O ministro da Justiça, Flávio Dino, na última semana, ligou para o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e, ofereceu o apoio da Polícia Federal na investigação do homicídio da parlamentar Marielle Franco, e do motorista Anderson Gomes, crime que completará cinco anos em 14 de março.
Castro aceitou, e lembrou que Marielle foi sua colega na Câmara dos Vereadores, e que este crime não pode ficar impune. “Sempre mantive uma relação de muito respeito com a vereadora Marielle Franco. Eu e Marielle fomos vereados na mesma legislatura na Câmara Municipal do Rio. Sempre tivemos uma relação de muita respeito, mesmo tendo divergências de ideias, como acontecem nos debates nas casas legislativas. Sempre defendi que a resposta ao assassinato dela precisa ser dada à família e à sociedade”, disse.
Em resposta, Cláudio Castro respondeu que “os assassinos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes foram presos graças à uma investigação complexa, realizada com extrema perícia e técnica pela Polícia Civil do Rio. A investigação continua em andamento na Delegacia de Homicídios da Capital”.
Os dois combinaram uma reunião no Rio, onde Castro deverá apresentar ao ministro um plano das forças de segurança do estado no combate às milícias, depois de o governador retornar de uma viagem a Nova York com a finalidade de atrair investimentos para o estado.
Ao concordar com a ajuda da PF, não será necessário um pedido de federalização do homicídio da vereadora, porque o inquérito continua com a polícia e o Ministério Público estaduais.
Não é a primeira vez que a PF atua no caso Marielle. Uma das primeiras contribuições da instituição foi a análise dos nove estojos de balas recolhidos na cena do crime. Em apenas um deles havia parte de uma impressão digital que, apesar de confrontada com as armazenadas em bancos de dados da polícia, não foi possível identificar a quem pertencia.
No laudo elaborado pelos peritos federais, eles registraram ainda que o acondicionamento do material não foi adequado, uma vez que as balas estavam no mesmo saco, o que permitiu a fricção entre elas e, consequentemente, a perda dos vestígios. Marielle, sua assessora parlamentar Fernanda Chaves e o motorista Anderson sofreram uma emboscada na noite de 14 de março de 2018, no bairro do Estácio. Só Fernanda sobreviveu.
Nas outras intervenções da PF, um dos destaques foi a apuração de uma farsa engendrada por um policial militar, em abril de 2018, que originou um inquérito de obstrução da investigação penal. O PM Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, apresentou-se como testemunha e acusou o ex-aliado, o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, e o então vereador Marcello Siciliano de tramarem o assassinato de Marielle.
Por sete meses a Delegacia de Homicídios da Capital manteve essa linha de apuração como a principal do caso. Mas a PF, no inquérito apelidado de “investigação da investigação”, descobriu que Ferreirinha criou uma história para dominar o território de Curicica.
Ao afirmar o envolvimento do ex-cúmplice no assassinato, o PM conseguiu seu intento: a transferência do miliciano para a penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Curicica e Siciliano sempre negaram o crime, o que foi confirmado durante a investigação. O relatório de mais de 200 páginas foi assinado pelo delegado da Polícia Federal Leandro Almada, nomeado esta semana como superintendente da PF do Rio.
Em outubro de 2018, desvendada a trama, a delegacia e o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) identificaram o sargento reformado da PM Ronnie Lessa como autor dos disparos contra Marielle e Anderson, e o ex-PM Élcio de Queiroz, o motorista do carro usado no crime. Os dois estão presos desde março de 2019, em presídios federais fora do Rio.
Nesta época, a PF também cedeu três agentes para o Gaeco, que participaram dos levantamentos das Operações Intocáveis 1,2 e 3, que culminaram na prisão de milicianos de Rio das Pedras e da Muzema, além de identificar o ex-capitão do Bope Adriano Mendonça da Nóbrega, morto em fevereiro de 2020, na Bahia, como chefe do “Escritório do Crime”, grupo de matadores de aluguel.
Quatro meses antes dos assassinato de Marielle, em 1º de novembro de 2017, o governador Cláudio Castro (PSC) convidou a parlamentar para uma audiência pública sobre empreendedorismo na vida das mulheres. A vereadora não só aceitou o convite, como prestigiou o evento do colega com um discurso a respeito do “empoderamento” feminino.
*Com informações do Extra
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