Iranduba (AM) – “Fazer o bem sem olhar a quem” é um dos ditados populares mais conhecidos e reflete bem uma das essências do trabalho voluntário. O voluntariado para as pessoas idosas é uma alternativa para contribuir com o envelhecimento ativo, a autonomia e a sensação de bem-estar ao longo da vida desse grupo. Chegar à terceira idade é um privilégio, mas também é algo desafiador e seguindo essa linha, as casas de repouso são aliadas para o acolhimento e tratamento.
Desde 2012, o número de idosos em abrigos conveniados aos estados e municípios, a maioria em instituições de longa permanência, cresceu 33% — passou de 45.827 naquele ano para 60.939 em 2017, ano dos dados mais recentes disponíveis. O levantamento é do Ministério de Desenvolvimento Social.
O Espaço Acolher – Casa de Sara é uma Organização Não Governamental (ONG) de caráter beneficente e sem fins lucrativos, que promove serviços socioassistenciais de excelência as famílias em situação de vulnerabilidade e risco social no Estado do Amazonas. A instituição fica localizada na Rua Francisco Souza, no município de Iranduba (39 quilômetros de Manaus).
História
Fundada há 17 anos, a instituição nasceu às margens do rio Solimões e fruto do desejo de ajudar o próximo da professora Wallane Socorro Silva, mais conhecida como Lane. A instituição atua na promoção atividades sociais, culturais, educativas e de lazer que visam o desenvolvimento sócio econômico de crianças, adolescentes, mulheres e idosos do município.
Notando o envelhecimento da população amazonense, começou a atuar no apoio aos idosos do município. ONG atua no trabalho de abrigar e cuidar de idosos abandonados por familiares, atualmente, abriga 23 idosos de ambos os gêneros.
Tudo começou enquanto Lane, que é missionária, desenvolveu o amor por ajudar o próximo a partir dos cuidados que oferecia às mulheres e a quem estava doente. Por ser professora, as pessoas costumavam procurá-la pedindo ajuda e, inclusive, algumas ficavam em sua residência até melhorarem. Em 2005, os trabalhos da instituição começaram com a ajuda que ela oferecia às mulheres do município e com o aumento das taxas de vulnerabilidade social, começou a abranger as crianças e os idosos.
“Eu era missionária e cuidava de pessoas doentes. No Beiradão, nós nos reuníamos para trabalhar com as mulheres com rodas de conversa. A Casa de Sara surgiu dessa maneira. O nosso trabalho era só com as mulheres. Fazia rodas de conversas para incentivá-las a não abandonarem os seus filhos, pois eram muitas crianças abandonadas por aqui. Inclusive ensinava elas a fazerem artesanato para ter algum dinheiro. Três anos depois, comecei a fazer um trabalho com as crianças também que hoje se tornou o projeto ‘Menino do Rio’. O andamento do projeto foi seguindo uma linha: as mulheres normalmente vinham com os filhos e pessoas idosas começaram a nos procurar, assim decidimos dividi-los em grupos”, destacou.
O trabalho da Casa de Sara com a terceira idade começou com apenas quatro idosos que não tinham residência após serem abandonados por motivos de doenças. Nesse cenário, o abandono pode gerar consequências devastadoras para a saúde já frágil do idoso.
“Começamos com quatro idosos que moravam em casas de terceiros que não queriam mais os abrigar. Eles ficavam abandonados pelas ruas e nós os abrigamos. Muitos deles estavam até mesmo doentes e tudo isso começou a crescer. Frequentemente vinha um da Ilha, outro da comunidade para fazer um tratamento. Quando perguntávamos, nunca sabiam dizer quem eram os familiares e a maioria trabalhava na área rural e alegava não ter família. Assim começou o grupo de idosos. A maioria deles foram abandonados por estarem em situação de doenças”, disse.
Sempre com o apoio do marido e do filho, Lane ressalta que o amor ao próximo e a solidariedade sempre esteve em primeiro lugar para a sua família. Seguindo exemplos dentro da própria residência, o trio resolveu expandir esse sentimento solidário para outras famílias.
“Nossa família sempre buscou ser solidária com o próximo. Nós sempre pensamos no futuro, colocamos o amor em primeiro lugar e sempre tentamos transformar um pouco da vida das pessoas, principalmente das que sofrem com a desigualdade”, destacou.
Dificuldades por conta da pandemia
Durante esses anos, a ONG se desdobrou para se manter aberta e diante do colapso na saúde e segunda-onda da Covid-19, a casa de Sara precisou mais do que nunca de apoio. De acordo com Lane, foi preciso “matar um leão por dia” para lidar com as dificuldades enfrentadas desde o início do trabalho voluntário e que se agravou com o cenário pandêmico.
“A situação mais impactante que vivemos foi relacionada a pandemia com a Covid-19. Nossa equipe é bem pequena, ficamos muito abalados e clamamos muito a Deus. Foi um momento muito difícil, todos nos resguardamos e para conseguirmos alguma ajuda foi bem complicado. Se hoje ainda é difícil, há um ano estava muito pior, mas até aqui nos ajudou o Senhor. Graças a Deus não perdemos nenhum idoso e sou muito grata por isso. Temos que ‘matar um leão por dia’. Hoje mesmo ainda enfrentamos muitas dificuldades com massas, proteínas. A situação da Covid-19 foi muito impactante mesmo”, ressalta.
De acordo com a fundadora, a Casa de Sara sente carência de itens como fraldas, alimentos (proteínas), higiene e limpeza, roupas de cama e remédios e conta com a ajuda da população para adquiri-los. Para quem desejar oferecer apoio a instituição, pode entrar em contato pelo WhatsApp (92) 99286 3830 (Wallane Socorro Silva), ou pelos Instagrans: @casadesaraoficial e @casa_de_sara_idosos.
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