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Região Norte

Brasil reforça defesa na fronteira por tensão em região petrolífera

Países vizinhos vivem tensão por disputa sobre a região de Essequibo

O Brasil enviou 60 militares adicionais do Exército para reforçar a segurança na cidade de Pacaraima, no estado de Roraima, próxima à tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana, em meio ao aumento da tensão envolvendo o referendo marcado para este domingo na Venezuela sobre a anexação da região de Essequibo, na Guiana, território rico em petróleo. 

O Ministério da Defesa informou que aumentou a presença militar nas fronteiras da região Norte, em especial nas divisas do Brasil com a Venezuela e com a Guiana. A medida ocorre em meio as tensões entre os dois países vizinhos, que envolve o território de Essequibo.

“O ministro [José Múcio Monteiro] já estava ciente dessa questão […] Inclusive, havia determinado reforço do nosso Exército das nossas fronteiras Norte para garantir nossa soberania”,

disse o senador Hiran Gonçalves (PP-RR), que tem acompanhado a situação.

No próximo domingo (3), os venezuelanos vão às urnas em um referendo para decidir se apoiam o presidente Nicolás Maduro na criação de uma nova província chamada de “Guayana Esequiba”.

Se o referendo for aprovado, a Venezuela pretende assumir o espaço territorial e cerca de 125 mil habitantes da região poderão receber a nacionalidade venezuelana.

Essequibo, atualmente administrado pela Guiana, tem uma área de 160 mil quilômetros quadrados, o que representa 70% do território atual do país. Na região, estão reservas de petróleo estimadas em 11 bilhões de barris.

Por um lado, a Guiana, da qual a região de Essequibo faz parte, considera a consulta popular uma ameaça à sua integridade territorial e buscou intervenção internacional. Já a Venezuela critica a ação, alegando interferência em seus assuntos internos.

Com as maiores reservas de petróleo per capita do mundo, a Guiana lançou em dezembro de 2022 a primeira rodada de licitações para explorar 11 campos de petrolíferos em águas rasas e outros três em águas profundas e ultraprofundas. Caracas, por sua vez, rejeitou as licitações, classificando-as como “ilegais” por envolverem “áreas marítimas pendentes de delimitação”.

A tensão aumentou com movimentações militares da Venezuela na fronteira, levando atores internacionais a entrarem em cena: os Estados Unidos ameaçaram impor novas sanções ao governo de Nicolás Maduro, e o Brasil, como país vizinho e parceiro, demonstra grande preocupação com uma escalada no conflito.

Na semana passada, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, viajou a Caracas para tratar do tema com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. A equipe de Amorim recebeu vídeos da campanha que preocupam o Palácio do Planalto. Lula também conversou, por videoconferência, com o presidente da Guiana, Irfaan Ali. Foi um contato classificado como “urgente” e marcado de última hora para tratar da crise.

Ali pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o governo brasileiro dissesse a Maduro de sua intenção de avançar sobre o território do país. O pedido, somado ao tom da campanha sobre o referendo, que conta com o apoio de amplos setores da oposição venezuelana, aumentou a preocupação entre as autoridades brasileiras e no Itamaraty.

“Será um voto de união nacional, cada voto será um voto pela paz da Venezuela”,

disse, na semana passada, o presidente venezuelano.

Nas redes sociais, Maduro também vem fazendo uma campanha com tons nacionalistas sobre a consulta.

O Brasil, por sua vez, tem reforçado a defesa pela solução pacífica e solução negociada e negocia uma reunião bilateral com Ali durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), que está sendo realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A ideia do Palácio do Planalto é que o presidente brasileiro possa fazer um trabalho de mediação com o guianense. O temor do Itamaraty é que a situação escape do controle: o governo de Maduro já defendeu publicamente a invasão do território em disputa há mais de 100 anos, quando a Guiana ainda era colônia britânica.

Sobre a realização da consulta, no entanto, o ministério diz considerar um assunto interno da Venezuela.

*Com informações do O Globo

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