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Cerimômia

Bolsonaro veste cocar e cita cristianismo a indígenas

Sob críticas, presidente recebeu a Medalha do Mérito Indigenista e falou sobre aproximação e integração dos povos indígenas

Divulgação

Brasília (DF) – Ao receber a Medalha do Mérito Indigenista, nesta sexta-feira (18), o presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou a etnias indígenas citando o cristianismo.

“Me sinto muito feliz com este cocar graciosamente ofertado a mim. Somos exatamente iguais. Todos nós viemos à Terra pela graça de Deus”,

iniciou Bolsonaro.

Na cerimônia, realizada fora da agenda no Palácio da Justiça, em Brasília, Bolsonaro vestiu um cocar, adorno usado por comunidades americanas, e segurou uma criança indígena no colo. Ao fim do evento, indígenas da etnia Parecis, de Mato Grosso, fizeram uma apresentação de dança tradicional.

“O que nós sempre quisemos foi fazer com que vocês se sentissem exatamente como nós. O dom, a possibilidade de fazer o bem ao próximo não tem preço. Vocês chegaram aqui bem antes de nós, mas cada vez mais nos integramos. Tenho certeza que, ao longo dos últimos três anos, nos aproximamos muito, mas muito mais que em tempos anteriores”,

prosseguiu o mandatário em discurso.

O chefe do Executivo federal ainda afirmou que o evento “bem demonstra para o mundo todo o carinho e o respeito” que o governo tem pelos povos indígenas.

“Nós os queremos ao nosso lado, queremos que vocês façam em suas terras o que nós fazemos nas nossas. Viemos do mesmo lugar, do criador. E no futuro voltaremos para ele também. Nessa passagem pela Terra, vamos buscar cada vez mais levar felicidade a vocês. Dizer a vocês que nós somos irmãos, somos amigos, não somos diferentes”,

concluiu.

Críticas

A homenagem rendeu críticas ao governo por associações e políticos, dado que Bolsonaro é defensor de agendas consideradas por especialistas como contrárias ao bem-estar das comunidades indígenas, entre elas a mineração em terras demarcadas. Em razão disso, a cerimônia não constou na agenda oficial do presidente da República e foi fechada à imprensa.

A condecoração a Bolsonaro ainda fez com que Sydney Ferreira Possuelo – ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) e ativista – devolvesse sua medalha do mérito indigenista, recebida há 35 anos.

Em carta, Possuelo afirmou que a concessão do mérito ao presidente “é um flagrante, descomunal” e uma “ostensiva contradição” em relação ao trabalho que ele mesmo realizou e motivou a sua premiação.

O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, protocolou um projeto na Câmara dos Deputados para suspender a concessão da medalha a Bolsonaro.

“É um escárnio que o mesmo governo que tenta liberar a mineração em terras indígenas, colocando em risco a existência destes povos tão perseguidos e maltratados, tenha a desfaçatez de se autoconceder medalhas de ‘mérito’ por todos estes males feitos nos últimos três anos. Ou o Congresso cancela este absurdo ou estará se associando a esta agressão sem precedentes aos povos indígenas”, afirmou Molon.

*Com informações do Metrópoles

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