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ARTESANATO

Crochê ‘Amigurumi’ faz sucesso e vira fonte de renda em Manaus

Além do crochê tradicional, a arte ganha adeptos e ajuda na complementação da renda familiar

Manaus (AM) – Com um design simples, delicado, cheios de cor e, após muita prática, usando agulha e linha como principais matérias primas, a técnica japonesa de artesanato “amigurumi” tem conquistado muitas pessoas e virou fonte de renda para artesãos durante a pandemia da Covid-19. 

A palavra “amigurumi” surgiu da conjunção de duas outras palavras japonesas: “amimono” que significa crochê e “nuigurumi” que significa bicho de pelúcia. 

Essa técnica se tornou uma forte tendência no mundo da decoração e do Do-It-yourself (DIY) – que significa o faça você mesmo. Esses itens feitos de crochê são utilizados tanto como objetos decorativos quanto brinquedos para crianças. Geralmente, os amigurumis imitam formas de animais ou de humanos, como exemplo alguns personagens de animação conhecidos pelo público infantil. São feitos à mão, em um trabalho artesanal que envolve persistência e bastante criatividade.

O longo período dentro de casa, motivado pelo distanciamento social promovido pela pandemia de Covid-19, ajudou a despertar artistas adormecidos pela correria do cotidiano. Aos 24 anos de idade, a artesã e auxiliar de produção Elizabeth Reis enxergou os amigurumis como passatempo e complementação de renda, por conta do fechamento do comércio, durante os períodos mais duros da pandemia.

Foto: acervo pessoal

Adepta do crochê há um bom tempo, Elizabeth aprendeu essa vertente do artesanato por meio da internet para vencer a “ociosidade” e logo se apaixonou pelo estilo que a deu liberdade para representar personagens, pessoas e animais de estimação. Para ela, a pandemia foi o ponta pé inicial para investir no segmento.

Foto: acervo pessoal

“Vi, durante a pandemia, uma grande demanda de pedidos entre mamães e titias. Aprendi com aulas online, pois sabia o básico do crochê minha vida sempre foi movida pela arte. Vi ali uma oportunidade de aprender algo que não tinha total conhecimento”, declarou.

Diferente do tradicional crochê, o amigurumi exige mais para a produção, visto que, além das agulhas de crochê e linhas, também é necessário o enchimento de poliéster e outros itens como os olhos e laços. Chamados pelos artesãos como “receita”, os modelos variam com linhas coloridas e as bonecas ou outros objetos de decoração são feitos manualmente.

Com o período pandêmico, houve também o impacto nos hábitos de consumo e nas formas de atendimento aos clientes, visto que, por exemplo, mais de 80% dos varejistas passaram a investir no Facebook e no Instagram para as vendas. Quem atua com diferentes técnicas de artesanato também percebeu o aumento pela procura das artes manuais através das redes sociais. Dona do perfil nas redes sociais @amigurumi_manauseliza, Elizabeth ressalta que esse foi um dos primeiros desafios que enfrentou.

“No início tinha dificuldades em cuidar das minhas redes sociais e deixar um padrão, juntamente com o processo de aprender o amigurumi. Pois envolve desde o tipo do fio a leitura de receitas. O tempo e dedicação ajudam no processo. Minha demanda tem aumentado bastante, quanto por indicação quanto por via Instagram. Tornando assim mais conhecida”, disse.

Foto: acervo pessoal

Há dois anos atuando como profissional do segmento, Elizabeth não poupa palavras ao falar sobre a gratificação que sente ao ver o seu trabalho e o de outros artesãos sendo reconhecidos, ainda mais por se tratar de algo feito manualmente.

“Vejo que a procura dos amigurumis cresceu e o mais incrível é ver as pessoas valorizando uma peça feita à mão. Me sinto muito feliz por ver que a cada tempo que passa os amigurumis ficam mais conhecidos e fazem parte de tantos momentos felizes entre mães e filhos. Gosto de fazer todos em geral, é algo gratificante ver o amigurumi pronto e ver ele fazendo parte de um momento feliz, deste em quartos de decoração quanto fazendo parte de mêsversários”, pontuou.

A popularização do crochê também ocorreu como uma forma de conservar a saúde mental durante o período de isolamento social e reclusão, o que muitos dos artesãos consideram como um dos maiores benefícios dessa prática.

Dentre os principais benefícios estão: alívio do estresse e da ansiedade, melhora da concentração, estímulo da criatividade, relaxamento, combate à depressão, melhora da autoestima e da coordenação motora.

“Durante o período de pandemia, digo que o crochê me deu dias de evolução, dedicação e amor por conta de todos esses benefícios. Por conta dele, me vi ocupando aquele ‘vazio’ promovido pelo sentimento de angústia e tristeza. Foi nesse momento que vi que todo o meu amor pelo crochê poderia sim me apresentar a uma vida de empreendedorismo e, claro, ser uma fonte de renda naquele período de crise e distanciamento social”, explicou.

O primeiro trabalho divulgado pela artesã via Instagram foi o “safari”, cuja procura rende até o dia de hoje. De acordo Eliza, as ideias para as confecções surgem por meio das receitas cedidas por outras fabricantes ou de ideias fornecidas pelas próprias clientes.

Foto: acervo pessoal

“No meio do amigurumi todos os modelos são disponibilizados para venda via internet por receitas autorias de artesãs de amigurumi e, por meio delas, é possível reproduzir a peça. Alguns modelos vêm pelos projetos das mamães que vem a minha procura. Faço os amigurumis como um destaque de decoração infantil como um novo amigo para os bebês das minhas clientes”, destacou.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Elizabeth, entre em contato pelo Instagram: @amigurumi_manauseliza; pelo Facebook: Amigurumi Manaus Eliza ou pelo Whatsapp: (92) 988472155.

O que são os amigurumis?

A arte de criar objetos por meio da técnica do tricô já era utilizada no Japão, desde seu período feudal, no qual os samurais serviam-se desta técnica para criar peças de roupas que lhe prestavam assistência em seu cotidiano. As técnicas de tecelagem japonesas, como o Kasuri e o Shibori, são milenares e muito utilizadas na indústria têxtil.

Os bonecos amigurumis começaram a serem produzidos nos anos 80, após o desenvolvimento dos gráficos e da cultura kawaii se mostrarem em evidência país, pois valorizam a alta qualidade estética principalmente em sua cultura pop. Com essa cultura em alta, revistas japonesas que tem como foco o público feminino, passaram publicar diversas receitas de como produzir seu amigurumi, disseminando assim os bichinhos para o grande público. Com a grande procura e demanda de amigurumis em janeiro de 2002 foi criada a primeira Associação Japonesa de Amigurumi.

Pauta e edição Web: Bruna Oliveira

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