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DIA NACIONAL DO FREVO

Coreógrafo do AM ensina a dança e a paixão pelo frevo

Em alusão ao Dia Nacional do Frevo, conheça a história do bailarino amazonense que ensina o ritmo pernambucano

Foto: José Airton/Em Tempo

Manaus (AM) – Considerado o principal marco cultural e artístico do estado de Pernambuco, o frevo é composto de passos e canções que possuem imensa importância para a cultura local. Em alusão ao Dia Nacional do Frevo, celebrado na última quarta-feira (14), o portal EM TEMPO traz a história de um bailarino amazonense que encontrou no ritmo pernambucano a direção para a profissão.

O ritmo musical e a dança tradicional combinam elementos da marcha, maxixe e movimentos da capoeira. A dança não se restringe apenas ao estado nordestino.                  

“O frevo representa minha fonte de alegria”, é o que diz o bailarino e coreógrafo Bruno Souza, de 21 anos. Natural de Manaus, Bruno enxerga o ritmo como a melhor coisa que lhe aconteceu. O amazonense faz parte da Instituição Cultural e Educacional Arte Sem Fronteiras, localizada na Avenida Duque de Caxias, no Centro de Manaus, desde 2019.

No decorrer dos anos, foi se destacando na modalidade e, atualmente é um dos professores da companhia. Graduando do curso de Dança da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com apenas 21 anos, o jovem já coleciona em seu currículo a participação em grandes eventos culturais, como o Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas, e o Festival de Dança de Joinville (SC), no qual conquistou o segundo lugar na categoria “Danças Populares – Duo Sênior”.

“Conheço o frevo há três anos. Foi pela Instituição que tive os meus primeiros contatos com o ritmo através do professor e coreógrafo Wilson Júnior. É o que mais amo fazer. Não se dança o frevo de qualquer jeito, precisa haver emoção, uma peculiaridade que torna os passinhos contagiantes e tudo isso acontece por meio da alegria e da energia que depositamos nos passinhos”, explicou.

Por perceber a escassez da modalidade no Amazonas, que contava apenas com os ensinamentos do professor Wilson Júnior, Bruno viu na modalidade uma oportunidade de se tornar referência no Estado. Além disso, o jovem aproveitou para falar sobre a importância de trabalhar em prol da valorização da cultura brasileira.

Foto: José Airton/Em Tempo

“O meu professor era o único que fomenta essa modalidade aqui no Amazonas. Assim, vi a oportunidade de me lançar como pesquisador e ser um dos principais coreógrafos da modalidade aqui. Por mais que seja algo originário do Pernambuco, o frevo faz parte da nossa cultura popular brasileira e todos temos que ter esse contato. Nosso país é muito rico quando se trata de cultura”, destacou.

O diretor e fundador da Instituição, Wilson Júnior, de 40 anos, ressalta que muitos bailarinos passaram pela instituição e receberam um pouco da formação artística oferecida pelo Artes Sem Fronteiras, e pontuou que o Bruno foi uma pessoa que realmente “abraçou” o frevo e começou a pesquisar a modalidade mais a fundo. Além disso, destacou que o incentiva a estudar mais para que seja possível mesclar o ritmo nordestino com o amazonense.

“Hoje ele tem um repertório vasto de movimento de frevo e, além disso, executa e ensina da mesma forma que trabalham em Recife. Estou incentivando ele a fazer uma pesquisa, relacionando esses passinhos com a nossa fauna e a nossa flora. Brevemente nascerão novos passinhos a partir dessa pesquisa que ele vai desenvolver. Inclusive, acredito que existe uma espécie de cruzamento entre todas as danças. Existem essas paixões que se complementam, essa espécie de intercâmbio cultural”, destacou.

Conhecido como o primeiro amazonense a sair do Estado para ensinar o frevo, Bruno ministrou uma oficina em Maracanaú, no Ceará. A atividade fez parte do projeto “Entre a Ponta e o Calcanhar”, contemplado em 2021 no Edital Prêmio Zezinho Corrêa, por meio da Manauscult, com apoio da Prefeitura de Manaus. Foi a primeira vez que o bailarino viajou para fora do Amazonas para ensinar.

A oficina teve o objetivo principal de mostrar o cruzamento das danças populares da Região Norte, entre eles, o cacetinho (movimentos indígenas) e o bailarino não poupa palavras ao falar sobre a experiência.

