Um dos clichês mais presentes no debate político é que precisamos de ‘melhores lideranças’, pois da qualidade dos líderes dependem as políticas públicas, que serão “boas” ou “más” para a população. Porém, diante do advento das fakes news e do acúmulo de informações de origem duvidosa na internet, os processos eleitorais no mundo, não só no Brasil, foram colocados em xeque.
No momento de formar sua opinião, o eleitor sofre o impacto de notícias cuja veracidade não é averiguada, criando um juízo em relação aos candidatos e ao processo democrático baseado em notícias falsas, com poder de influenciar o voto. A potencial prejudicialidade das fake news é exponenciada quando consideramos a forma como as novas tecnologias são utilizadas em conjunto com algoritmos que podem rastrear tendências e opiniões, afetando aspectos da vida que vão além das eleições.
Questionar o status quo e a veracidade dos acontecimentos é algo positivo e necessário para a democracia. Contudo, é preciso haver consensos mínimos sobre os fatos, sobretudo os de interesse público.
O grande volume de notícias que colocam em dúvida a maneira como as coisas se deram na realidade, diminui a capacidade das pessoas de diferenciar o real do inventado, portanto é indispensável que padrões éticos básicos sejam respeitados com o intuito de se assegurar um ambiente democrático minimamente saudável.
Na obra “A Morte da Verdade – Notas sobre a Mentira na Era Trump, podemos ler que o argumento pós-moderno de que todas as verdades são parciais e dependem das perspectivas de cada pessoa, levou à constatação de que existem diversas maneiras de entender ou representar um argumento. Isso possibilitou que muitas vozes fossem ouvidas no critério próprio das redes sociais, espaço muito útil para aqueles quiseram defender ideologias ou teorias desacreditadas.
Onde está a verdade? Muitas vezes em lugar nenhum, porém, em tempos de fake news, que contribuiu sobremaneira para a polarização atual da política brasileira, em que eleitores se digladiam em nome de políticos, o jornalismo sério, que apura, que educa com imparcialidade, nunca foi tão necessário.
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