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Procedimento

Armas furtadas em quartel foram oferecidas à facção criminosa

Militares já receberam os formulários de apuração de transgressão para sua defesa

Reprodução: Antonio Cruz/Agência Brasil

O Exército brasileiro informou na última sexta-feira (13) sobre o furto de 21 metralhadoras de grosso calibre de dentro da sua base militar em Barueri, estado de São Paulo. A corporação afirmou que, durante inspeção realizada em 10 de outubro, no seu Arsenal de Guerra, os militares notaram o sumiço de 13 metralhadoras calibre. 50, conhecidas por terem poder de fogo e alcance para derrubar até aeronaves e de outras 8 metralhadoras de calibre 7.62.

Segundo investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro, parte dessas armas foram oferecidas à maior facção criminosa do estado. O preço: R$ 180 mil cada uma. Para efeitos comparativos, segundo o Instituto Sou da Paz, entidade sem fins lucrativos que faz estudos sobre armas e segurança pública, entre janeiro de 2015 a março de 2020, 27 armas do Exército foram roubadas, furtadas ou desviadas no Brasil.

“O último grande desvio do Exército havia sido o de 7 fuzis 762 desviado de um batalhão de Caçapava em 2009, também em São Paulo. Felizmente, daquela vez, todas as armas foram recuperadas. O desvio de agora é muito mais grave, não só pela quantidade de armas levadas de uma vez, mas pela potência”,

disse ao g1 Bruno Langeani, gerente da área de sistema de Justiça e Segurança do Sou da Paz.

Suspeitos

As autoridades militares já identificaram os militares suspeitos de facilitar o desaparecimento de 21 metralhadoras do quartel militar em Barueri (SP). Caso também é alvo de um Inquérito Policial Militar e está sendo acompanhado pela Polícia Federal.

Conforme apurado, as investigações militares estão reduzindo progressivamente o número de pessoas que podem estar ligadas ao desaparecimento das armas. Todos os militares que tinham responsabilidades de fiscalização ou controle serão responsabilizados e sujeitos a sanções disciplinares.

O Exército espera que esse processo ocorra em um futuro próximo. Os envolvidos podem ser punidos por omissão, no caso de terem deixado de conferir o armamento; ou por facilitação, caso tenham liberado a entrada de pessoas não autorizadas em áreas restritas.

De acordo com o Comando Militar do Sudeste, o Arsenal de Guerra está revendo os processos e apurando responsabilidade. Um procedimento administrativo não vincula diretamente o militar ao crime. Porém, o resultado dessa apuração pode subsidiar o inquérito criminal.

Transgressão Militar

Nesta última quarta-feira (19), militares que tinham a função de fiscalizar e controlar o acesso a armas receberam um Formulário de Apuração de Transgressão Militar para explicar a atuação no processo. Eles têm o prazo de três dias para responderem. Após isso, o Exército tem mais oito dias para concluir a apuração.

De acordo com o chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Sudeste, general de brigada Maurício Vieira Gama, ainda não há confirmação de suspeitos na área criminal.

“A investigação tem levantado indícios e assim que confirmados serão divulgados de imediato. Paralela à investigação, estão sendo levantados erros de procedimentos, que serão responsabilizadas na esfera disciplinar e administrativa”, disse. “É nossa prioridade absoluta esclarecer esse caso”, disse o general Maurício.

Desde a semana passada, o Exército está apurando o desaparecimento de 21 metralhadoras do arsenal de guerra. A ausência do armamento foi de 13 metralhadoras calibre .50 e oito calibres 7,62 mm. “A investigação do caso segue em curso e está sob sigilo”, disse em nota o CMSE.

O Exército informou na última terça-feira (17) que o Comando Militar do Sudeste passou do estado de prontidão para sobreaviso. Com isso, o número de militares “aquartelados” diminuiu para 160, cerca de um terço do efetivo. O termo “aquartelado” significa que os integrantes ficam retidos no quartel, mas não necessariamente presos, e não podem sair até que sejam liberados.

*Com informações da CNN Brasil

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