“O projeto teve o objetivo de expandir a cultura popular brasileira e as linguagens artística para os próprios bailarinos e também para pessoas que se encontram em vulnerabilidade social. Foi uma experiência única. Imagina ser o primeiro amazonense que sair do estado para ministrar uma oficina de frevo em um local que, praticamente, essa cultura já pertence? Foi o ensinamento de algo diferente e que nunca havia sido explorado”, pontuou.

Por conta da música rápida e frenética que o compõe, a palavra frevo veio do ferver, que se transformou em “frever”, até chegar no frevo. Foi por esse motivo que a paixão do coreógrafo e bailarino amazonense pela modalidade começou.

Foto: José Airton/Em Tempo

“A principal característica da dança é o ritmo extremamente acelerado e o que eu mais gosto na dança é essa questão vibratória. Quem vê um bailarino dançando frevo, logo se contagia, porque além de ser uma dança alegre, ela é totalmente energética e contagiante”, disse.

Ritmo envolvente

Em mais de 100 coreografias, nos anos 1930, o frevo ganhou divisões em três vertentes o frevo de rua, o frevo de bloco e o frevo canção. Considerado um frevo executado por orquestra instrumental, o frevo de rua se destaca por não possuir voz cantada nas canções, isto é, não contém letra, e foi criado apenas com o intuito de ser dançado. 

Surgido no século 20, o frevo canção é conhecido por suas melodias com letras e andamento mais lento que o frevo de rua. No ritmo canção, a música inicia com seção instrumental, seguida por canção e finalizada com instrumental novamente.

Originado de serenatas realizadas durante o Carnaval, o frevo de bloco se destaca por ser executado por orquestra de pau e cordas, que geralmente reúne violões, cavaquinhos, banjos, bandolins, violinos e instrumentos de sopro. 

“Nós tivemos uma parceria com a companhia de trevo do Recife e eu me aprofundei no assunto. Comecei a aperfeiçoar cada um deles e hoje eu consigo executar e três tipos de passinhos diferentes de frevo. A respeito das aulas, começo a ensinar os passinhos básicos e vou avançando para os intermediários. Depois de ver que as pessoas estão conseguindo captar essas dinâmicas, a gente faz um ‘mix’ de passinhos e monta praticamente pequenas células coreográficas”, comentou.

Na próxima quarta (21) e quinta-feira (22), Bruno ministra aulas de frevo para crianças e adolescentes em Salvador, na Bahia. Dentre os próximos projetos, Bruno e Wilson pretendem executar um trabalho vinculado às escolas públicas, por meio da aprovação em editais.

Homenageado em duas datas

O Dia Nacional do Frevo é celebrado em duas datas: em 14 de setembro, data em que nasceu, no ano de 1882, o criador do nome frevo, o jornalista Osvaldo da Silva Almeida, que é responsável por formalizar o batismo do Frevo na mídia.

Em Pernambuco, o dia 9 de fevereiro também homenageia o ritmo, que é Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. O título foi concedido em 2012 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A segunda data existe em alusão a 9 de fevereiro de 1907, data em que o frevo foi citado pela primeira vez por um veículo de comunicação. O registro foi feito no “Jornal Pequeno”, de Recife.

Surgimento

O frevo surgiu no final do século XIX, no Carnaval, em um momento de transição e efervescência social no Brasil, como uma grande expressão cultural das classes populares.

Com o passar dos anos, foi ganhando importância e reconhecimento pelo Brasil e, até os dias de hoje, influencia o carnaval de todo o país. A dança popular foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2007.

Parte importante da história nordestina e brasileira, em 2012, o frevo foi incluído na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas (Unesco).

A palavra frevo tem origem no verbo “ferver”, já que a dança é frenética, de ritmo muito acelerado. O ritmo musical desta contagiante dança mistura a marcha e o maxixe, além de possuir alguns elementos da capoeira. Os dançarinos vestem roupas alegres e super coloridas, geralmente camisas curtas e justas amarradas na cintura, calça colada, shorts e saias para as mulheres. Tudo isso é acompanhado de sombrinhas e estandartes (bandeiras de cada grupo de dança).

Confira um vídeo de Bruno dançando:

https://www.youtube.com/watch?v=b_-FY9VvgBQ

Pauta e edição Web: Bruna Oliveira

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