Manaus (AM)- Todo o conhecimento tradicional do povo preto de terreiro pauta o trabalho de Keila Sankofa. É a partir dessa identidade que a artista evidencia, em suas obras, o que ela considera a tecnologia do conhecimento ancestral.
O resultado dessa convergência proposta pela amazonense será apresentado a partir desta quarta-feira (27), na Ocupação Amplify, na Galeria 2 do Centro Cultural Oi Futuro, no Rio de Janeiro.
“Não é possível refletir tecnologia pautando apenas equipamentos eletrônicos como finitude da discussão, o corpo carrega informações, e só a partir delas, é possível criar meios facilitadores de comunicação, transmissão de pensamentos e novos pensamentos, sensações e etc. É o corpo que produz primeiro essa inteligência, criando uma onda, fazendo com que esses eletrônicos possam ser ferramentas para utilizá-los no modo convencional ou recriar suas funções”, descreve Sankofa.
A artista foi convidada para participar da residência promovida pela Amplify Digital Arts Initiative (Amplify D.A.I.) em parceria com a Oi Futuro. O objetivo do programa é oferecer aos artistas recursos para o desenvolvimento, trocas entre pares, divulgação dos seus trabalhos em residências artísticas, eventos e festivais em diferentes países. Nessa exposição, a qual a artista amazonense foi convidada, serão apresentadas uma instalação audiovisual e 15 obras em videoinstalações.
Keila Sankofa participou dos dois processos e avalia o convite como um reconhecimento ao trabalho que vem desenvolvendo em Manaus. “Esse é o início do resultado de muitas pesquisas, experimentos e estudos sobre produção de novas narrativas que venho desenvolvendo. Há muitos movimentos para que esses acontecimentos se transformassem em realidade”, revela.
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As residências
No principal trabalho, Keila Sankofa participou de uma residência artística imersiva, aberta ao público, junto com as artistas Bella, do Rio de Janeiro, e Nina Corti, da Argentina. Durante 13 dias de trocas, elas desenvolveram uma instalação inédita em audiovisual criada a partir do acervo de equipamentos eletrônicos e de telecomunicações do Oi Futuro.
“Realizar a residência com duas artistas que trazem sensações sonoras em suas obras, me faz reconhecer novas possibilidades na minha produção. Essa vivência com pessoas e suas diversidades é sempre grandioso, visualizar outras visões de mundo, novas possibilidades e suportes para as contações pretas e ancestrais, que tanto me atravessam, foi delicioso”, descreveu a artista.
Já na exposição que apresenta 15 obras, de duplas de artistas do Brasil, Argentina, Canadá e Reino Unido, Keila apresenta a performance de contato e interação “Presente das presenças”, resultado de uma residência online em parceria com a também artista argentina Fernanda Flores. O projeto traz experiência sobre comida, memória e afetividades. Uma instalação com registros fotográficos e vídeos de uma performance que envolve o afeto pela comida, com peixes, pimentas, verduras, farinha, entre outros.
A Ocupação Amplify fica aberta até o dia 28 de agosto, no horário de 10h às 20h, no Centro Cultural Oi Futuro, no Rio de Janeiro. A entrada para conferir a diversidade desses trabalhos e obras coletivas, é gratuita. Outras informações no site da Oi Futuro (https://oifuturo.org.br) ou da Amplify (https://amplifydai.com).
A artista
Keila Sankofa é produtora, realizadora audiovisual e artista visual nascida em Manaus – Amazonas, onde vive e trabalha. Compreende a rua como espaço de diálogo com a cidade, produzindo instalações audiovisuais que exibem filmes, fotos e videoartes. Artista que utiliza a fotografia e o audiovisual como ferramentas para propor autoestima e questionar apagamentos de pessoas negras; atualmente, utiliza seu corpo como protagonista na construção de suas obras.
Tem uma vasta experiência na direção de produção de projetos audiovisuais como séries e curtas, além de produção de mostras, festivais e espetáculos de diversas linguagens artísticas. Gestora do Grupo Picolé da Massa, Diretora artística do Projeto Direito à Memória, membra da APAN Associação dxs Profissionais do Audiovisual Negro, Nacional Trovoa e do Coletivo Tupiniqueen.
*com informações da assessoria
Edição Web: Bruna Oliveira
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