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Saneamento básico: Investimento que gera retorno financeiro em Manaus

Conforme o Trata Brasil, para cada R$ 1 investido em obras de saneamento, foi gerada uma renda de R$ 1,57 na economia brasileira entre 2005 e 2020

Manaus (AM) – O saneamento básico é vital para o desenvolvimento de uma cidade. Este trabalho que fica embaixo da terra muda a vida das pessoas, sendo essencial para a saúde, proteção dos rios, valorização imobiliária, turismo, além da produtividade do trabalho. O acesso ao serviço é ainda um direito garantido pela Constituição.

Na cidade mais populosa da região Norte, com 2 milhões de habitantes, Manaus vem apresentando evolução nos indicadores de saneamento, com projeção de alcançar 30% de cobertura sanitária ainda este ano. Nos últimos anos, a capital do Amazonas apresentou melhorias, como a chegada de água tratada a moradores em vulnerabilidade, avanços na inclusão da população de classe baixa na tarifa social e ampliação de investimentos nos serviços de água e esgoto. Apesar dos avanços, especialistas afirmam ter um longo caminho pela frente.

Mesmo essencial para o desenvolvimento econômico, as obras de saneamento passam despercebidas aos olhos de muitas pessoas. Segundo analisa a economista Denise Kassama, mesmo relevantes elas não estavam, nas gestões anteriores, entre as principais bandeiras do Poder Executivo Municipal, principalmente por não chamarem atenção.

“É uma obra que ninguém vê, o investimento no esgotamento fica no subsolo. Diferente de inaugurar viaduto, o viaduto é uma obra grande, chama atenção e o esgoto está debaixo da terra, mas o esgoto ele é bem mais importante que um viaduto. Muito embora o relatório do Trata Brasil mostre que Manaus deu uma melhorada, há um longo caminho pela frente para poder dizer que Manaus é uma cidade sustentável”,

avalia.

Diferente do que muitos pensam, o saneamento contribui para o desenvolvimento econômico, além da saúde da população. Um estudo do Instituto Trata Brasil calculou quanto a universalização até 2040 do serviço de esgotamento traria de benefícios econômicos. Intitulado “Benefícios Econômicos e Sociais da Expansão do Saneamento Brasileiro 2022”, a pesquisa mostrou que o benefício econômico alcançaria a cifra de R$ 815,7 bilhões.

Em Manaus, a universalização do esgotamento é uma meta para os próximos 10 anos, ou seja, a cidade pode ser uma das pioneiras a atingir a universalização. Para isso, desde 2018, foram investidos cerca de R$ 1 bilhão no saneamento básico. Para os próximos 10 anos, a estimativa é de mais R$ 2 bilhões de investimento, conforme dados da Águas de Manaus, concessionária responsável pelos serviços de água, coleta e tratamento de esgoto.

O Ranking do Saneamento, do Instituto Trata Brasil, mostra esse avanço significativo. Segundo o levantamento, Manaus saiu da colocação 98 para a 83 em poucos anos. O ranking se baseou nos indicadores do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do ano de 2021.

Ganhos financeiros

Implantação de rede de esgoto na Zona Centro-Sul de Manaus Foto: Divulgação

Conforme o estudo sobre benefícios econômicos com universalização do saneamento básico no Brasil, os setores que teriam mais ganhos seriam o imobiliário, turismo e o trabalho, com o aumento da produtividade. Conforme dados do Trata Brasil, entre 2005 e 2020, os investimentos em saneamento sustentaram 163,8 mil empregos e geraram R$ 19,7 bilhões de renda.

O levantamento mostra que para cada R$ 1 investido em obras de saneamento, foi gerada uma renda de R$ 1,57 na economia brasileira, uma relação que mostra o efeito multiplicador de renda dos investimentos em saneamento.

Na capital amazonense, os investimentos no saneamento são ainda mais importantes, considerando que a cidade vive um bom momento na área no mercado imobiliário. De acordo com Urban Systems, Manaus é a quarta no ranking das cem melhores cidades brasileiras para se fazer negócios imobiliários. O ranking foi divulgado no início deste ano, por meio da revista Exame.

“O saneamento básico é importante para evitar doenças, prejudicando a economia, considerando que a pessoa deixa de ir trabalhar porque ficou doente. Manaus já teve muito esgoto a céu aberto, o que era prejudicial à população, sendo então inequívoco que o saneamento ajuda a melhorar a qualidade de vida das pessoas, melhorar a saúde”,

explica Kassama ao fazer a ligação entre os serviços de esgotamento e a economia.

Investimentos em Manaus

Nos últimos 5 anos, foram mais de 200 quilômetros de rede de abastecimento implantados em áreas vulneráveis de Manaus, beneficiando mais 200 mil pessoas, que até então eram abastecidas com água sem procedência, o que as colocava em risco em relação à saúde e bem-estar.

Concessionária atua na expansão da rede de esgoto em todas as zonas de Manaus Foto: Divulgação

Segundo a Águas de Manaus, o serviço está hoje presente em todas as zonas da cidade e segue em expansão, também contemplando áreas vulneráveis. A concessionária também visa lançar um novo plano de expansão do esgotamento sanitário em Manaus, com uma programação de obras para os próximos anos. Denise avalia que esse é o caminho para melhorar a receita financeira no futuro.

“A gente quer ser uma cidade turística, quer gerar receita econômica dessa atividade, mas temos que cuidar disso. Principalmente no que se diz respeito a questão urbana”,

destaca Kassama.

Fiscalização

Embora os investimentos em saneamento sejam necessários até mesmo para o desenvolvimento imobiliário, na Região Metropolitana de Manaus (RMM), empresas fazem loteamentos de terras para construção de imóveis, mas não apresentam um trabalho de esgotamento para atender a demanda.

“Se há desafios na cidade de Manaus, na região metropolitana é ainda mais complicado. Gosto muito de ir à região do Açutuba, tomar banho. Hoje, vejo um aumento da quantidade de loteamentos na área, que se transformarão em residências e onde vão ser despejados os resíduos de esgoto? Serão despejados em igarapés e poluir as áreas de banhos.”

Kassama avalia que o Polo Industrial de Manaus (PIM) é um bom exemplo de fiscalização, pois as indústrias precisam de licenças ambientais para construir as empresas e um projeto de esgotamento para atuar livremente, diferente dos negócios próximos à Manaus.

“O que me preocupa não é tanto o polo industrial, mas o resto. Tem que haver rigor também para acompanhar o crescimento imobiliário. Manaus tem tudo para ser uma cidade modelo, uma cidade no meio da floresta amazônica, com respeito a preservação da floresta. Para isso acontecer tem que cuidar do esgoto”,

conclui.

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