Manaus (AM) – Com uma visão ampla e empática com a sociedade, o jornalista existe desde que o mundo é mundo. Considerado um porto seguro da verdade e comunicação, o profissional vence uma batalha contra a desinformação, utilizando aquilo que é sua arma principal e essência: a notícia.
No dia 7 de abril, é comemorado o Dia do Jornalista, aquele que tem como principal aprendizado a disseminação da informação, com fontes e veracidade. No entanto, noticiar um fato a população não é tarefa fácil.
Com a facilidade das tecnologias e a instantaneidade, o trabalho do profissional da comunicação ficou ainda mais difícil. Apesar disso, os jornalistas amazonenses vencem a batalha diária contra a falsa informação e ressaltam, que apesar das adversidades, a tecnologia pode ser uma ajuda ao profissional.
Jornalismo de credibilidade contra as Fake News
É de conhecimento geral que a notícia sempre chegou às mãos do leitor completa, com todos os fatos apurados e verificados. Nos tempos atuais a indicação ainda é a mesma, no entanto, há a grande diferença da rapidez da internet e das mídias sociais.
Hoje, o jornalista tem que confirmar a notícia o mais rápido possível e disseminá-la antes das falsas informações tomarem conta. Com um gosto agridoce, a época da instantaneidade se instaurou.
No Amazonas, grupos nas redes sociais e perfis de notícias se tornaram a nova forma de se informar, o que “facilita” o trabalho do profissional da comunicação que se estabelece nesse espaço.
Porém, o espaço que pode ser uma facilidade, também pode ser um obstáculo para vida do jornalista. Com fontes que disseminam falsas informações, o trabalho muitas vezes é prejudicado e afeta a apuração de qualidade.
Mas afinal, a instantaneidade que a tecnologia possibilita, ajuda ou atrapalha os jornalistas? Há 16 anos no jornalismo e, atualmente, assessor-chefe de Comunicação no Ministério Público Federal (MPF), Raphael Cortezão, de 35 anos de idade, acredita que é impossível consumir e produzir notícias sem o auxílio das tecnologias.
Para Cortezão, o segredo está no aproveitamento da ferramenta, afinal, em épocas de não-instantaneidade, as fake news também existiam. A grande diferença é que hoje existe uma infinidade de meios que podem ser utilizados e que podem facilitar ambas as partes: a fake news e a informação de qualidade.
“Acredito que o problema não está nas ferramentas, e sim na forma como vem sendo usadas. Devemos usá-las cada vez mais, sem preconceitos, para recuperarmos a credibilidade do jornalismo e conquistarmos nosso espaço nesse multiverso de informações que circulam sem parar em todas as direções no mundo atual”,
destaca Cortezão.
O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas (SJP-AM), Wilson Reis, ressalta que a produção de notícias nessa nova era é um desafio. No entanto, é dever do jornalista colocar em prática aquilo que aprendeu na graduação de jornalismo: a busca pela informação de veracidade.
O gestor do sindicato dos jornalistas amazonenses conta que não é necessário a privação das ferramentas que a tecnologia oferece, no entanto, é necessário utilizá-las com responsabilidade em prol do respeito à informação da sociedade.
“As facilidades devem ser muito bem utilizadas em nome da qualidade que tem que ter a notícia, em nome da ética, pois o nosso público alvo é a sociedade. É um respeito que o profissional tem e deve ter a quem consome a informação, que é a sociedade”,
declara Wilson.
Formada em jornalismo há 40 anos e com um longo currículo na comunicação, a professora na Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal do Amazonas (FIC-UFAM), Ivânia Vieira, revela que o principal desafio dos jornalistas atuais é não cair na facilidade do “Jornalismo de Aquário”, que apenas coleta as informações nos meios e, em seguida, “copiam e colam”.
Para ela, o jornalista deve ter uma sensibilidade na escuta e uma disposição para descobertas. É entender que é necessário vivenciar diversas realidades e confrontar a condição profissional e humana.
“Jornalismo é um trabalho, exige conhecer, buscar conhecimento, método e metodologia, sensibilidade na escuta e disposição de movimentar-se para fazer as descobertas; exige compreender que lidamos com diferentes conflitos e interesses, inclusive os nossos, e confronta a nossa condição de sujeito no mundo”,
afirma Ivânia.
