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Educação

Especialista comenta sobre as dificuldades na educação de crianças superdotadas

Especialistas alertam para a identificação precoce da superdotação e como os pais devem ser orientados

Reprodução

Manaus (AM) – O Amazonas foi parar no “Trending Topics Twitter” no último final de semana (9), porque o amazonense Benício Gonzaga, de apenas 5 anos, integrou a lista das pessoas mais inteligentes do mundo, a Sociedade Mensa, possuindo QI de 146, considerado raro (2% da população) e acima da média. O assunto tomou conta das redes sociais, onde os internautas se sentiram orgulhosos em saber da novidade. Especialistas alertam para a identificação precoce da superdotação e como os pais devem ser orientados, além da escola, que desenvolve papel fundamental no crescimento intelectual da criança.

Quem é Benício Gonzaga?

Imagens: Arquivo pessoal

O menino de apenas 5 anos, é Benício Gonzaga, filho da professora Hercilaine Oliveira. Os primeiros sinais de superdotação foram identificados pela mãe da criança enquanto ele brincava com a letra “W”. Ao virar ao contrário, o menino conseguiu identificar a letra “M” no objeto. Com 2 anos, Benício já conseguia falar frases inteiras e identificar todas as formas geométricas, como losango e paralelepípedo. Benício também já sabia ler, o que é incomum a uma criança nessa idade.

Os pais dele logo perceberam que ele era diferente das outras crianças. Mas, de acordo com Hercilaine, a escola não os orientou sobre que fazer para identificar a superdotação. Foi necessário pesquisar e pedir ajuda em um grupo nas redes sociais de mães de crianças com altas habilidades.

“Eu assisti uma live do grupo “Mamães SD” e foi nesse grupo que eu aprendi muita coisa sobre a altas habilidades, sobre a legislação, a questão do plano educacional individualizado que nós não temos isso na escola e, isso me despertou. Procurei uma psicopedagoga, contratei o serviço dessa profissional e ela foi à nossa residência, aplicou umas atividades com ele e gravou tudo. Após o relatório, levei até à escola, mas nada aconteceu”,

relata.

A professora ainda afirma que as escolas no Amazonas, tanto pública como privada, não estão preparadas para receberem crianças superdotadas. “As atividades para crianças como Benício são rasas. Eu e minha mãe temos que propor desafio para ele escrever até 30, 50. É cansativo e mesmo levando o laudo, mesmo levando psicóloga, nós não temos nenhum retorno [da escola]. E não é uma escola barata”, lamenta a professora.

Após constatar a superdotação, os pais de Benício fizeram a inscrição na Sociedade Mensa, que realizou todo o processo e enviou um comunicado à família de que o garoto havia integrado ao grupo.

“Nós sabíamos que ele tinha necessidades especiais, diferentes, mas não sabíamos o que significava ter um QI de 146 e quais são as demandas que isso vai trazer futuramente. Quando recebemos a notícia por e-mail, não imaginávamos a repercussão. O convite veio por e-mail parabenizando o Benício e nos convidando a fazer parte à nível internacional”,

conta.

Internacionalmente, a Sociedade Mensa oferece bolsas de estudo para os pequenos gênios, mas no Brasil ainda não há essa oportunidade. No entanto, os pais de Benício buscam uma oportunidade para ele fora do país, pois, segundo eles, é fundamental pleitear uma bolsa de estudos na escola, principalmente em idiomas.

Como identificar uma criança com altas habilidades

A psicóloga e Consultora de Educação Infantil, Juanita Maia, explica que as crianças começam a apresentar comportamentos diferentes logo cedo. Comportamentos esses que superam os esperados na etapa do desenvolvimento em que se encontram, como o caso de Benício.  Na escola os professores e pedagogos conseguem ou deveriam ver um desempenho bem acima da média em certas habilidades, tais como raciocínio lógico, matemática, música, linguagem, etc. Além de tudo é importante que os pais sejam orientados.

“É importante que os pais sejam orientados, pois mesmo essas crianças tendo altas habilidades, elas continuam sendo crianças e vão precisar brincar, correr, interagir com outras crianças, vão querer colo, carinho e vão fazer birras como qualquer outra criança sem altas habilidades. Infelizmente as escolas não estão preparadas para receberem crianças com autismo e altas habilidades”,

explica.

Para a profissional, as etapas de aprendizado de uma criança com alta habilidade e uma criança sem essa alta habilidade são as mesmas, a diferença está no tempo que elas levam para acontecer. O ritmo da criança com alta habilidade é mais veloz e é comum que eles se sintam desmotivados na série em que estão ou não consigam se adaptar com os colegas da mesma idade.  

“Algumas escolas terminam passando a criança para séries mais avançadas, mas o mais adequado é que seja feito em acompanhamento com um profissional especializado, para que a criança tenha o seu desenvolvimento cognitivo e emocional preservado. Também é de grande importância que sejam feitos uma combinação de testes e avaliações por parte de um psicólogo e, no caso da criança está em idade escolar obter relatórios dos professores”,

argumenta.

Diante disso as escolas devem ter no seu quadro de colaboradores, profissionais capacitados tanto em sala de aula, como também na parte pedagógica.  É importante fazer um trabalho junto com o psicólogo que acompanha a criança.

Elas aprendem sozinhas facilmente

Maia lembra que as crianças com altas habilidades geralmente tem facilidade em aprender sozinhas e tem interesse em áreas diversas e muitas aprendem a ler e falar muito cedo, tendo um alto vocabulário e riqueza de expressão verbal, facilidade de demonstrar emoções. Foi o que aconteceu com Benício ao assistir jornais.

“Nós evitamos de assistir jornais porque aparecem situações que ele se comove. Quando ele foi crescendo, aos 4 anos, ele perguntava por que tinha acontecido àquilo com a vítima. Ele chorava. Agora, ele já sabe identificar a repórter e que aquilo é uma matéria. Ele assiste, mas não deixamos ele ver tudo”,

pontua.

Ser gênio não é deixar de ser criança, afirmam os especialistas. E o garotinho amazonense de apenas 5 anos não deixa de brincar, jogar bola, nadar ou deixar de ser criança. “Ele gosta de brincar de bola, de correr etc. As pessoas pensam que ser um gênio, só estuda e não, não é isso. Ele é criança, vivencia a infância. Mas ele brinca, passa um pouquinho e volta para o número [brincadeira preferida dele]”, conta a mãe do pequeno gênio.

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