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Mesmo com maioria do eleitorado, Manaus não tem mulheres na disputa à prefeitura

Seis mulheres chegaram a ser cotadas para concorrer ao cargo de prefeita

Manaus não tem mulheres concorrendo ao cargo de prefeita na eleição deste ano. Mesmo com eleitorado majoritariamente feminino, pré-candidatas desistiram ou renunciaram para apoiar homens ou concorrer ao cargo de vice.

Conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Manaus tem 1.446.122 eleitores aptos a votar nesta eleição, sendo 53% são mulheres e 47% homens.

Nesse ano, seis mulheres chegaram a ser cotadas para concorrer ao cargo de prefeita. Entre as possibilidades estavam: Maria do Carmo (Novo), Anne Moura (PT), Natália Demes (Psol), Carol Braz (MDB), Joana D’arc (União Brasil) e Alessandra Campello (Podemos).

No entanto, com o fim das convenções partidárias, na segunda-feira (5), nenhuma mulher foi formalizada como cabeça de chapa, mas sete homens foram confirmados à disputa para Prefeitura de Manaus.

A desistência das candidatas pode ter sido influenciada por articulações de partidos políticos. “Tínhamos a perspectiva de seis candidaturas femininas. Entre elas Maria do Carmo, Anne Moura, Natália Demes, Carol Braz, Joana D’arc e Alessandra Campello. Então tinham seis perspectivas, a gente chega ontem [dia 5], quando acabaram as convenções e o resultado é nenhuma mulher homens na corrida para ser prefeita de Manaus”, analisa o professor e cientista político Helso Ribeiro. 

A ex-juíza e defensora pública Carol Braz (MDB) recuou de uma possível pré-candidatura a prefeita após o partido confirmar aliança com o Avante, que lançou o prefeito David Almeida à reeleição. Carol chegou a afirmar que estava à “disposição do partido” para o cargo de prefeita.

Mulheres como vice

Na disputa a Prefeitura de Manaus, duas mulheres concorrem ao cargo de vice-prefeita. A empresária Maria do Carmo Seffair (Novo), que deixou de disputar o cargo de prefeita para concorrer como vice do deputado federal Alberto Neto (PL). E a ativista e advogada Nancy Segadilha (Cidadania), ao lado de Amom Mandel (Cidadania).

O cenário local segue uma tendência nacional. Conforme o TSE, a parcela de candidaturas de mulheres ao cargo de vice-prefeita cresceu 21% na comparação entre as eleições de 2016 e o pleito de 2020.

Ao desistir de ser cabeça de chapa, Maria do Carmo alegou que decisão foi uma “soma de esforços pelo bem comum”. Porém, durante pré-campanha, a empresária tinha dificuldades de conseguir mais eleitores.

“A professora Maria do Carmo, ela é uma excelente administradora, nesse aspecto acho quase inigualável aqui na cidade. Ela de êxitos, mas pouco conhecida, o nome dela não era conhecido. Então o partido, vendo essa dificuldade, resolveu unir forças num campo de uma direita mais liberal conservadora com o capitão Alberto Neto”, analisa o cientista político.

Já Nancy Segadilha, em 2020, concorreu à Câmara Municipal de Manaus (CMM) pelo Partido Republicano da Ordem Social (Pros), mas não conquistou votos suficientes. No mesmo ano, atuou como secretária executiva adjunta da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) no Estado.

Esquerda

No campo da esquerda, a ativista Anne Moura (PT) saiu da disputa após o ex-deputado federal Marcelo Ramos (PT) anunciar que havia sido escolhido pelo presidente Lula para disputar o cargo.

Durante a convenção realizada no domingo (3), Anne Moura afirma que a decisão de abandonar sua candidatura foi necessária para apoiar uma candidatura “forte e engajada” da esquerda.

Para a surpresa de alguns, no mesmo evento, o Psol declarou apoio ao candidato Marcelo Ramos, que anunciou o nome de Luiz Castro, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), como vice. O partido anunciou que Nathália recuou da disputa pela prefeitura.

“Eu particularmente acho que isso [a desistência das candidatas] mostra um pouco o perfil da política brasileira. Homem branco. É isso, é o raio-x desse perfil. Então quem chegará vitória será um homem branco lá no final do mês de outubro. Costumo a crer que essa eleição termine no primeiro turno e isso acho que acaba se multiplicando Brasil afora”, afirma Helso Ribeiro. 

Configuração da chapa

Os dados da Justiça Eleitoral mostram que as chapas formadas somente por mulheres (concorrendo a prefeitura e a vice-prefeitura juntas) correspondem a pouco mais de 2% do total de chapas registradas.

Nas últimas eleições municipais, as chapas em que as mulheres assumiram a disputa para prefeitura, mas com um homem como vice, corresponderam a 11% do total. Foram 2.140 candidaturas nessa situação.

Já quando a figura masculina assume a cabeça de chapa, esse número aumenta. Foram 3.590 candidatos homens com mulheres candidatas a vice, 18% do total de chapas em disputa no pleito. Dentre o total de candidaturas, 67% são chapas compostas somente por homens.

O número de vitórias também é maior para as chapas com homens na disputa pela chefia da prefeitura e mulher como vice. Esse perfil de chapa corresponde 15% das candidaturas eleitas. As chapas compostas apenas por homens representaram 73% das vitórias.

No total, foram eleitas, em 2020, 651 prefeitas (12,1%), contra 4.750 prefeitos (87,9%). Para as câmaras municipais, foram eleitas 9.196 vereadoras (16%), contra 48.265 vereadores (84%).

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