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Em Manaus, Casa Andréa acolhe hansenianos do interior do Amazonas

Atualmente com 10 portadores de hanseníase hospedados, a Casa Andrea carece de recursos para oferecer esse apoio a um público maior

Manaus (AM) – Depois da Índia, o Brasil é o segundo país no mundo em incidência de hanseníase, com uma média de 30 mil casos por ano. A doença é causada por uma bactéria que atinge a pele e os nervos. No Brasil, em 2019, foram diagnosticados 23.612 casos novos. Em 2018, o estado do Amazonas apresentou taxa de prevalência de hanseníase de 0,93/10.000 habitantes, no qual foram diagnosticados 425 casos novos.

Centro de referência para diagnóstico e tratamento da hanseníase no Amazonas, a Fundação de Dermatologia Tropical e Venereologia Alfredo da Matta (FUAM), em Manaus, promove ações regulares de supervisão da hanseníase e treinamento de profissionais da saúde na capital e demais municípios do estado. As atividades realizadas pela Fundação envolvem uma equipe comporta por dermatologista, enfermeiros, técnicos de enfermagem e/ou laboratório, dependendo da demanda do município e da necessidade de treinamentos específicos.

Em parceria com a FUAM, a sociedade de amparo a hansenianos Casa Andréa do Amazonas existe com o intuito de abrigar idosos acometidos da doença quando se encontram em tratamento em Manaus. A Instituição nasceu por meio de populares que decidiram criar uma entidade assistencial que abrigasse os hansenianos em trânsito pela capital amazonense.

A Instituição foi criada há 44 anos e a sede fica localizada na rua Brasil, nº 40, Coroado 2. De acordo com o presidente da Casa Andréa, Neuton Dione, as pessoas ajudadas pela instituição vêm de cidades do interior do Estado e até mesmo de municípios de outros estados como Rondônia, que vem para a capital amazonense durante o tratamento e, assim que finalizado, retornam para os seus lares. A casa de acolhimento surgiu a partir de outra que existia em Belém (PA), mas que foi desativada.

“A minha principal função lá é correr atrás de melhoria para a instituição e é um pouco difícil. Nós trabalhamos com um público de pessoas portadoras de hanseníase que vem de vários municípios e cidadezinhas distantes, como Lábrea Manacapuru e Porto Velho, Rondônia. Essas pessoas vêm para tratamento no Alfredo da Matta e eles as encaminham para lá. Cada uma dessas pessoas volta para as suas cidades após o tratamento e a recuperação”, destacou.

Pedido de apoio

Atualmente com 10 portadores de hanseníase hospedados na Casa Andréa, Neuton ressalta que a instituição carece de recursos para oferecer esse apoio a um público maior. Na luta contra a hanseníase, o preconceito ainda é um desafio que, muitas vezes, acontece em decorrência de dúvidas relacionadas à transmissão da doença, tendo em vista que a hanseníase não é mais vista como no passado, hoje ela tem tratamento e cura.

Conforme o gestor da entidade, as maiores dificuldades enfrentadas são voltadas a falta de apoio, muitas vezes ocasionadas pela discriminação com os portadores da doença. Além disso, relembra os problemas que surgiram durante o período pandêmico que atingiu a capital amazonense.

“Somos esquecidos e abandonados. Por trabalharmos com pessoas com hanseníase sentimos na pele um certo preconceito com o trabalho exercido pela nossa instituição. É muito difícil tentarmos arrecadar dinheiro por meio de uma feijoada ou algo do gênero por sabermos que grande parte vai evitar nos ajudar por conta do preconceito por trabalharmos com esse público. Não temos apoio, mas o pouco que temos é de pessoas de faculdades ou igrejas que aparecem uma vez ou outra para deixar alguma doação ou uma cesta básica. Na época da pandemia foi mais dificultoso para a gente, não entrava nada. O pouco que tínhamos fomos dando para os pacientes se alimentarem, mas não entrou nada”,

relatou Neuton.

Enfrentando a vulnerabilidade social, tanto do ponto de vista do bem estar dos portadores de hanseníase quanto para se manter, a Casa Andréa vive sérios problemas financeiros. Se a presença de médico, técnico de enfermagem, profissional de serviços gerais e até de itens básicos como materiais de limpeza, Neuton atenta para o descaso sofrido pela entidade e pede ajuda da população para que seja possível a quitação de uma dívida.

“É uma das dificuldades que ainda estamos passando. Hoje ainda não conseguimos entrar em um convenio por não termos como pagar uma dívida que é em torno de R$ 14 ou 15 mil. Esse valor já servia para pagarmos todas as pendências de água e outras coisas que ficaram como pendência da gestão de outros presidentes da instituição. Só quando pagarmos vai ser possível entrarmos em um editar ou convênio para trazer melhorias, além de contratar pessoas para trabalhar e até mesmo gerar empreso. Essa pauta ainda é muito gravíssima e, se conseguirmos quitar essa dívida, ficamos com a instituição dentro do padrão”, pontuou.

Ele frisa ainda uma certa banalização da população amazonense em achar que os diagnósticos para hanseníase não são mais pertinentes e explica que a realidade é bem diferente.

“Nós queremos ajudar mais pessoas de muitas localidades. Até então, parte das pessoas acreditam que a hanseníase acabou. Mas não é bem assim. Já encontrei muitas pessoas isoladas nos beiradões por aí. Sempre enfrentando o preconceito por ser uma doença que ataca muito a pele e, se não passar pelo tratamento, a pessoa ainda pode ficar com deformidades, e quando desenvolve uma úlcera é bem pior. Estamos há 44 anos nessa peleja. Estou como gestor desde 2015, mas estou tentando conseguir uma melhoria e, até o momento ainda não consegui”, concluiu.

Caso esteja interessado em ajudar a causa da Casa Andréa, o leitor pode entrar em contato com a instituição pelo número de telefone (92) 99222-4165, do presidente Neuton Dione. Se preferir ajudar com depósitos em dinheiro, o gestor ressalta que o número da conta corrente da entidade, do Banco Caixa Econômica, é 38607-2, agência 1043, operador 13. Doações também podem ser feitas pela seguinte chave pix: (92) 99222-4165.

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