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Covid-19

Nova variante da Ômicron é identificada no Amazonas, afirma Fiocruz

A nova variante não parece provocar o aumento do número de casos graves, ao menos até o momento, diz o especialista

Procedimento de extração de DNA. Foto: Camila Boehm/Agência Brasil)

Manaus (AM)– O surgimento de uma nova variante da Ômicron foi identificada no estado do Amazonas no último sábado (12) por cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). De acordo com o pesquisador Tiago Gräf, da Rede Genômica, o Amazonas tem sido um território sentinela de monitoramento da Covid-19. A nova variante é chamada de BE.9 e segue sendo observada pelos cientistas.

“O que ocorre no estado tende a se repetir em outras regiões e pode estar acontecendo novamente”, afirma Graf. A descrição de mais essa variante reforça a importância de os pesquisadores continuarem sequenciando o Sars-CoV-2 e estudando sua evolução.

Os resultados encontrados pela equipe do virologista Felipe Naveca, da Fiocruz Amazônia, mostram que os casos de Covid-19 no Amazonas aumentaram desde metade de outubro. A ascensão deu-se em uma média móvel de cerca de 230 casos por semana para cerca de 1 mil.

Mais de 200 genomas do Sars-CoV-2 foram investigados pela equipe para saber o que poderia estar causando esse ressurgimento da Covid-19 no estado novamente, e assim pôde ser realizada a identificação da nova variante. Os resultados foram analisados também pelo cientista Tiago Gräf.

Pelo fato de o Amazonas ter maior cobertura de sequenciamento do Sar-Cov-2 do país, a qual é a medida usada pela OMS, Felipe Naveca destaca ainda que esse é um dos fatores que facilita a identificação de novas variantes.

“Como fazemos a vigilância em um percentual grande de casos, trabalhando em parceria com a Fundação de Vigilância em Saúde do estado e o LACEN/AM. Conseguimos fazer essas identificações de maneira precoce e explicar como se deu o surgimento das variantes”,

ressalta o virologista.

A Nova variante

A BE.9 é uma evolução da sublinhagem BA.5.3.1, ou seja, é uma Ômicron da linhagem BA.5. Naveca afirma que, em função das mutações encontradas na BA.5.3.1 do Amazonas, foi solicitado, ao comitê responsável pela classificação das linhagens (PANGOLIN, localizado no Reino Unido), que fosse criada uma designação própria para essa sublinhagem, agora chamada oficialmente de BE.9.

Com forme explica o especialista as duas subvariantes (BQ.1 e BE.9) são semelhantes em algumas das mesmas mutações, mas que ambas não parecem provocar o aumento do número de casos graves, ao menos até o momento.

O gráfico mostra que, apesar do aumento no número de casos, a onda causada pela BE.9 no Amazonas é menor que a da BA.5 e muito menor que a da BA.1 (Fonte: Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas)

“O que nos deixou mais intrigados com a nova variante é que ela apresenta as mutações K444T e N460K na Spike, exatamente como a BQ.1.1. A BE.9 ainda tem uma deleção na Spike, na posição Y144”,

comenta Gräf.

De acordo com o pesquisador “a BQ.1.1 descende da BE.1, que descende também da BA.5.3.1. Então, de forma independente e em lugares diferentes no mundo, a BA.5.3.1 gerou linhagens com as mesmas mutações na Spike. Em evolução chamamos isso de convergência”.

Segundo Tiago Gräf, a sublihangem da BE.9 e a BQ.1.1 têm suas diferenças em outras regiões do genoma, mas na Spike são muito similares. E isso que é muito importante monitorar de perto a BE.9, pois foi possível observar que ela fez ressurgir a Covid-19 no Amazonas e não há como saber se ela poderá fazer o mesmo no resto do Brasil.

Ainda segundo o pesquisador, pode haver uma competição dessas variantes “primas” em outros estados.

“A BQ.1.1 já foi identificada em São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco e Rio de Janeiro e é possível que já esteja em mais estados. A BE.9 ainda não sabemos, pois a designação de linhagem ocorreu em 12 de novembro e a partir desta data vamos conseguir monitorar melhor”,

avalia o especialista.

No entanto, Gräf, assim como Naveca, se mantém otimista, já que o número de casos de SRAG e de mortes por Covid-19 não parecem estar aumentando significativamente pela BQ.1.1 (conforme dados internacionais) e nem pela BE.9.

“No Amazonas, por exemplo, apesar do aumento no número de casos, a onda causada pela BE.9 é menor que a da BA.5 e muito menor que a da BA.1. O mesmo se observa para as hospitalizações por SRAG. No Amazonas a onda da BE.9 parece já ter atingido seu auge e deve começar a diminuir em breve”,

conclui.

*Com informações da assessoria

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