Manaus (AM)- Celeiro de personalidades das mais diversas áreas, o Amazonas também é palco e tema de grandes artistas e seus compositores, que mostram a multiculturalidade presente no Estado por meio das canções.
Além das toadas do boi-bumbá, a riqueza musical e coreográfica da Amazônia apresenta um grande elenco de músicas, ritmos e danças. O EM TEMPO ouviu dois especialistas na área e selecionou as 10 melhores músicas de todos os tempos que representam o Amazonas.
Para o violonista e professor de música da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Marcio Aguiar, de 45 anos, cada uma das músicas selecionadas representa em seu momento os fragmentos da história e da cultura amazonense.
“O que mais admiro na música amazonense é a diversidade que temos em nossa música. Temos grandes artistas que retratam e, diversos estilos nosso povo, nossa história, nossas riquezas. A música local não deixa a desejar em nenhum estilo musical. Além disso, temos nossas características locais e formas de fazer música que só encontramos aqui”, destacou.
O estudante de música da Universidade, Renan Mota, de 27 anos, destaca as músicas selecionadas mostram a essência do que é ser amazonense e acredita que são elas que fazem o cenário ter o destaque que tem.
“Letras repletas de gírias do nosso vocabulário, menções aos povos originários, lugares da nossa capital ou do interior, são inúmeras as referências ao nosso estado. Digamos que é impossível falar da música amazonense, sem lembrar de ao menos uma dessa lista. É claro, muitas outras poderiam estar nesta lista, daria até mesmo para fazer um Top 20 ou Top 50, porém estas são as mais representativas”, pontuou.
A lista:
- Argumento (Não mate a mata) – Adelson Santos (1989)
A canção de 1989 tornou-se uma das mais conhecidas obras do cancioneiro amazonense e passou ser tocada nas principais rádios amazonenses. Adelson Santos é conhecido no cenário cultural do Amazonas e a canção foi a primeira do artista a fazer muito sucesso.
Até o dia de hoje, escolas do Amazonas usam os versos da canção como uma forma de ensinamento às crianças de que os rios Negro e Solimões não se misturam.
- Porto de lenha – Aldízio Figueiras/Torrinho (1991)
O primeiro disco individual do músico e compositor Torrinho, “Porto de Lenha”, foi gravado no Rio de Janeiro, no ano de 1990 e lançado em Manaus, no ano seguinte. A canção título, “Porto de Lenha”, é a mais célebre do compositor, conhecida em todos os cantos da capital e em todo o estado do Amazonas como um hino extra-oficial de Manaus.
A primeira versão da letra foi escrita no início dos anos 1970 em parceria com o também compositor, poeta, escritor e jornalista Aldísio Filgueiras, inspirada em uma composição de Torrinho e Wandler Cunha. Esse texto e vários trechos de outros poemas foram musicados por Torrinho.
“A intenção era transformar em uma suíte com vários movimentos. Devem ter saído quatro ou cinco canções e ‘Porto de lenha’ foi uma delas”, revelou Zeca Torres. Segundo ele, o projeto da suíte acabou ficando pela metade”, disse Torrinho.
Ainda segundo o compositor: ”Apesar de Manaus ser um corredor de passagem para uma classe média que não se preocupa em pensar a realidade, acredito que há um amadurecimento na percepção que temos de nós mesmos“.
Em suas obras individuais ou com parcerias, Torrinho procura mesclar temas de cunho amazônico com a linguagem universal, sem se preocupar em ser aquilo que se convencionou chamar artista regional.
- Gavião real – Chico da Silva (1995)
Natural do município de Parintins, no Amazonas, Francisco Ferreira da Silva mais conhecido pelo seu nome artístico Chico da Silva, é um cantor, compositor e poeta brasileiro.
Autor de inúmeras composições de toadas, além de sambas que ganharam o Brasil, como ”Tempo Bom”; “Pandeiro é Meu Nome”; “Esquadrão do Samba”; “É Preciso Muito Amor”; “Domingo de Manaus”; “Cantiga de Parintins”; entre outros.
A canção Gavião Real faz parte do álbum “O Poeta e o Versador”, de 1995. A composição faz parte do repertório do Boi Garantido.
