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Quatro homicídios são registrados em menos de 15 dias em Manaus  

Bilhetes foram encontrados próximo dos corpos

Manaus (AM) – Em 13 dias, a capital Manaus registrou quatro mortes violentas ligadas a disputa de facções criminosas por território na capital amazonense. Todos eles estavam acompanhados de bilhetes com recados misteriosos. A brutalidade choca a população manauara, que acuada, vive em meio à insegurança.

O primeiro crime foi registrado no dia 8 de julho, quando um homem foi morto com oito tiros na cabeça e seu corpo foi deixado na rua 46, bairro Mutirão, Zona Norte de Manaus. Além de ter sido executado, o Departamento Técnico Científico (DPTC) informou que a vítima foi arremessada de um carro em movimento e, em seguida, ainda foi atropelada pelo mesmo veículo. Arrastado, o corpo deixou um rastro de sangue na via pública.

Para justificar o homicídio, um recado foi deixado ao lado do corpo: “Ney c#, tú é o próximo”. Com a ameaça, os fortes indícios apontam que o crime tenha ligação direta com a briga de facções, que ganha forças na capital amazonense.

No dia 15, no bairro Santa Luzia, zona sul de Manaus. Esquartejado, o corpo de um homem foi encontrado por moradores, que identificaram a cabeça e a mão da vítima dentro de um saco de fibra. Ao lado do corpo, um bilhete dizia: “Morri porque sou informante do Coquinho”.

Já no dia 17, outro corpo foi encontrado no ramal do Acará, bairro Lago Azul, na Zona Norte da capital amazonense. Com sinais de marcas de tiros, os moradores acharam o corpo após seguirem um rastro de sangue e ao se depararem com os sinais de violência, chamaram a polícia. Ao lado do corpo, um recado dizia: “Morreu porque tava a jogar com o PCCV”.

O último caso registrado neste mês, até o momento, ocorreu no dia 20. Um jovem de 21 anos foi assassinado a tiros no bairro São Francisco e o corpo foi encontrado pelo pai da vítima. À polícia, o familiar informou que o filho estava sendo ameaçado por outra pessoa.

Ao lado do corpo, o recado dizia: “Morri porque sou olheiro do Coquinho, que eu fique de exemplo pra todos que tão fechado com ele, vejo vocês no inferno. Até breve Coquinho”.

Este último caso, em especial, deixa um aviso para as próximas possíveis vítimas que vivem na mesma situação do jovem assassinado. Na guerra do tráfico, a população encontra-se no meio do fogo cruzado, com medo de perder a vida por bala perdida, ou até mesmo, por ser confundido com alguém.

Acerto de contas

Apesar de alarmante, situações de conflitos acontecem há anos na capital amazonense. Muitas vezes, ataques surpresas entre facções causam situações de “acerto de contas” em plena luz do dia.

Em janeiro de 2022, uma viatura da Polícia Civil que transportava três detentos para uma audiência de custódia no Fórum Ministro Henoch da Silva Reis, Zona Centro-Sul de Manaus, foi atacada por integrantes de uma facção criminosa, que estavam em carros, seguindo a viatura.

Armados com fuzis, os homens dispararam contra a viatura, atingindo os presos e os policiais. Dois dos três detentos morreram com o ataque, e dois policiais acabaram feridos.

De acordo com a Polícia Civil, o ataque foi uma retaliação ao ataque que os três presos haviam planejado no dia anterior. Esse ataque acabou sendo frustrado pela polícia, que prendeu os suspeitos no momento em que se preparava para matar desafetos, no Prosamin do Velho Chico, bairro Praça 14.

“Sem sobra de dúvidas [há o envolvimento de facção criminosa]. Eles haviam sido presos com armas de fogo justamente porque iam cometer homicídios, então os rivais procederam com esse ajuste de conta entre eles, e realizaram esse ataque”,

comentou a delegada-geral, Emília Ferraz, durante a investigação.

Este caso, em especial, é um dos exemplos mais claros da audácia dos integrantes de organizações criminosas que atuam na capital. Se antes, eles faziam ataques a luz do dia na presença da polícia, hoje em dia, eles deixam bem claro de quem partiu a ordem direta dos ataques.

Combate a violência

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022, divulgado no último dia 20, revelou que o Amazonas é o terceiro estado mais violento do país. O relatório revelou que a taxa de Mortes Violentas Intencionais (MVI) no estado são de 38,8 mortes por 100 mil pessoas.

Neste contexto estão inclusos homicídios doloso, latrocínios, lesões corporais seguida de morte, mortes de policiais e mortes decorrentes de intervenção policial. Ao todo, em 2022, foram 1.531 mortes violentas catalogadas. Ainda assim, esses números revelam uma queda no índice de 9,3% em comparação a 2021.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) constantemente realiza ações de combate ao crime organizado em sua totalidade. Através da Operação Hórus/Fronteira Mais Segura, os agentes de segurança desarticulam o esquema de venda de drogas através das grandes apreensões.

Uma das alternativas para coibir o avanço do crime organizado na cidade foi assinado no último dia 20. O Governo do Amazonas, através do governador em exercício, Tadeu de Souza, firmou, com o Ministério Público do Amazonas, um acordo de cooperação técnica para a implantação de uma equipe interprofissional voltada ao enfrentamento do crime organizado.

De acordo com os órgãos, a parceria será executada por meio da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-AM) e do Centro de Apoio Operacional de Inteligência, Investigação e Combate ao Crime Organizado (Caocrimo).

O acordo terá vigência de cinco anos, sem transferência de recursos financeiros, e a SSP-AM irá reforçar a estrutura do Caocrimo com agentes da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM).

Diante da crescente onda de violência ligadas diretamente ao crime organizado, a população aguarda medidas que priorizem a segurança dos manauaras como todo, uma vez que os índices de violência são altos em relação ao território nacional.

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