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Eleição Presidencial

Na Turquia, Erdogan e Kilicdaroglu disputam segundo turno este domingo

Religião e política externa podem ditar resultado eleitoral

Bancada de mesário mostra cédula de votação para o segundo turno na Turquia. Foto: Hannah McKay/REUTERS

Após um primeiro turno acirrado, a população da Turquia volta às urnas neste domingo (28) para decidir se concederá mais cinco no poder ao atual presidente, Recep Tayyip Erdogan. O líder do país e o rival receberam, respectivamente, 49,5% e 45% dos votos no primeiro turno, diferença que deve se manter a mesma, segundo projeções. Ou se, após 20 anos sem alternância, passará o comando do país para o líder do Partido Republicano (CHP, na sigla em turco), Kemal Kiliçdaroglu.

Na primeira volta, há duas semanas, a maioria dos eleitores mostrou-se “fiel” ao conservador islâmico do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), que obteve desempenho eleitoral melhor do que o esperado. Erdogan terminou a disputa em primeiro, com 49,5% dos votos. Seu adversário, que conta com o apoio de uma coalizão de seis partidos, da direita nacional à centro-esquerda liberal, ficou em segundo, com 44,9%. Apesar da vantagem, nada está decidido no pleito turco.

No ano em que a nação comemora cem anos de República, o pleito acontece em uma sociedade dividida e seu resultado promete impactar a vida na Turquia e no resto do mundo. Mas, acima de tudo, a votação coloca em xeque a imagem de Erdogan, que está há duas décadas no poder e é acusado de autoritarismo.

Por um lado, a crise econômica e a inflação fora de controle no país pesam contra o atual presidente. Erdogan enfrenta a desvalorização da moeda local (lira turca) e uma inflação acima da casa dos 80%. A Turquia também segue sob as consequências do terremoto, em fevereiro, que matou mais de 50 mil pessoas e acentuou o desgaste da imagem do presidente. O governo foi acusado de ter liberado edifícios com projetos que não previam resistência a abalos sísmicos, constantes no país.

Peso da religião

No entanto, a agenda conservadora vinculada à identidade política da maioria da população dá vantagem à reeleição do atual presidente. No poder desde 2003, Erdogan governa um país dividido e de maioria muçulmana. Analistas afirmam que a população deposita seu voto tendo como prioridades a religião e a identidade nacional turca. A avaliação é que o líder conservador marcou um processo no país que fundiu o nacionalismo e o Islã para combater o marxismo e minorias, consideradas uma “ameaça à segurança”.

Kiliçdaroglu, por sua vez, embora tenha reunido forte oposição com diferentes forças políticas, também é rejeitado por ser membro da minoria étnica muçulmana Alevi. Contudo, ele conta com o apoio do partido pró-curso HDP, considerada a terceira maior força política da Turquia, que representa 10% da população local. O voto curdo também vem sendo considerado relevante para decidir a disputa neste domingo e deve beneficiar o adversário de Erdogan, apesar de sua mudança de discurso contra imigrantes, adotado neste segundo turno.

Política externa

Questões de políticas externa também estão em jogo. O atual mandatário turco também é conhecido pela aliança com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Ele não aderiu às sanções contra Putin, por causa da guerra na Ucrânia. Mas, se Kiliçdaroglu sair vitorioso, o cenário deve mudar. O líder da CHP já afirmou que tem interesse em fortalecer os laços da Turquia com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e que defenderá uma vaga na União Europeia.

Essa eleição presidencial vem sendo considerada a mais importante dos últimos 100 anos. Dos 85 milhões de habitantes, 64 milhões estão aptos a votar. Ainda no primeiro turno, o comparecimento na urna bateu recorde e chegou a 88,8% de participação.

*Com informações do Jornal O Globo

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