Manaus (AM) – O Rio Negro iniciou oficialmente seu período de vazante em Manaus. Nesta terça-feira, 16 de julho, a medição oficial realizada no Porto de Manaus marcou 28,91 metros, consolidando o recuo das águas após oito meses de enchente.

Segundo o boletim do porto, desde o pico da cheia, registrado em 8 de julho com 29,05 metros, o rio recuou 14 centímetros. Isso corresponde a uma média de 1,75 cm por dia, ritmo considerado consistente para o início da descida.

A cheia deste ano ultrapassou a cota de inundação severa, que é de 29 metros. O processo começou ainda em 13 de outubro de 2024, após a maior seca em cem anos no Amazonas. A partir de 7 de novembro, as águas subiram de forma ininterrupta até o dia 8 de julho de 2025.

Impacto social e ações públicas

Segundo a Defesa Civil, mais de 500 mil pessoas foram afetadas diretamente pela enchente, que atingiu 42 dos 62 municípios do estado. As comunidades enfrentam perdas agrícolas, alagamentos e problemas de mobilidade urbana e rural.

Leia também: Cheia 2025: FVS alerta para prevenção de acidentes por animais peçonhentos no AM

A Prefeitura de Manaus adotou uma série de medidas emergenciais para mitigar os impactos da cheia. Foram desobstruídos 4.890 bueiros, dragados 1.437 metros de igarapés e construídos mais de 1.400 metros quadrados de pontes e passarelas provisórias.

Outras ações envolveram a instalação de ecobarreiras flutuantes, que impediram o despejo de 1.350 toneladas de resíduos no rio, além do recolhimento de mais de 20 mil toneladas de recicláveis. Já a Secretaria da Mulher, Assistência Social e Cidadania atendeu 10 mil famílias com cestas básicas e apoio emergencial.

E agora?

Mesmo com o início da vazante, os efeitos da cheia ainda são sentidos. Especialistas alertam que as águas devem continuar baixando nas próximas semanas, mas a normalização total pode demorar até setembro, dependendo das condições climáticas.

Níveis em processo de descida

De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), outros importantes rios da região também apresentam tendência de redução. O rio Solimões, por exemplo, mantém recessão em diversos pontos: em Tabatinga (AM), o declínio médio é de 12 cm por dia; em Fonte Boa (AM), 4 cm; e em Manacapuru (AM), o recuo é mais suave, na ordem de 1 cm diário. O rio Purus começa a entrar em processo de vazante em Beruri (AM), e o rio Acre continua com níveis baixos em Rio Branco (AC).

Na bacia do Madeira, a redução é mais expressiva. Em Porto Velho (RO), o rio desceu 27 cm em um dia. Já o Amazonas mostra os primeiros sinais de descida, com registros de queda em Itacoatiara (AM), Parintins (AM) e Óbidos (PA) — todas em média de 1,5 cm por dia. Na bacia do rio Branco, o nível permanece alto em Caracaraí (RR), acima da cota de atenção (8,5 m), embora em Boa Vista (RR) a cheia apresente elevações menores.

Leia mais:

Famílias ribeirinhas afetadas pela cheia recebem ajuda humanitária em Manaus

Operação Cheia 2025: Ajuda humanitária chega ao município de Apuí

Quase 210 mil pessoas afetadas pela cheia no Amazonas em 2025

Cheia do Rio Negro alaga Centro de Manaus e afeta milhares na capital