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Balsas e dragas de garimpo nunca saíram do rio Madeira, diz moradora de Manicoré

Uma fonte relatou à reportagem que as balsas nunca saíram da região. A PF negou conhecimento de denúncias

Atividades retornam no rio Madeiro. Foto: Bruno Kelly/Greenpeace

Manaus (AM) – Balsas e dragas voltaram a navegar pelo rio Madeira em decorrência do garimpo ilegal. Ao Em Tempo, o Conselho Nacional das Populações Extrativistas informou, nesta segunda-feira (12) que garimpeiros voltaram à ativa mesmo após a Polícia Federal, em novembro do ano passado, destruir 131 balsas em operação conjunta com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).

Uma fonte que preferiu não se identificar, por já ter sido ameaçada de morte por garimpeiros, informou à reportagem que em Manicoré (distante a 342 quilômetros de Manaus) as cerca de 100 balsas nunca foram embora. Segundo a fonte, garimpeiros se esconderam juntamente com seus maquinários na mata, e em igarapés próximos, durante a operação da PF e agora estão na ativa novamente.

“Quando houve a operação, muitos garimpeiros tiraram todos os maquinários com medo de perder e deixaram só as balsas, que foram queimadas pela PF, esconderam esses maquinários e foram para a cidade [Manicoré] e para Manaus. E depois que passou a ação, eles voltaram e agora já está do mesmo jeito”,

relata.

Ainda de acordo com a fonte, não se sabe se há uma equipe da Polícia Federal para fazer fiscalização na região. Ademais, a região do rio Madeira nas proximidades de Manicoré e Borba possui uma unidade de conservação ambiental – inclusive, com tabuleiros de quelônios – e, segundo a ativista, as autoridades estaduais e municipais fazem vista grossa para o garimpo ilegal.

“Aqui é terra sem lei, pois a gente denuncia e nada acontece. A população denuncia para a Secretaria de Meio Ambiente (Sema), nas secretarias do município e eles não fazem fiscalização quanto ao garimpo”, completou.

PF nega denúncias

O sentimento de insegurança é o que faz com que ativistas ambientais denunciem o crime ilegal nas regiões e cobrem fiscalizações dos órgãos públicos.

Procurada pela reportagem, a Polícia Federal do Amazonas (PF-AM) informou que, até o momento, não recebeu nenhuma denúncia sobre a chegada de balsas e dragas na região do rio Madeira e que, além disso, qualquer informação que seja importante para ser exposta à população será enviada em nota à imprensa.

Já a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas (SSP-AM) informou por meio de nota que está à disposição dos órgãos federais para a realização de fiscalizações, porém, não afirmou e nem negou que as balsas estejam nas regiões do rio Madeira para o garimpo ilegal.

Leia a nota na íntegra:

“A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP) e o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) informam que estão à disposição dos órgãos federais para a realização de ações conjuntas na localidade, uma vez que a fiscalização na região é de responsabilidade da União. Ainda assim, a SSP-AM já vem desenvolvendo operações nas calhas dos rios do estado do Amazonas por meio da Operação Fronteira Mais Segura/Hórus, em parceria com Governo Federal e prefeituras municipais, realiza monitoramento constante de controle, fiscalização e defesa na área. O mesmo é feito pelo Ipaam, a fim de desenvolver ações integradas, considerando a divisão de competência entre os poderes executivos”.

O assessor do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Clodoaldo Pontes, afirmou que o governo federal é passivo e faz pouco caso da invasão das balsas nos rios onde vivem as comunidades, bem como o governo do Estado do Amazonas, que também não toma nenhuma medida para inibir a invasão dos garimpeiros nos rios dos Amazonas.  

“A falta de ação do governo do Estado do Amazonas é um descaso com a biodiversidade, com o modo e a cultura de vida das populações tradicionais extrativistas, que vivem da sociobiodiversidade nos territórios protegidos do Estado”, disse Pontes.

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