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Vergonha

Seca evidencia realidade histórica do lixo na orla do Educandos

Na manhã desta segunda-feira (7), o Em Tempo esteve no local e conversou com moradores que sofrem, historicamente, com o problema causado pela falta de consciência de parte da população

Embaixo na ponte do Educandos, com a vazante do rio Negro, sujeira é evidenciada/Foto: Carlos Araújo

Manaus (AM) – Em todo período de vazante dos rios, uma triste realidade vem à tona nas zonas periféricas de Manaus: toneladas de lixo acumulam-se nas encostas de igarapés. Essa cena é uma realidade, por exemplo, no bairro Educados, Zona Centro-Sul de Manaus.

Na manhã desta segunda-feira (7), o Em Tempo esteve no local e conversou com moradores que sofrem, historicamente, com o problema causado pela falta de consciência de parte da população.

Risco

O aposentado Antônio dos Santos*, de 76 anos, mora na rua Delcídio do Amaral, próximo à ponte do Educandos. Dos 76, viveu 60 anos no bairro, de onde viu os filhos crescerem, casarem e terem netos.

“Amo o Educandos. O que não amo é acordar todos os dias, aqui na rua, todos os dias, passar pelo viaduto e ver tanta podridão acumulada. Nestes 60 anos aqui, gastei muito ‘palavreado’ com esse povo para não jogar lixo, mas a maioria não está nem aí. Nunca quis sair daqui por opção, porque teve época que indenizaram todo mundo aqui perto do rio. Mas a realidade é muito dura”,

comenta.

O aposentado lembra que, inclusive, teve de conviver com invasões de quem não tinha consciência ambiental alguma. “Invadiam e eu pedindo, pelo amor de Deus, que não fizessem isso. Além de destruir tudo, porque já tem outra aqui, ainda jogam tudo no rio. Eu sou o chato da rua na boca do pessoal”, desabafa.

Outro problema é o aumento do número de animais peçonhentos. Maria da Flor*, de 47 anos, conta que quase foi mordida por uma cobra quando foi tirar o filho de uma área de mata com muito lixo, quando o rio secou.

“Eu gritei para esse menino não ir brincar ali. Num descuido, ele correu lá e fui buscar. Sou mãe, que se preocupa. Quando venho carregando meu filho no colo, senti que havia pisado em uma coisa e reparei que era uma cobra. Foi uma questão de segundos que tirei o pé e escapei de um bote”, relata.

Outro aposentado identificado apenas como ‘Ferrugem’, de 80 anos, também mora há anos no local. De acordo com ele, gestões passadas prometeram muitas obras no local. “Nossa esperança está agora. Mas já bati e pedi muito que esse pessoal pare de jogar lixo. Quanta falta de consciência. A sujeira é imensa. Moradores já criaram até a criar projetos para cá, mas nunca saiu do papel e um morador muito querido daqui não teve apoio. E era um ótimo projeto”, relata.

Lembrando que, somente em julho deste ano, a Prefeitura de Manaus retirou 500 toneladas de resíduos dos rios e igarapés da cidade nos últimos 30 dias

Consciência

Por outro lado, o poder público corre contra o tempo na revitalização de igarapés da cidade. A Prefeitura de Manaus, por exemplo, está todos os dias em 70 pontos realizando algum tipo de serviço de limpeza nestes locais. É o caso do igarapé da comunidade do Perpétuo Socorro, bairro Cidade Nova, Zona Norte de Manaus, que recebeu, no último dia 20 de outubro, a equipe da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp).

Na ocasião, o secretário da pasta, Sabá Reis, fez um apelo à população para ajudar a prefeitura a manter a cidade limpa e enfatizou que não há a necessidade de jogar lixo nos rios e igarapés, recordando que a capital amazonense tem coleta domiciliar diária, única capital do Brasil a contar com o serviço diário, de segunda a sábado.

“Os nossos rios e igarapés são muito importantes e não podem ser poluídos. Os órgãos públicos fazem a sua parte, a população precisa fazer a dela”, reforçou.

Mais seca

Em relação a vazante, de acordo com a última atualização da Defesa Civil do Estado, oito municípios estão em situação de emergência, além do que é evidenciado em Manaus.

No Polo do Médio Solimões, que compreende os municípios de Tefé, Uarini, Alvarães, Fonte Boa, Jutaí, Japurá, Maraã e Juruá, o rio já está em processo acelerado de vazante.

Nesta região, por exemplo, o fornecimento de energia elétrica é realizado por meio de termelétricas, que dependem de insumos geralmente providos por via fluvial.

*Nome usado para preservar a identidade do entrevistado

Veja as lives com o repórter Carlos Araújo e o cinegrafista Marcos Holanda:

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