Manaus (AM) – As investigações da Polícia Federal seguem a todo vapor na região do Vale do Javari, em Atalaia do Norte (distante a 1.136 quilômetros de Manaus), para identificar envolvidos nas mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. Após a confissão de Amarildo da Costa Oliveira, o ‘Pelado’, os restos mortais da dupla foram encontrados. De acordo com o G1, policiais afirmam que a Polícia Federal agora investiga a participação de pelo menos cinco suspeitos.
Três desses suspeitos teriam envolvimento direto na morte de Bruno e Dom Phillips, um estaria envolvido na ocultação dos restos mortais das vítimas e um seria o suposto mandante do crime. Em coletiva à imprensa, a Polícia Federal informou que a investigação ocorre em sigilo, mas não descartou novas prisões à medida em que as investigações avancem.
As provas continuam sendo recolhidas naquela região e, mesmo após o encontro dos restos mortais, equipes policiais permanecem no local recolhendo indícios e em busca dos rastros deixados pelos envolvidos no crime. Até o momento duas pessoas estão presas, são elas os irmãos Amarildo da Costa Oliveira, réu confesso, e Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como ‘Dos Santos’.
Amarildo informou à Polícia Federal que o Bruno e Dom Phillips foram mortos a tiros. A motivação do crime ainda é desconhecida, mas a polícia apura se há relação com a atividade de pesca ilegal na região.
Na noite de quarta-feira (15), os corpos encontrados foram levados até o Porto de Atalaia do Norte em sacos pretos, para serem transportados de helicóptero para Tabatinga e, de lá, para Brasília, onde já estão para serem adotados os procedimentos de perícia.
Apenas após identificação oficial dos restos mortais e das circunstâncias em que os dois foram assassinados é que os corpos poderão ser entregues as famílias para velório e sepultamento.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Federal para mais informações sobre esses novos suspeitos, mas ainda não obteve resposta.
Buscas
As buscas pelo indigenista e pelo jornalista inglês foram resultado de uma força-tarefa entre Polícia Federal, Exército Brasileiro, Marinha do Brasil, Polícias Civil e Militar e Secretaria de Segurança Pública do Amazonas. São aproximadamente 250 servidores públicos, duas aeronaves, três drones, 16 embarcações e 20 viaturas.
As equipes de busca relataram dificuldades em virtude das características do local onde a dupla desapareceu. “A área conta com vários braços, acessos, furos e desvios nas margens dos rios, sem contar na longa distância até o município de Atalaia do Norte”, diz a polícia federal.
Repercussão internacional
Manifestações em Londres, no Reino Unido, e em Los Angeles, nos Estados Unidos, cobraram respostas sobre o desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira no Vale do Javari, no Amazonas. O caso teve repercussão mundial e foi manchete dos grandes tabloides mundiais.
Dom Phillips, jornalista experiente que vivia no Brasil há 15 anos e escrevia para ‘The Guardian’ e ‘Washington Post’, e Bruno Pereira, servidor de carreira da Fundação Nacional do Índio (Funai) e reconhecidamente defensor das causas indígenas, faziam, de barco, um trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas, quando desapareceram.
O Ministério de Relações Exteriores do Reino Unido afirmou estar em contato com as autoridades brasileiras durante toda a investigação.
Presidente se manifesta
O presidente da República, Jair Bolsonaro, se manifestou publicamente, no início da tarde desta quinta-feira (16), sobre as mortes do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. Ele lamentou as perdas e pediu para que entidades divinas confortem os parentes e amigos da dupla, que foi assassinada na região do Vale do Javari, no Amazonas.
“Nossos sentimentos aos familiares e que Deus conforte o coração de todos!”, comentou Bolsonaro, por meio do Twitter. A declaração não foi feita, porém, no perfil oficial do presidente, que conta com 8,2 milhões de seguidores. Ele respondeu à mensagem da Fundação do Índio (Funai), que tem mil vezes menos seguidores na plataforma: 8,2 mil. A entidade lamentou as mortes e divulgou nota de pesar.
Ameaças
Segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) Bruno e Dom Phillips se deslocaram com o objetivo de visitar a equipe de Vigilância Indígena que se encontra próxima a localidade chamada Lago do Jaburu (próxima da Base de Vigilância da FUNAI, no rio Ituí), para que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas.
Ainda segundo a entidade, conforme relatos dos colaboradores da Univaja, a equipe recebeu ameaças em campo. “A ameaça não foi a primeira, outras já vinham sendo feitas a demais membros da equipe técnica da Unijava, além de outros relatos já oficializados para a Policia Federal, ao Ministério Público Federal em Tabatinga, ao Conselho nacional de Direitos Humanos e ao Indigenous Peoples Rights International”, finaliza o órgão em nota.
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