- Saga de um canoeiro – Ronaldo Barbosa (1994)
Canção composta por Ronaldo e presente no disco Capricho dos Deuses (1994), do Boi Bumbá Caprichoso, Saga de um canoeiro “foi uma música que o artista fez para o próprio pai. Há 32 anos no boi-bumbá azul, desde as primeiras toadas de Ronaldo Barbosa é possível notar os extratos poéticos presentes em seus versos, tendo principalmente como pretexto a exuberância da Amazônia.
“Saga de um canoeiro” mostra a humanidade e a força dos homens e das mulheres nortistas.
- Deixa Meu Sax Entrar – Teixeira de Manaus (1981)
Precursor de um movimento musical batizado com o nome “beiradão”, que é uma mistura de diversos ritmos, entre eles o carimbó, merengue, lambada, cumbia, forró, salsa, xote e música latina, em “Deixa o Meu Sax Entrar”, Teixeira de Manaus apresenta um ritmo bem característico da região.
A música, que ficou famosa nos anos 80 e ainda hoje contagia gerações, é conhecida por ser representar a essência da capital amazonense.
A música ‘Deixa o meu sax entrar’ faz parte do álbum ‘Teixeira de Manaus – Solista de Sax Vol. 2’ (Copacabana Discos – 1982).
- O Amazonês – Nicolas Junior
Paraense radicado no Amazonas, Nicolas Junior nasceu e viveu na beira do rio a vida toda e é um dos representantes locais do gênero “amazonês”, que retrata o cotidiano dos amazonenses a partir de letras que os identificam por meio de peculiaridades, como o linguajar, hábitos e gastronomia, por exemplo.
Como o próprio nome da canção diz, ela fala sobre o “amazonês”, que é como os moradores locais denominam as gírias e expressões que são a representação de Manaus e do Amazonas. O cantor brinca com o modo de falar do amazonense usando palavras típicas do cotidiano caboclo nas canções que compõe. A canção incorpora termos tradicionalmente locais como: “pega o beco”, “até o tucupi”, “Chibata”, “migué” e muitos outros.
- Renovação – Candinho e Inês (2006)
Parceiros na vida e na arte, Candinho e Inês são o casal mais conhecido do cenário musical amazonense. Por meio das canções, a dupla busca abordar a temática do o ser humano e colocando a natureza no centro de tudo, sempre com uma mensagem sobre a valorização do ser humano e da região amazônica.
- Amazonas Moreno – Raízes Caboclas (1992)
Canção composta por Celdo Braga e Osmar Oliveira, integrantes do grupo Raízes Caboclas, a canção é considerada o verdadeiro hino do Estado por ser inspirada na floresta Amazônica e nos povos que nela habitam. A composição aborda os rios, as matas, as lendas e mitos da região, primando pela valorização do homem do interior da Amazônia (o caboclo) e dos povos indígenas procurando trazer, com isso, uma conotação de preservação em suas letras.
- Ritmo Quente – Boi Caprichoso (1997)
Em 1997, o grupo Canto da Mata compuseram uma toada que se tornou fenômeno no Amazonas: “Ritmo Quente”, grande sucesso nos ensaios do boi Caprichoso e também em eventos turísticos da Capital Manaus, como o Boi Manaus e o Carnaboi.
Dançante e com coreografia fácil, o hit “Ritmo Quente” fez o maior sucesso nas rádios da região Norte no ano em que foi lançado e é conhecido até hoje. De acordo com um dos vocalistas do grupo, Mailzon Mendes, a composição nasceu durante uma viagem de ônibus para um município do Amazonas.
- Tic Tic Tac – Carrapicho (1996)
A toada ‘Tic Tic Tac’, composta pelo parintinense Braulino Lima, nasceu em 1993. A música virou hit internacional na voz de Zezinho Corrêa, da Banda Carrapicho, que apresentou a cultura amazonense para o mundo.
O grupo Carrapicho gravou a canção em 1996 e estourou no mundo inteiro. Conhecido no Amazonas como aquela música do “bate forte o tambor”, a canção dominou as paradas de vários países europeus.
Edição Web: Bruna Oliveira
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O disco de Adélson Santos, com a canção Argumento, não é de 1989, mas de quase uma década antes. 1981.
https://www.discogs.com/pt_BR/release/24437858-Adelson-Santos-Um-Certo-Tempo-Depois