e levando para dentro do projeto, onde trabalhamos a disciplina, obediência, respeito e caráter. Graças a Deus temos um retorno muito grande”, ressaltou.
Para o atleta, da mesma forma que o jiu-jítsu e a luta livre transformaram a sua vida, é o mesmo sentimento que busca compartilhar com as crianças e adolescentes da comunidade em que vive.
“O esporte chegou na minha vida no momento em que eu mais precisava, é um estilo de vida. Com isso, tenho uma saúde de qualidade, ele me tirou da ansiedade, me proporcionou ter amigos, auto estima, me ajudou bastante fisicamente. Todo pai deveria colocar o filho no jiu-jítsu, é um esporte que transmite confiança. Temos que ser exemplo, apresentar o esporte não apenas como uma arte marcial, mas também como uma mudança de vida. O grande exemplo são relatos dos pais, que viram em seus filhos essa mudança para melhor”, pontuou Rutchello.
Formado como enfermeiro, mas no momento não atuando na área, Rutchello ressaltou que a relação entre ele e as artes marciais começou em 2016, mas após um hiato, voltou a ser atleta há dois anos por um convite do mestre Jefferson Testa. O atleta destacou que enfrentou algumas dificuldades.
O projeto, atualmente com três turmas nos níveis kids, juvenil e adulto, agregando um total de 80 atletas, leva os jovens para os mais diversos campeonatos estaduais e nacionais. No último campeonato em que participaram, a equipe foi considerada a melhor de grappling (luta corpo a corpo ou luta agarrada) do Amazonas).
Na primeira participação no Campeonato Brasileiro de Luta Livre, o projeto subiu ao pódio e trouxe 10 medalhas para o Amazonas com uma equipe de 14 atletas. Em seguida, no Campeonato Amazonense, com 29 atletas, a equipe trouxe 20 medalhas. Logo após, na Copa Osvaldo Alves de Jiu-jítsu, a equipe levou 51 atletas e trouxe 46 medalhas para o Amazonas.
O campeonato mais recente em que participaram foi o Amazonas Grand Slam de Grappling 2022, que reuniu aproximadamente 500 atletas de diferentes artes marciais. O evento foi organizado pela Federação Amazonense de Submission e Luta Livre (Fasub). Na competição, a equipe apresentou 74 atletas e conquistou 66 medalhas, além do título de equipe campeã, por ser a que mais medalhou.
Com o incentivo do mestre Jefferson Testa, o atleta Rutchello Silva também foi sagrado como campeão do Grand Slam Amazonas de Luta Livre Esportiva 2022 na categoria meio pesado adulto.
“O objetivo para o próximo ano é continuar fazendo história, disputar o Campeonato Brasileiro, e conseguir melhorias para o projeto, pois em menos de 1 ano de projeto alcançamos um grande destaque no esporte. Todo esforço e dedicação está valendo a pena, tudo o que fazemos é por amor, não recebemos nada, tudo é de graça, e só o fato de saber que serão pessoas de bem se destacando como atletas. Fazer o bem vale muito a pena”, enfatizou.
Sobre os incentivos ao esporte, Rutchello relembra que, recentemente, foi realizado o Mundial de jiu-jítsu na Califórnia (EUA), em que houveram vários campeões mundiais amazonenses, entre eles a principal referência Mica Galvão.
“Infelizmente não temos tanto apoio assim no nosso esporte, todos eles são trabalhadores que correm atrás do sonho, sem apoio e, com muito esforço muitos conseguem chegar lá. Mas tenho fé que um dia olharão para o nosso esporte de uma forma que ele não será tão deixado de escanteio”, evidenciou.
Por fim, o atleta deixou ainda uma palavra de incentivo para aquela criança ou adolescente que está começando a praticar artes marciais.
“Aprendi que quanto mais aprendemos, mais capacidade ganhamos. O esporte ensina a manter o controle em situações adversas, respeitar companheiros e oponentes, aprender com quem tem mais experiência, não se intimidar com as dificuldades, estar sempre se aprimorando e, principalmente, nunca desistir tanto na vida como no tatame”, salientou.
Por ser um projeto sem fins lucrativos de um esporte que tem um alto custo, a iniciativa está aceitando doações de itens essenciais para a prática e para que as atividades sejam mantidas.
“Nossas crianças e adolescentes estão precisando de kimonos, bebedouro de metal, tatames. Precisamos de doadores, pois temos crianças e adolescentes que não tem o que comer, chegam no treino com fome. Precisamos que olhem para a gente, pois aqui sairão grandes campeões, tanto na vida, como no esporte”, finalizou.
Quem quiser doar, pode entrar em contato pelo número: (92) 98218-8496 (Rutchello Silva) ou pelos instagram: @rutchellooursojj e @projeto_jefferson_testa.
Confira alguns vídeos do projeto:
Edição e pauta: Bruna Oliveira
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