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Vídeo: Deslizamento de terra atinge Arquipélago de Anavilhanas

Especialista afirma que estiagem extrema pode ter contribuído para o fenômeno de Terras Caídas

Conhecido por suas belezas naturais, o Parque Nacional Anavilhanas, localizado no município de Novo Airão, ganhou um novo componente em seu cenário ambiental. O fenômeno de Terras Caídas, mais conhecido como deslizamento de terras, fez com que, aproximadamente 700 metros de barranco derrubassem árvores, tapando parte do canal da localidade, de acordo com os moradores.

O professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Rogério Marinho, explica o que é este fenômeno.

“Terras Caídas é um processo erosivo natural que ocorre nas margens dos rios amazônicos, principalmente nos rios de água branca, como o Solimões, Amazonas, Madeira, Purus, Juruá. Refere-se a um processo geomorfológico no qual o terreno inclinado se move devido a vários fatores, como a força do rio, chuvas intensas, movimentos sísmicos e outros. Esse movimento de solo é caracterizado por deslizamentos, desabamentos e escorregamentos que podem causar danos significativos ao ambiente e à comunidade local”,

disse o especialista do Departamento de Geografia.

Moradora da Comunidade do Jaraqui, Antônia Mariane, relatou ao EM TEMPO, a surpresa da população que reside no local, ao se deparar com o deslizamento de terra no Anavilhanas.

“Moro bem em frente à comunidade, já tem mais de uma semana, acho que duas, onde dois pedaços do Anavilhanas desabaram, igual o daquela comunidade que foi engolida – em Beururi –. Desceu cerca de 7 metros a altura do barranco, está bem inexplicável”,

contou Mariane.

A seca que atinge o Estado do Amazonas ajudou a mudar a paisagem local. Com o nível do rio cada vez mais baixo, navegar na região tornou-se um desafio.

“Eu tenho 41 anos, nasci e me criei na comunidade. Eu nunca vi na minha vida o Anavilhanas secar, fechar. Minha vida toda eu vi barco passar, dessa vez está tão seco, que fechou uma parte do Anavilhanas, não dá para passar barco”,

salientou a moradora.

A estiagem extrema pode ter contribuído para as Terras Caídas, apesar de ser incomum para a região, como aponta Rogério Marinho.

“É importante notar que a região amazônica é suscetível a fortes chuvas e secas extremas, em áreas desmatadas, ou onde a vegetação natural foi removida, o risco de deslizamentos de terra pode aumentar. Geralmente ocorre durante a descida dos rios. O evento é mais comum em rios de águas brancas, não é tão comum nas margens do Rio Negro, muito menos comum dentro das ilhas do Arquipélago de Anavilhanas”,

ressaltou o professor.

O deslizamento de terra não afeta a Comunidade do Jaraqui, já que ela está localizada em uma margem contrária ao Anavilhanas. Mesmo assim, é preciso ter cautela ao analisar os impactos ocasionados pelo fenômeno.

“Os impactos ambientais causados pelo fenômeno de Terras Caídas são significativos e incluem a perda de solos, perda de biodiversidade, erosão de ilhas, assoreamento de rios e impactos negativos sobre o ecossistema aquático. Além disso, o evento pode representar uma ameaça direta às comunidades ribeirinhas que habitam áreas suscetíveis, como observados recentemente em Beruri. Esses acontecimentos também podem resultar na destruição de infraestrutura e o fornecimento de serviços essenciais para as populações locais”,

pontuo o professor Rogério.

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A equipe do Em Tempo entrou em contato com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que atua no arquipélago, mas até o momento, não tivemos retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

Deslizamentos de terra no Amazonas

O fenômeno das “terras caídas” tem se tornado recorrente nos municípios do Amazonas neste período de seca. No último dia 16, um deslizamento de terra provocou pânico entre os moradores no município de Manicoré. A queda de terra foi registrado em parte do porto de Manicoré, afetado ainda uma rua na orla da cidade.

Por conta do risco, a Defesa Civil Municipal, com o apoio do Corpo de Bombeiros, retiraram famílias das áreas que podem ter novos deslizamentos. Essas famílias foram encaminhadas para uma escola no município.

No dia 11 de outubro, houve queda da parte de um barranco, em Manacapuru, no porto conhecido como Terra Preta. Um homem, numa embarcação, se jogou no rio por conta do deslizamento, mas se afogou e o cadáver da vítima foi encontrado um dia depois.

Já no dia 30 de setembro, um deslizamento de barranco de terra na margem do rio Purus, na comunidade do Arumã, no município de Beruri, resultou na morte de uma pessoa e deixou desaparecidos.

O último caso registrado aconteceu na última segunda-feira (23), onde quatro casas foram arrastadas por um deslizamento de terra na comunidade São Francisco Xavier, no lago das Piranhas, em Barreirinha. Segundo testemunhas, algumas famílias estavam dentro de suas casas quando o barranco começou a ceder, mas todos conseguiram sair a tempo, antes do deslizamento de terra. Não houve vítimas fatais, apenas danos materiais.

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