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Eleições 2022

Lula recebe mais votos no interior do AM e Bolsonaro tem favoritismo em Manaus

Enquanto Lula conseguiu grande maioria dos votos nos municípios do interior, Bolsonaro ganhou amplo apoio do eleitorado da capital amazonense

Foto: Divulgação

Manaus (AM) – A disputa pela Presidência da República entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual chefe do executivo Jair Bolsonaro (PL) foi acirrada no Amazonas. Enquanto Lula conseguiu grande maioria dos votos nos municípios do interior, Bolsonaro ganhou amplo apoio do eleitorado da capital amazonense.

Lula assegurou liderança no Amazonas com 1.019.684 (49,85%) dos votos válidos no primeiro turno das eleições, segundo os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apenas com sete pontos de diferença, logo atrás, Bolsonaro recebeu 880.198 (42,8% ) dos votos.

No início das apurações do primeiro turno, realizadas no último domingo (2), Bolsonaro disparou como o mais votado pelo eleitorado amazonense. No entanto, o quadro começou a inverter quando houve a contabilização dos votos no interior.

O resultado das apurações evidenciou o favoritismo de Bolsonaro em Manaus, assim como a preferência de grande parte do interior por Lula. O atual presidente registrou, na capital, 622.846 (53,55%) votos, em relação ao petista, que obteve 430.562 (37,02%) votos. Já no interior, Lula venceu em 58 dos 62 municípios.

A maior vantagem do ex-presidente foi no município de Barreirinha, a 330 quilômetros de Manaus, onde conseguiu 14.691 votos (89,19%), ante Bolsonaro com 1.207 votos (7,33%).

Bolsonaro garantiu mais votos apenas em três municípios do Amazonas. São eles: Apuí, Boca do Acre e Guajará. Dos 10 municípios com o maior número de eleitores, Lula venceu em nove, como Manacapuru, Itacoatiara, Maués, Iranduba, Parintins, Coari, Autazes, Tefé e Tabatinga.

Diferenças na capital e no interior

Há diversos fatores que explicam a forte adesão ao fenômeno chamado “bolsonarismo” pela maioria dos eleitores de Manaus. O cientista político Carlos Santiago cita a expansão de influência das igrejas evangélicas, as visitas de Bolsonaro a Manaus, e o apoio do atual governador do Amazonas e do ex-superintendente da Suframa e candidato ao Senado Coronel Menezes (PL).

“Há uma presença muito forte do bolsonarismo na cidade de Manaus. Há alguns fatores que podem explicar esse fenômeno. Entre eles está o número sempre crescente de evangélicos e igrejas evangélicas, envolvidas com seus membros, com a candidatura de Jair Bolsonaro. Ademais, Governador do Estado, o ex-superintendente da Suframa, e uma presença constante de Bolsonaro na cidade de Manaus reforçar, ainda mais o bolsonarismo na cidade”,

explicou.

O cientistapolítico Helso Ribeiro também avalia a existência de um denso apoio ao Bolsonaro na capital do Amazonas. Porém, chama a atenção para a mudança de configuração nos bairros mais afastados, os quais dão mais apoio ao ex-presidente.

“Aqui em Manaus, há uma tendência mais pró-Bolsonaro, isso nos bairros de centro, centro-sul. Quando você vai para bairros mais afastados, você vê mais pessoas apoiando o Lula”, afirmou.

Já no interior, o especialista Carlos Santiago compreende o favoritismo de Lula em razão da associação que a população tem da gestão do ex-presidente com políticas públicas efetivas que contemplavam a população mais humilde.

“Por isso, lula é bastante aplaudido e reconhecido no interior do Amazonas. Agora, as duas campanhas de Bolsonaro e de Lula vão tentar ampliar seus votos. Bolsonaro buscará conquistar mais votos no interior e Lula vai se organizar para que tenha muito mais votos do que teve no primeiro turno na cidade da Manaus”, observou Carlos Santiago.

Helso Ribeiro também nota que permaneceu na memória da população dos municípios do Amazonas programas sociais do governo Lula como ‘Luz Para Todos’ e o ‘Bolsa Família’, e percebe a repetição do cenário de votação das eleições de 2018, quando Haddad venceu em 59 municípios, e Bolsonaro em três municípios.

O cientista político destacou que a preferência dos municípios de Apuí e Guajará pelo presidente acontece pela influência da forte presença de grileiros na região, os quais dão grande apoio a Bolsonaro. No entanto, enfatiza a possibilidade de mudanças até o segundo turno das eleições.

Em relação ao município de Boca do Acre, a 1560 quilômetros de Manaus, Helso Ribeiro entende que, por ser próximo do estado do Acre, acabou sofrendo interferência do forte apelo Bolsonarista na região.

“Eu penso que Boca do Acre pode ter ocorrido o que ocorreu no estado do Acre, onde o Cameli [governador do Acre] deu um show de bola lá e te trouxe com ele o Bolsonaro. Então pode ter ocorrido isso também”, destacou.

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