Veja como não cair em fake news:
A credibilidade construindo o reconhecimento
O verdadeiro papel do jornalista é, e sempre será, informar, mas sempre com responsabilidade e credibilidade. E com base nesses dois pilares, que um nome no jornalismo é construído.
No Amazonas, existem inúmeros jornalistas que construíram uma carreira promissora e que mesmo após se aposentarem serão lembrados na comunicação.
Para Raphael Cortezão não há uma fórmula mágica para o caminho do reconhecimento no jornalismo amazonense. O jornalista acredita que antes do profissional, é necessário que se ponha primeiramente como um ser humano. Inclusive, o trabalho de informar é um dos que mais exige humanidade e empatia.
“Antes de tudo, o profissional precisa se conhecer enquanto ser humano, compreender se seus valores inegociáveis enquanto pessoa são compatíveis com a ética jornalística, para que isso seja visto e percebido pelos colegas, pelas empresas e instituições e pela sociedade”,
destaca o assessor do MPF.
O reconhecimento seria uma consequência de um trabalho coeso e correto do jornalista, principalmente se for construído em cima de uma carreira com respeito e verdade.
A professora Ivânia compartilha da mesma opinião ao declarar que reconhecimento e respeito andam lado a lado, principalmente na profissão do jornalismo, que vai além da essência da informação, é um confronto direto com as dores do mundo.
“Reconhecimento e respeito são estradas compridas para qualquer profissão. Não admitem trapaças, essas serão reveladas na próxima esquina. Precisamos conhecer nossas impressões digitais como Jornalistas e confrontá-las com os ecos próximos ou distantes das dores do mundo, dos humanos, dos não humanos: a quem servimos como jornalista? ”,
ressalta Ivânia.
Qual é o segredo do bom jornalista?
Muitos jovens entram anualmente na faculdade de jornalismo com uma bagagem de sonhos e anseios para profissão. Ao longo do curso, percebem que a profissão vai muito além daquilo que imaginaram e se deparam com dúvidas de como ser um bom jornalista.
Com um conselho para os futuros e novos jornalistas, o presidente do sindicato, Wilson, destaca que o essencial é ter compromisso com a sociedade e buscar dar uma qualidade para o produto, que seria a notícia.
“Nós, profissionais, temos que ter o compromisso com a sociedade e cada vez mais buscar melhoria da qualidade do produto, que é o que podemos chamar de notícia. Isso é um compromisso essencial que o profissional jornalista tem com a sociedade. Combater a Fake News, é deixar claro para sociedade, o que é efetivamente notícia e o que não é”,
declara o presidente do (SJP-AM).
Já Cortezão acredita que o jornalista deve estar sempre ativo e por dentro das transformações que acontecem na profissão. O essencial é estar em constante processo de conhecimento e ter um espírito inquieto, com sede de informar.
“Considero esse espírito de inquietação, de inconformismo e de sede por conhecer e aprender mais e mais valiosa qualidade para quem deseja prosperar na área da comunicação, o que inclui o jornalismo”,
conclui o jornalista.
Ser jornalista é não ter uma rotina, é todos os dias viver uma história totalmente inesperada. O jornalista nunca sabe o que esperar daquele dia. Respira o inesperado e tem o trabalho de inspirar as pessoas.
Por isso, pelo inesperado diário, não há uma receita ou conselho concreto para aqueles que querem seguir na profissão. Para Ivânia, a paixão é essencial. Ela deixa o espírito livre e em movimento. O amor pelo jornalismo e informar, seria a resposta e um conselho para aqueles que desejam se tornar grandes comunicadores.
“Não há um conselho nem receita pronta. É importante buscar, sempre, aquilo que apaixona, deixa o espírito em movimento criativo, ativo, preferencialmente na perspectiva do bem-viver. O Jornalismo mexe com minha pele, com meu coração, com minha cabeça, me desafia, me fez e me faz aprender a cada exercício vivido”, finaliza Ivânia, a professora de comunicação.
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