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eleições 2022

Governo dos EUA planeja enviar assessor para defender transição em caso de vitória de Lula

A escalada de declarações de teor golpista do governo Bolsonaro tem gerado apreensão em Washington

Presidente dos EUA, Joe Biden, acena ao deixar avião presidencial em Maryland, nos EUA Foto: Reuters

O governo dos Estados Unidos planeja organizar a visita ao Brasil de um alto funcionário da Casa Branca para defender diante de autoridades brasileiras a realização de uma transição dentro da normalidade em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL).

A administração Joe Biden chegou a programar a viagem ao país, na semana logo após a realização do segundo turno, do conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan.

A agenda, no entanto, foi cancelada e deve ser remarcada caso Lula saia vitorioso neste domingo (30). Segundo uma pessoa com conhecimento dos preparativos, que falou sob condição de anonimato, o objetivo dos americanos é destacar com autoridades do governo Bolsonaro a confiança da Casa Branca numa transição de poder dentro da normalidade.

Se for confirmada, a viagem de Sullivan ao Brasil será a segunda do assessor ao país. Em agosto do ano passado, ele liderou uma comitiva a Brasília para tratar de temas de segurança, cooperação militar e sobre o sistema eleitoral brasileiro. Em reunião com Bolsonaro à época, transmitiu a mensagem de que o governo Biden via as instituições brasileiras com a capacidade de conduzir eleições livres e justas —o presidente já liderava uma cruzada contra as urnas e o sistema de votação, lançando acusações infundadas de fraude.

A escalada de declarações de teor golpista desde então tem gerado apreensão em Washington. Os americanos avaliam que o líder brasileiro adota um receituário trumpista, preparando-se para questionar os resultados em caso de derrota. Nos EUA, o então presidente Donald Trump não aceitou a vitória de Biden em 2020 e, em janeiro de 2021, insuflou apoiadores que mais tarde invadiram o Congresso numa tentativa de impedir a certificação do pleito.

Outra preocupação dos democratas é que um movimento de questionamento das urnas possa gerar um processo caótico de transição, nos moldes do que a própria equipe de Biden enfrentou. Sem reconhecer a derrota, o adversário republicano só autorizou o início formal do processo de transição 16 dias após o resultado do pleito.

*Folha de São Paulo

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