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INCLUSÃO

Associação em Manaus promove inclusão social e capacitação para a comunidade surda

A instituição existe há 33 anos oferecendo aos associados diversos serviços, dentre eles atividades de capacitação e, posteriormente, inserção e encaminhamento ao mercado de trabalho

Reunião com a comunidade surda participante da Asman - foto: divulgação

Manaus (AM) – O número de pessoas com deficiência auditiva, no Brasil, ultrapassa os dez milhões. Desse número, cerca 2,7 milhões de pessoas possuem surdez profunda, ou seja, não escutam nada. No Amazonas são, em média, 154 mil pessoas com deficiência auditiva. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de os números serem grandes, não são suficientes para alterar a realidade que muitos vivem no país, tendo em vista que viver com surdez, no Brasil, é um desafio no âmbito da inclusão social.

Graças à luta sistemática e persistente da comunidade surda na capital amazonense, foi fundada, em 13 de outubro de 1989, a Associação dos Surdos de Manaus (Asman). A Organização Não-Governamental (ONG) foi construída e consolidada por meio de uma árdua mobilização da comunidade surda, interpretes voluntários e familiares. A instituição existe há 33 anos oferecendo aos associados diversos serviços, dentre eles atividades de capacitação e, posteriormente, inserção e encaminhamento ao mercado de trabalho. A Asman fica localizada na rua Santuário de Fátima, nº 29, bairro Alvorada 2.

O início

No ano de 1986, os surdos amazonenses passaram a realizar encontros em praças, residências de amigos e outros espaços públicos, com objetivo de socializar informações gerais e discutir sobre a luta em prol de seus direitos e a importância da união do povo surdo. Com o auxílio do senhor Gilmar Mendes, surdo e idealizador da Asman, eram realizadas atividades esportivas e campeonatos no bairro da Aparecida e Parque Dez. O objetivo era arrecadar fundos para a compra de uma sede, mas não houve resultado.

Inicialmente, a instituição teve sede provisória no bairro São Jorge, na residência do sócio-fundador e primeiro residente da instituição, Marlon Jorge Silva, que esteve na gestão até o ano de 2002. Atualmente, com o presidente Alexandre Santos de Almeida, a instituição segue lutando em prol dos direitos da comunidade surda e conta com uma extensa lista de parceiros em diversas áreas – inclusive na indústria: as empresas Yamaha, Honda, LG, Essilor, Café Manaus, Nissin Break e Phillips são algumas. 

Ao Em Tempo, o atual presidente falou um pouco sobre o início das mobilizações em prol da comunidade.

“Tudo começou em 1972, com a chegada do Padre Eugenio Oates na cidade de Manaus. Desde então, o Padre organizava encontros na Igreja da Aparecida com a comunidade surda a fim de transmitir conhecimento sobre Deus. Mais tarde, tais encontros passaram a serem frequentes e regulares em datas comemorativas. Desde então, os serviços têm grande procura pelos usuários surdos, por isso nossa proposta engloba a continuidade desta ação”,

destacou.

Diretoria da Asman. Foto: Divulgação

Outros serviços ofertados são voltados para a orientação dos usuários e seus respectivos familiares sobre Beneficio de Prestação Continuada (BPC), encaminhamentos para rede sócio assistencial, orientação sobre os programas sociais, capacitação para o mercado de trabalho e geração de renda, palestras socioeducativas e psicossociais, passeios e atividades culturais, Curso de Libras para surdos e sua família e empresas que empregam surdos, atividades desportivas em locais cedidos pela comunidade, apoio de interpretes de libras para esclarecimentos e apoio familiar. E por fim, em todos os sábados são realizados atividades de lazer e descontração para a comunidade surda na associação.

“A inclusão social da comunidade surda é importante em qualquer negócio, principalmente em serviços básicos e comuns do cotidiano. A nossa associação tem como pauta principal levantar a importância da inclusão dos surdos na educação e no mercado de trabalho. O surdo precisa ser visto como um cidadão, como alguém que pode e deve exercer seus direitos e deveres. Diante desse ponto, o papel da instituição é de grande relevância para a sociedade como um todo”,

pontuou.

Voluntariado

Intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) há 5 anos e atuando como voluntário na ONG há 2 anos, Jorge Luiz da Silva Ribeiro, de 29 anos, iniciou na área para provar que o amor não tem barreiras. Ele estudou Libras para se comunicar com a esposa Cleydiane Sá de Castro, com quem é casado há 9 anos e, um tempo depois, decidiu se profissionalizar. Durante esse período, não poupa palavras para ressaltar que a imersão ao fazer parte da comunidade surda tem sido muito gratificante.

“A vontade surgiu quando eu conheci minha atual esposa, senti a necessidade de aprender a Língua de Sinais para poder me comunicar com ela. É por ela ser surda que me senti empático em fazer a aquisição de Libras. Minha experiência tem sido bem relevante pelo fato de ter tido oportunidade de atuar em diversos contextos, na área da Saúde, Conferências, Jurídico, Comunitário e outros”,

declarou.

A Lei nº 10.436 tornou a Língua Brasileira de Sinais a segunda linguagem oficial do país. Além disso, os órgãos públicos e empresas vinculadas ao governo tem por obrigação ajudar na inclusão dos surdos e na popularização das libras. Mesmo sendo reconhecida como a segunda língua oficial do nosso país, as libras são quase desconhecidas para muitos brasileiros e, sobre isso, Jorge destaca a importância do aprendizado por parte da população.

“Por meio desse aprendizado a população Brasileira teria mais empatia com o ser Surdo, teria o conhecimento referente a cultura, a comunicação seria mais difundida e a comunidade surda se sentiria acolhida e inclusa, principalmente em lugares públicos, exemplo: Bancos, hospitais, operadoras telefônicas, lojas e outros similares, se a população tivesse o conhecimento básico na Língua seria de muita valia a comunidade Surda”,

comentou.

Assim como as línguas orais, a Libras tem suas variações regionais e sociais, de acordo com a cultura e a época que se fala. Boa parte da Língua é reconhecida oficialmente através da publicação do dicionário oficial da Língua de Sinais. Porém, o fato de não constar no dicionário não ratifica a tese de que não seja Libras oficial.

“A Libras não é Universal, existe o regionalismo linguístico dentro de cada região no Brasileira, comparando com a Língua Portuguesa que também tem suas variações linguísticas como o sotaque que são notados em alguns estados do Brasil, assim também e a Língua Brasileira de sinais com as suas peculiaridades”, explicou.

Para quem desejar conhecer mais sobre a Associação dos Surdos de Manaus (Asman) pode acessar o Instagram @asman.manaus. Também é possível entrar em contato pelo WhatsApp (92) 99991-0173 ou pelo e-mail [email protected]. Em caso de doações, os valores podem ser enviados por meio da chave PIX da Associação: [email protected].

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