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Café Salgado

Cafeteria lança café premiado por R$ 128 a xícara; vale a pena?

Grãos da variedade geisha, do Panamá, alcançam valores exorbitantes em leilões

A cafeteria Pato Rei, com duas unidades em São Paulo, lança três cafés coados da aclamada variedade geisha, sendo que o mais caro deles custará R$ 128,00 por xícara.

Trata-se de um grão premiado, cultivado na tradicional região cafeeira de Boquete, no Panamá, a 1.650 metros de altitude, em uma área sombreada, cercada por floresta nativa. A plantação é orgânica e biodinâmica, e os frutos são colhidos manualmente e fermentados com levedura selvagem.

A cafeteria servirá apenas 30 xícaras deste café –as doses serão todas numeradas. Cada uma tem cerca de 130 ml. As bebidas estão disponíveis a partir desta quarta-feira (14).

Quem pagar a bagatela deve esperar um café com aroma floral e notas de mel de flor de laranjeira, maracujá azedo, melão cantaloupe e flor de café. A medida que esfria, revela sabores como graviola, bala de uva verde e capim limão.

Segundo o sócio e responsável pelos cafés do Pato Rei, Tiago de Mello, os grãos verdes foram adquiridos por US$ 600 (aproximadamente R$ 3.000 na cotação atual) por quilo, e ainda há uma perda de 20% do peso no processo de torra.

Apesar de cobrar um valor tão alto, a fazenda não tem dificuldade em vender os grãos. Pelo contrário, esses premiados produtores panamenhos até escolhem para quem vendem. Mello diz que só conseguiu adquiri-los porque tem um amigo em comum com o fazendeiro.

POR QUE É TÃO CARO?

Mas o que explica um valor tão alto por um café? E mais: vale a pena desembolsar R$ 128,00 em uma única xícara de coado?

O geisha (ou gesha) é uma variedade de café arábica que surgiu no vilarejo de Geisha, na Etiópia –não tem, portanto, nenhuma relação com as gueixas da cultura japonesa.

Foi no Panamá, porém, que esta variedade de fato encontrou solo fértil e alcançou uma qualidade reconhecida mundialmente.

Hoje, é uma das variedades mais valorizadas no planeta. Geralmente produz um café muito aromático, com notas florais e acidez balanceada.

Por isso, pode alcançar valores bastante elevados no mercado de cafés especiais –é comum eles serem arrematados em leilões disputados.

Conheça a cafeteria Pato Rei, que serve xícara de café por R$ 128
Conheça a cafeteria Pato Rei, que serve xícara de café por R$ 128

Essa valorização do geisha panamenho começou no início dos anos 2000 e tem crescido desde então.

Em 2022, um microlote produzido pela fazenda Lamastus Family Estates, no Panamá, foi vendido em um leilão pelo impressionante preço de US$ 6.034 (aproximadamente R$ 30 mil) por libra –ou US$ 13.302 (cerca de R$ 65 mil) por quilo.

No início deste ano, a cafeteria Proud Mary, com unidades na Austrália e nos Estados Unidos, chamou atenção ao cobrar US$ 150 (mais de R$ 700,00) por uma xícara de café –um geisha panamenho no qual eles haviam pago mais de US$ 4 mil (R$ 20 mil) o quilo.

Não à toa, os geishas são figurinhas carimbadas em competições de alto nível, como o World Barista Championship (WBC), que elege anualmente o melhor profissional no preparo de cafés do mundo, e o World Brewers Cup (WBrC), este focado nos coados.

Inclusive, dos nove vencedores do WBrC entre 2011 e 2019, sete conquistaram o título preparando cafés da variedade geisha.

PREÇOS EXORBITANTES SÃO CRITICADOS

Os altíssimos valores que esses cafés atingiram têm gerado discussões no meio. Por um lado, reconhece-se a importância de remunerar bem os produtores por grãos excepcionais –sobretudo porque os produtores desses cafés normalmente são de locais menos desenvolvidos, como países da América Central e da África.

Por outro lado, critica-se o fato de ser um produto excludente, já que poucas pessoas poderiam pagar valores tão altos por uma xícara.

Os defensores desses grãos, contudo, fazem um paralelo com o mercado de vinhos: se existem garrafas tão caras, só acessíveis para pouquíssimos apreciadores, por que o mesmo não deveria se aplicar aos cafés?

*Com informações da Folha de S.Paulo

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