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GREVE

Servidores aprovam greve após fala de presidente da Funai sobre desaparecidos

Os trabalhadores querem que o presidente da instituição, Marcelo Augusto Xavier da Silva, se retrate

Manaus (AM) – Servidores da Funai (Fundação Nacional do Índio) aprovaram, na noite desta segunda-feira (13), estado de greve para esta terça-feira (14), por 24 horas. Os trabalhadores querem que o presidente da instituição, Marcelo Augusto Xavier da Silva, se retrate sobre a informação de que Bruno Pereira e Dom Phillips, desaparecidos desde domingo (5), teriam tido contato com indígenas sem autorização, e que acionará o Ministério Público Federal para apurar o caso.

Participaram da assembleia que decidiu pela greve Indigenistas Associados (INA), representantes do Sindsep-DF (Servidores Públicos Federais do Distrito Federal), da Condisef (Confederação Nacional dos Servidores Públicos Federais) e da Ansef (Associação Nacional dos Servidores da Funai).

Outra reivindicação é de que sejam enviadas força de segurança pública para garantir a integridade física de servidores em todas as bases de proteção do Vale do Javari. O mesmo foi pedido para as sedes das coordenadorias regionais da Funai.

Na segunda-feira (13), a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) rebateu a Funai e disse que Bruno tinha licença para entrar em território indígena. Segundo a entidade, o indigenista saiu da terra indígena para se encontrar com Dom Phillips antes do fim do prazo, que expirou em 30 de maio.

De acordo com o grupo, Bruno se encontrou com o jornalista britânico em Atalaia do Norte (AM) no dia 31 de maio, já fora dos limites da terra indígena e, depois disso, o percurso da dupla ao Lago Jaburu também foi feito sem o ingresso em território protegido. A Univaja também rebateu a informação da Funai de que não notificou o órgão sobre o ingresso de Dom.

“De fato, na autorização de ingresso em terra indígena concedida pela Funai a Bruno Pereira não há menção ao Sr. Phillips, pois ele não ingressou nem intencionava adentrar nos limites da Terra Indígena Vale do Javari”,

explicou.

Segundo a Funai, Bruno e Dom não adotaram os protocolos sanitários de prevenção contra a Covid-19. Já a Univaja contesta: “Não há qualquer normativa que obrigue ou determine que a Funai deve ser avisada quanto ao trânsito de pessoas fora dos limites das terras indígenas”.

Quanto à afirmação relacionada à aproximação dupla de indígenas de recente contato, a Univaja disse que “não cabe à Funai controlar ou monitorar o que nós, indígenas, fazemos fora das nossas terras”. “Esse tipo de afirmação reflete práticas de racismo institucional que devemos extinguir de nossas práticas administrativas”, completou.

Escalada de violência

Localizada na fronteira com o Peru e a Colômbia, com acesso restrito por vias fluviais e aéreas, a região do Vale do Javari é maior do que a Áustria e abriga 6.300 indígenas de 26 grupos diferentes, sendo 19 deles isolados – trata-se da maior concentração de povos isolados no mundo.

Houve um crescimento de 9,2% na violência letal entre 2018 e 2020 em cidades de floresta na região Norte do país, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Isso inclui uma guinada na ocupação da área demarcada, no avanço do tráfico de drogas, da caça clandestina, da extração ilegal de madeira e da mineração de ouro.

“Aquela região tem questões envolvendo o narcotráfico a atividade de madeireira, de pesca ilegal e garimpo. E a organização indígena está nesse enfrentamento contra a invasão das terras”,

declarou Fabio Ribeiro, coordenador-executivo do OPI (Observatórios dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato).

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